Casos práticos exemplificativos da referida orientação:
- Os governantes e dirigentes do MPLA pronunciam-se publicamente acerca de propósitos do Governo de fazer com que as eleições sejam “exemplares” em termos de transparência.
- A Assembleia Nacional rejeitou, com os votos da própria bancada do MPLA, uma proposta no sentido do alargamento para dois dias do período de votação (a proposta era considerada indício de intenções obscuras do regime em matéria de desfiguração do resultado real da votação).

- O recém-criado Tribunal Constitucional (TC), num dos seus primeiro actos, reconheceu a legitimidade de lideranças de partidos como a FNLA e PRS, que vinham sendo alvo de processos de contestação interna – no  senso comum associados a “manobras” do MPLA (a criação do TC e sua implantação, esta efectuada com uma celeridade inusual,  também se terá destinado a reforçar um clima de legalidade considerado propício face à eleição de Setembro próximo).

- O Governo atribuiu uma verba de cerca de USD 17 milhões, para os partidos regularmente admitidos pelo TC financiarem as suas campanhas eleitorais.
- Prevê-se que, por decisão política, a proposta da Anacom tendo em vista suspender a emissão da Rádio Despertar, da UNITA, venha a ser anulada ou protelada, como gesto revelador de boa vontade política.


2 . O esforço do MPLA e do regime na disseminação da ideia de que existe no país um clima democrático suficientemente robusto para garantir a realização de eleições livres e justas – transparentes – obedece, conforme análises competentes sobre o assunto, à seguinte lógica:
- Para projecção externa; o objectivo é estimular/condicionar gestos susceptíveis de atestar a boa qualidade das eleições, em especial na fase final do processo; por antecipação “desertificar” eventuais acusações futuras de irregularidades. 

- Esvaziar ou desviar atenções que podem estar a concentrar-se em condutas   de amedrontamento e/ou de aliciamento material do eleitorado por parte do MPLA.
- Dividir ou confundir a própria oposição com base no critério de favorecer uns partidos em detrimento de outros (a incómoda liderança de Carlos Leitão, do Padepa,  não foi reconhecida pelo TC, que preferiu Silva Cardoso).
Nas suas práticas de sedução e aliciamento o MPLA está a empregar meios que as estimativas descrevem como consideráveis – em dinheiro e em espécie. As companhias de navegação (linhas regulares ou ocasionais) não dispõe de capacidade de transporte de carga para Angola nos próximos três meses, esgotada com encomendas para a campanha.

Fonte Africa Monitor