Embora possa ter alguma razão formal quanto aos termos usados no documento, bem como à sua apresentação gráfica, José Gama esquece (penso que involuntariamente) que todas essas portas de fuga podem ser, e creio que o foram, milimetricamente estudadas pelos autores (SINFO) do documento.

Todos os cenários, até mesmo o de que o documento poderia ser divulgado publicamente, foram, como são sempre, estudados ao pormenor. Os especialistas deste como de qualquer outro SINFO, não brincam em serviço e planeiam todos os cenários possíveis, tendo para todos eles uma saída alternativa.

E foi uma dessas saídas que, como era esperado, o José Gama descobriu e que, ao ser divulgada, afasta os leitores do essencial do problema (a decapitação de elementos da Oposição ao regime totalitário do MPLA/Eduardo dos Santos), ofuscando-os com questões formais que, embora verdadeiras, são pontos de fuga para os autores.

A perspicácia do José Gama não significa, penso, uma passagem para a outra margem, numa louvável tentativa de alertar os leitores para que não comam gato por lebre. O mal está, e não é pouco, no facto de esse alerta permitir aos vendedores dos gatos folgar as costas e aparecerem um dia destes a vender cão por lebre.

Assim, o importante é evitar que esses vendedores exerçam essa delituosa actividade já que, como todos sabemos, tentarão sempre vender cão, gato, mabeco etc. por kandimba.

* Orlando Castro
Fonte: NL