Benguela - As vezes quando estou diante do meu computador, um enxame de palavra concentra-se em mim, faz greve para que eu não o abandone como afirmou Platão “Quando a mente está pensando, está falando consigo mesma.”


Fonte: Club-k.net


O Estatuto de Roma do Tribunal Penal internacional no artigo 6º define o genocídio como qualquer acto praticado com intenção de destruir, no todo ou em parte de um grupo nacional étnico, rácico ou religioso” as suas alíneas explicam os elementos. A história mais marcante (p´ra mim), aconteceu em Abril de 1994 no Ruanda, duas grandes etnias hutus e Tutsis. Este último dominava o País em todas as vertentes o que criou ciúme e resultou na tragédia e na morte de mais de 500 mil pessoas. O território ruandês ficou sangrentíssimo, verdadeira carnificina!


A minha preocupação e passeio pela escrita passam um dia em termos um “genocídio atípico” (interpretação meramente subjectiva). Eis as motivações …


Já ouvi vários comentários sobre a interpretação do artigo 53º que diz “Todo o cidadão tem o direito de acesso, em condições de igualdade e liberdade, aos cargos públicos, nos termos da Constituição e da lei. “Defendiam dois critérios a confiança e a competência norteiam as nomeações de qualquer sujeito á determinados cargos públicos, como ministro, secretário de estado…Até aí nada de anormal. Parece-me que a prática mostra-nos o contrário”desde ao top aos cargos banais” o critério exclusivo é a militância no Mpla, quem desconhece? Depois dizem que há falta de quadros no País ou afinal no “M”? “Assisto”a moda das mudanças no executivo, com teor “ouvido o partido “se já são poucos os quadros, ainda brinca-se assim?

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As datas e os eventos nacionais são coroados com presenças uno partidária e discursos parciais. Li na declaração do Mpla sobre os 35 de Independência que diz” O que nos une, como angolanos e patriotas é, e será sempre, mais forte do que qualquer diferença que nos pretenda dividir, continuando a cultivar uma atitude positiva, construtiva, firme e de certeza na vitória.” Na prática não é assim que acontece raramente ou quase não vejo figuras da oposição ou individualidades que não rezam “o pão-nosso” ao lado do Presidente ou dos seus camaradas em “momentos nacionais” Porquê? É um bom exemplo? Se o que nos separa é inferior a Pátria? “Mplalização” de Angola é uma grave ameaça ao Estado Democrático e de Direito?

 

Li na edição356 do Semanário Angolense de 27 de Fevereiro 2010 com o título de capa 56% do poder executivo é kimbundu, distribuição étnica do executivo constava (consta) região Cabinda 3%, região crioulo 6%, região bakongo 6%, região cóckwe 6%, região umbumdu 22% e a região kimbundu 56% embora um pouco polémica a classificação serviu para tirar algumas ilações.


A questão da reconstrução do País agrada qualquer cidadão porém “as nossas obras”… Em 2003 entreguei a tesoura do corte da fita ao antigo ministro da Educação Burity da Silva para inauguração da Escola do Magistério Primário paralela a actual Escola de Formação de professores em Benguela. Para meu espanto hoje está parada e a cair aos pedaços porque foi construída no “depósito de água” e as chuvas deram (dão) o seu “Kuduro”. Como direi aos meus filhos e netos…que testemunhei e declamei um poema naquele “fralda descartável”? Assim acontece em muitas infrastuturas…Onde a elite faz as consultas e tratamento de saúde? Penso segundo a segundo que se existissem estradas especiais, eles não usariam as “nossas”?

 

O crescimento económico é sem dúvidas uma mais-valia para o País embora tarda o desenvolvimento. Em muitos casos são escassas as diferenças de capacidade económica entre um funcionário ou trabalhador e quem não “faz nada”. Ainda lhe “ajuda” com comida ou dinheiro.

 

A falta de autenticidade é uma doença, falsear e usar a máscara “diz-se o que não se pensa”e faz-se o que não se querer”. Muitos críticos radicais outros moderados e aqueles que nunca observam o mal. Confundem liberdade de expressão com ataques pessoais e bajulação. Estes últimos Lembram-me uma cena narrada por um mais velho, quando tu és soba de uma aldeia ao aproximar-se do Jango assobia para despertar os presentes pois se vieres no silêncio podes encontrar as pessoas a maldizerem-te.

 

 A multidão pergunta-me se recebo ameaças de “especialistas” por pensar diferente (falando ou escrevendo) como se existisse um programa para “apagar” vozes da liberdade. Existe?

 

A poucas horas conversava com um amigo, sobre o verdadeiro rumo do País, perguntava-me ele. “Angola é canteiro de obras”? Os quadros angolanos? Os estádios e pavilhões? Nunca se pensa o amanhã? Qual é o nosso forte? O nosso projecto de nação? Já não temos líderes carismáticos, os que tentam aparecer são comprados? As leis são aprovadas e nada. Quem se lembra do novo código de estrada? Diz o provérbio “quem semeia normas não colhe justiça.”

 

A exclusão que granjeia a sociedade angolana e a inclusão partidária preocupam-me, ainda quando ouço em pleno estado de multipartidário que o “Mpla é o povo e o povo é o Mpla.” E a maioria da oposição perdida, pensando ser sonâmbula em fase de eleições. Tenho a sensação que existe um plano (espero estar enganado) de abafar…

 

O “genocídio” que me propus abordar, não é o sangrento ou morte contudo as maleficências que um dia poderá causar o fenómeno “Mplalização” do território angolano. Parece que todos devem comungar as ideias do partido, que ninguém opina a contrario, sob pena de perder tudo. Meu povo pense …

Domingos Chipilica Eduardo em Benguela