Lisboa - Quando era mais novo, costumava dizer que queria “ser um grande político”. Seu pai, Jorge Van-Dunem, um renomado enfermeiro de profissão, não fazia gosto de ve-lo na política devido ao antecedente de ter perdido um filho, Jorginho. Antonio José Mendes Pereira Campos Van-Dunem “Toninho” teve sorte diferente, ingressou no circulo presidencial como técnico para num espaço de oito anos ser elevado ao cargo de Secretario de Conselho de Ministro (SCM).
Fonte: Club-k.net
Reparte o seu tempo em competições de pesca
Estudou contabilidade no então Instituto Karl Marx “Makarenko”. Fazia parte de um grupo de amigos que na sua maioria viriam a licenciar-se em engenharia. Apenas dois deles, o próprio “Toninho” e um outro Rui Mangueira que viriam estudar direito. “Toninho” Van-dunem era um brilhante estudante que fora catapultado para ser monitor da cadeira de direito das obrigações. Cruzou com Dino “Matross” que para além da licenciatura em engenharia na Romênia decidiu também fazer o curso de direito na Universidade Agostinho Neto. Matross, por sua vez reconheceu-lhe habilidades que viriam mais tarde a ser aproveitadas.
A “Toninho” é reconhecido também o espírito de ajudar “os seus”. Quando começou a notabilizar-se como membro do circulo presidencial recuperou os seus antigos amigos do “Makarenko” promovendo-os para cargos de chefias em empresas publicas em Angola. Um dos seus amigos que estava a dar aulas de engenharia em Portugal e que o mesmo convidou para regressar a Angola é Lucrecio Costa, que acabaria por ser colocado como PCA da EPAL. Um outro amigo, Rui Gourgel também formado em engenharia foi posto na EDEL também como PCA. Outro identificado por Dinho "Combustão" viria ser lançado como empresário, apos terem passado por um período de mau estar.
Consta que na casa dos 16 anos, “Toninho” e o seu grupo de amigos foram a casa de Dinho “Combustão” que neste dia festejava a data do seu aniversario. O facto de serem amigos , o grupo de Toninho entendeu que dispensavam convite do amigo. Logo no inicio da festa, o aniversariante foi ao microfone e pediu a todos que não tinham convite para se retirassem da festa. Face a humilhação, “Toninho” desligou-se do amigo “Combustão”. Ambos viriam se reconciliar na altura do óbito do pai de Toninho. Dinho “Combustão” decidiu ir apresentar-lhe os sentimentos de pesar e “Toninho” tomou o gesto como um pedido de desculpas acabando por fazer de Dinho um empresário de sucesso.
A ascensão de Antonio Campos Van-Dunem no gabinete presidencial verificou se em 1988 quando começou a trabalhar como técnico da assessoria jurídica da Presidência da Republica. Teria antes tentado emprego no Ministério das relações exterior ao qual foi lhe negado pela ausência de cartão do partido. Após as primeiras eleições gerais em Angola, passou ele a ser o Assessor jurídico do Presidente da Republica. Três anos depois foi elevado ao cargo de Secretario do Conselho de Ministro (SCM) em substituição de Carlos Maria Feijó. Como SCM teve acesso a comissões que recebia de iniciativas de investimentos em troca do acelerar do processo de aprovação que por ele passava antes de chegar ao chefe do governo. Tornou-se num SCM, poderoso e os ministros tinham medo de si. Era “Toninho” que exercia influencia junto ao PR para nomear este ou aquele governante. Teve clivagens com Manuel Vicente quando este era ainda DG adjunto da petrolífera. Quando o PR decidiu nomear o então PCA da Sonangol, Joaquim David para o cargo de Ministro das finanças, “Toninho” Van-Dunem teria sugerido ao PR que Manuel Vicente fosse para as obras publicas como Ministro. Naquela altura, o então SCM, aparentava fazer gosto de ver a Sonangol dirigida por um dos seus. Quando caiu em desgraça, JES colocou Manuel Vicente como integrante de uma comissão que investigava os seus desmandos.
No circulo presidencial, teve e tem boas relações com Adelino Peixoto (SG da PR), Leopoldino Nascimento (Chefe das comunicações) e “Kopelipa”, mas por outro lado começou a ser referenciado como maleável ao ambiente das intrigas políticas. Inimizou-se com o então chefe dos serviços de informação da PR, general Mario Cirilo de Sá “Ita”, na seqüência de dizeres desfavoráveis que lhe foram atribuídos. Incompatibilizou-se com o então Chefe dos Serviços de Inteligência externas, Garcia Miala, que encabeçou o seu desmantelamento no dossiê do empréstimo chinês (Anos depois o seu amigo general “Kopelipa” viria dar o troco a Fernando Miala). Numa reunião, aparentemente de acareação desentendeu-se com um outro membro influente do gabinete presidêncial, Carlos Feijó. Apareceu em casa com o dedo mindinho fracturado ao que coincidiu com rumores da ocorrência de um ambiente áspero com o seu colega, na presença de José Eduardo dos Santos. Ambos acabariam por ser demitidos das suas funções no palácio presidencial.
Rumou para Portugal, onde se juntou a esposa que na altura estava a fazer um mestrado em pediatria naquele país. Teria também se deslocado a Londres para estudar Inglês. Seis meses depois do seu afastamento foi chamado para efectuar viagens a Genebra, Hong Kong e a paraísos fiscais a fim de encerrar contas do Estado angolano que estavam ainda sob seu comando. Teria sido acompanhado por técnicos do SIE, para certificarem as operações. Estas movimentações teriam alimentado rumores de que “estava em Londres a cuidar dos negócios do PR no exterior”. Enquanto esteve no activo como alto funcionário da PR, Antonio Van-Dunem era a figura que controlava os activos do estado angolano no exterior.
Reparte o seu tempo cuidando dos seus negócios privados (é um dos sócios do Belas Shopping, BFA e etc). Não dispensa convite dos amigos para convívios ou festas familiares. Gosta de barcos e em algumas ocasiões retira-se para o Mussulo participando em competições de pesca.