Luanda -     Fomos todos  surpreendidos pelo menos a partir do passado Domingo dia 05 de Dezembro do  corrente, alguns como eu foi,  por via do  face book,  deparei com à informação segundo a qual o Prédio da Cuca, estava em vias de desabar, confesso que a primeira reacção foi de repulsa lembrei de repente pus-me  a pensar no seu autor o Arquitecto  Luís Taquelim da Silva, que era considerado como um Arquitecto do movimento moderno.


Fonte: Club-k.net


O largo do Kinaxixi, tem vindo a perder de forma quase que voraz, o simbolismo histórico que lhe era peculiar, numa altura em que se pensava que estávamos a ir ao encontro da nossa Historia, sobretudo com  edificação a estátua da rainha Nginga Mbandi cujo impacto dos seus feitos vão para além das nossas fronteiras asfalticas, aquela estátua custou aos cofres do Estado largas somas monetárias.

 

A edificação daquela estátua no lendário largo do Kinaxixi um dos maiores valores simbólicos e culturais da nossa história, pelo que foi meritória de largos aplausos, que paradoxalmente foi abruptamente brindados com a sua  retirada daquele local sem qualquer explicação, como se diz  sem darem “Cavaco a ninguém ”

 

Na sequência da descaracterização da baixa de Luanda, demoliram de forma voraz o mercado do Kinaxixi, uma obra erguida na sua época a contra gosto das autoridades coloniais, talvez pelo modernismo que a mesma emprestava, saída do punho genial daquele que quanto a mim foi o pai  da Arquitectura moderna Angolana, Vasco Vieira da Costa, que segundo o professor Fernando Mourão, uma autoridade no estudo da génese topográfica da Cidade de Luanda,  um dia teremos que  homenagear de forma condigna o Vasco Vieira da Costa.

 

 Ainda no largo do Kinaxixi, importa referir que teve inicio as escavações que ainda estão a ser feitas naquele espaço uma das primeiras consequências foi o colapso causado no edifício onde funcionava a primeira conservatória do situada no Kinaxixi,  implicando a transferência dos seus ocupantes.

 

Segundo relatos de uma moradora do edifício a mais de trinta e cinco anos, apesar do referido prédio estar em mau estado de conservação o grau de insegurança se agudizou quando começaram a fazer as obras naquele largo, foram notando que a estrada estava a ruir, havendo mesmo uma grande abertura no meio da estrada que tentaram remendar com cimento mais de nada valeu, dizem ainda os moradores que a cinco anos atrás, o prédio da Cuca teve uma inclinação de 17 centímetros. Importa dizer, que as negociações entre a comissão de moradores e os responsáveis do executivo que velam para estas questões, já vêm de algum tempo, e que os especialistas haviam vaticinado que o mesmo dentro de dois anos o edifício vai desabar, pelo que opção encontrada é a de se empolar o edifício, passará ser de feliz memoria, entrando para galeria já desaparecidos do equipamentos marcantes de Arquitectura de Angola.

Quais podem ser então as causas deste ambiente insegurança no Kinaxixi?

Atendendo a quantidade de água que está naquela zona, fragiliza a estrutura das fundações do edifício por um lado, por outro por não haver paredes de contenção de aterro, para protecção das estruturas adjacentes, as chamadas paredes diafragma.

Quando um edifício como o da Cuca e o da primeira conservatória começam a ruir, como nestas circunstancias a primeira desconfiança passa por verificar a exequibilidade da obra.

 

O facto de não se estudarem as plantas daqueles edifícios, não se conhecer as características das fundações em função do nível freático daquela zona de Luanda.

 

O executivo desta vez e numa perspectiva mais humanizada fruto em parte do grito d'ipirânga dos cidadãos, conseguiu fazer de forma mais consentânea repor a perda de habitação dos moradores do  prédio da Cuca, pelo que  devemos realmente reconhecer e dar o tiro de correcção neste aspecto, na medida em que a maioria dos 170 inquilinos do prédio da Cuca estão satisfeitos com os novos apartamentos, e até mesmo de forma irónica vão dizendo que é o melhor presente de natal que podiam ter, porque aqueles edifícios do Zango são de facto o menina dos olhos do executivo em termos de obras publicas, dai os apetites aguçados daqueles que tudo querem para si, esquecendo-se dos que mais precisam.

 

Em resumo gostávamos de apelar aos nosso muatas a levarem mais a sério as questões ligadas a construção, deve-se fazer estudos dos solos, de geofísica, de estrutura dentro outros, deve-se levar mais a sério o trabalho de fiscalização de obras, não percebemos porquê que o Laboratório de Engenharia de Angola, que quanto a nós é um paradoxo da lógica,até porque é o Estado que sustenta o LEA, mais é o próprio Estado que não reconhece o trabalho que Laboratório, e as suas obras são fiscalizadas por empresas estrangeiras, depois quando acontecem situações como estas solicitam  a cumplicidade do LEA, para legitimar a sua inépcia técnica que a ninguém convence. Por outro lado os esforços empreendidos nos movimentos de entrada e saída dos moradores, visitantes jornalistas e não só, naquele prédio foi mais intensivo naquela segunda feira que ajudou seguramente a fragilizar o já anquilosado edifício, mais acreditamos que um dia o executivo angolano terá seguramente que levar mais a sério os argumentos de razão dos técnicos, porque o país não pode andar improvisação em improvisação, até encontrar a bussula orientadora do Norte  cientifico.  
      

Cláudio Ramos Fortuna

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 Urbanista