Brasil - “É sobre o signo da dúvida”, assim começa um artigo, “Cirurgias a Laser no Executivo”, de opinião de uns dos Jornais, O País, com que conta o triste mercado da imprensa angolana. Dando mesmo a entender que a situação de Governança e Governabilidade em Angola ainda geram dúvidas ( ou só geram dúvidas), tal que nessa dúvida, como sempre, consiste em legitimar as atitudes de quem está no poder há mais de trinta anos cometendo as mesmas falhas e erros: as mesmas brutalidades!


Fonte:http://www.blogdonelodecarvalho.blogspot.com/

Pensar é Preciso e Necessário!

Que se diga, depois de trinta anos no poder, não são meras dúvidas, são certezas com que todos estamos lidando. E a maior delas é de que quem nos governa deixou de ser um mito político e ideológico para se transformar num administrador e gestor incompetente. Essa é a pura verdade, que se tornou irrenunciável, tornou-se fatídica, e agora deve ser aceita. Até por aqueles que fazem da defesa do chefe as diferentes guerras que esse povo travou em inúmeros campos de batalhas.


Não estamos aqui fazendo o uso de metáfora nenhuma, guerra sim no sentido literário da palavra e batalha no sentido Generalíssimo de combate. Os camaradas ainda pensam que defender o chefe é uma prolongação de missão a ser comprida pela Batalha de Kifangono, Kuito Kaunavale, invasão em direção ao sul e leste para derrubar o exercito traidor e vende-pátrias de Jonas Savimbi. Não faltam mesmo aqueles que vivem acreditando que ainda estão em guerra e que uma oposição ao chefe é uma declaração de guerra que deve ser enfrentada em tons de guerra e de campanha de Resistência Popular Generalizada.


Se tivessem que fazer o bom uso das tradições de luta desse povo, a Resistência Popular Generalizada (RPG) deverá ser, agora, contra a corrupção. E os inimigos da RPG todos nós já sabemos quem são eles. E para que temam seus inimigos! Nunca na historia do país se fez tão bem o uso de um instrumento de resistência para enfrentar seus males.


Paramos e prestamos atenção ao texto, do O País, com o objetivo de desmistificar um consenso que existe entre os cidadãos angolanos, de que tudo que vem do executivo angolano, principalmente do seu chefe, é perdoável e pode ser visto como a obra de um herói que há trinta anos só se dedicou com os seus “serviços” a gerar benefícios ao povo. O início do texto induz ao cidadão comum a permanecer nesta eterna inércia, pede do mesmo uma incompreensão inexplicável, com aquele que nunca fez da coragem e da ousadia um instrumento de humildade para reconhecer suas falhas. Sorte que só são palavras, mas o desejo de vomitar ao ler o texto foi imenso. Em algumas declarações da imprensa nacional e até mesmo pelo discurso do presidente já é possível ver o lado não herói de quem assim sempre se apresentou; o que se vê agora, mas na surdina, é uma apelação ao caráter humano, e com todas as falhas, do nosso herói com três décadas no poder. Só que o instinto de covardia é a maior manifestação daquele lado humano. Por quê? A resposta é simples, o presidente insiste em culpar a camaradagem, que sempre o apoio incondicionalmente, pelas falhas e os atos de incompetência da administração pública.

 

Ainda que fossem só dúvidas, já seria mais do que suficiente para punirmos a incompetência, a corrupção, a desgovernança “traduzida” no discurso curto e de improvisação do chefe de Estado. Em que os outros, sempre, é que trabalham com “métodos desenquadrados”. Por que o Presidente da República e seus defensores temerários têm tanta certeza de que o seu trabalho – o do Presidente- não deve ser objeto de nenhum tipo mensuração ou contestação? Que tudo o que o presidente decide, faz e deixa de fazer não tem porque ser parametrizado, usando-se simplesmente as noções de bom, regular, medíocre, péssimo ou muito mau. Por que existe tanta convicção de que aquele homem, que é tão humano como qualquer um de nós, e que hoje está no poder, não deve ser acusado por ineficiência e incompetência? Já não estamos aqui a falar de corrupção em que se precisam de todas as provas legais e convencionais para se acusar alguém de corrupto.


Estamos falando da percepção de qualidade que cada um de nós seres humano tem por direito, dever e obrigação de concluir que determinadas obras humanas podem ser consideradas como boas ou más. Nesta avaliação não é difícil concluir que como administrador e gestor da coisa pública ao longo dos 30 anos, em que soube se ocultar, fazendo como escudo e carcaça de proteção as dificuldades que a guerra trazem a qualquer sociedade, José Eduardo dos Santos soube “mostrar” e ocultar, simultaneamente, toda sua incompetência. O quanto é inútil como administrador e até mesmo como guia intelectual de uma administração pública que sempre precisou dos melhor exemplos, e que nunca apareceram. Ao contrário, foi vítima de uma mentalidade e discurso promiscuo, vindo do próprio Presidente da República quando dizia: “que ninguém num país como Angola vivia só do salário da Administração”, até mesmo quando esse salário viesse da iniciativa privada. O que se entende que qualquer cidadão na surdina, passando por em cima das regras, normas e leis poderia se dar no direito de conquistar o que quisesse, usando meios, fins e métodos que só numa seita ordenada por bandidos e delinqüentes as pessoas se sentiriam a vontade. Talvez seja isso que o presidente e todos os seus parceiros, amigos e camaradas, terão de usar um dia para se defender de supostas acusações de enriquecimento ilícito. Ou, talvez, seja isso, que impossibilite que ele e todos aqueles de que o mesmo está rodeado evitam responder as acusações de um sujeito arrojado como Rafael Marques.


Aquele Jornal, O País, quando sugere dúvidas tenta mostrar a transparência de Atos Administrativos num país onde nada disso existe. E o pior ainda onde o seu mais alto mandatário, pode não ser acusado como maior protagonista, mas ao longo dos anos especializou-se a se inocentar a si mesmo. Um ato que só caracteriza os covardes e os cínicos, como já dissemos e sugerimos outras vezes em outros artigos.


E o mesmo Jornal, O Pais, num gesto de comicidade, que só supera o do Jornal de Angola vem jogar um bom papel na defesa do “nosso intocável Presidente”. Que hoje, depois de tantos eventos de ridicularização, ninguém mais tem cacife de chamá-lo de clarividente. Mas que eu aqui insisto em chamá-lo: Ele, sim, é um clarividente na arte de esconder tanta sujeira de baixo do tapete. Por isso, ainda, consegue se apresentar diante do público como o homem bonito e bondoso que todos nós nos habituamos a ver e ter para esconder as mazelas desse povo.


Que ele preserve eternamente sua boniteza e bondade, mas as imundices provocadas na administração pelo mesmo e os seus companheiros estão mais do que evidentes. Isso é quase impossível esconder. Quem diz isso? É o próprio, cansado de tanta reverência pelo que faz, deixa de fazer e nunca fez. Ele sabe que não merece tanto. Como dizem os Brasileiros, “talvez chegasse a hora de se tocar”.


A história de uma nação é também a história do seu pensamento e da sua inteligência. Num instrumento de política vagabunda, o Jornal “O País” mostra que está muito atrás disso, entregando-se como instrumento que apóia a corrupção e o mercenarismo contemporâneo: “Escrever para agradar um corrupto ditador”. A filosofia é a ciência, inquestionável, daquele pensamento e dessa inteligência. Que quando um dia em Angola tivermos a mesma a funcionar em nome do povo e da nação descobrirá que José Eduardo dos Santos, em toda sua vida, foi um troglodita que passou o tempo todo rindo do homem civilizado.


Isto não é uma certeza tirada diante de um conflito político –entre quem está no poder e quem está longe dele-, e motivado por inúmeras razões emocionais. Pode ser o inicio de uma certeza científica com tonalidades de presunção materialista, sim, o que é pior ainda, para quem está no poder e aqueles que se habituaram, cegamente, a dar proteção ao mesmo: o MPLA.


Para quem está preocupado com este articulista, não cabe o pioneirismo a este coitado, mas o Universo na sua conjugação de forças tem tempo mais do que suficiente até para absolver absurdos como daqueles que escrevem aqui no club-k.


Ao Jornal, O País, e todos os Jornalistas desse país, eu os convido a que pensemos. Gente, é o mínimo que podemos fazer nesse momento. Em vez de nos dedicarmos a bajular os incompetentes.