Londres - Julian Assange, o editor da Wikileaks, obteve liberdade condicionada, com uma caução de 240 mil libras (282.255 euros). Voltará a tribunal a 11 de Janeiro, em Londres e terá de usar pulseira electrónica.


Fonte: Publico

Sala de audiências recheada de figuras famosas

As condições incluem a exigência de que Assange entregue o seu passaporte às autoridades britânicas, que tenha residência controlada com um horário limitado de saída (tem de estar em casa entre as 10h00 e as 14h00 e as 22h00 e as 2h00). Terá de se apresentar numa esquadra de polícia todos os dias às 18h00.


A acusação sueca, no entanto, pretende recorrer e terá duas horas para o fazer, adianta o jornal britânico.


Assange compareceu esta tarde perante um juiz em Londres, numa audiência destinada a decidir se teria direito a liberdade condicional enquanto aguarda a extradição para a Suécia, onde as autoridades querem interrogá-lo devido a acusações de crimes de natureza sexual.


Várias figuras conhecidas, tinham prometido dinheiro para um fundo destinado a pagar a fiança de Assange, se lhe for concedida. Hoje, Ken Loach prometeu 20 mil libras (23,521 euros) e o realizador norte-americano Michael Moore 20 mil dólares (14.936 euros). Ao todo, mais de 200 mil libras foram oferecidas pela defesa como garantia de que Assange não fugirá, relata o jornalista do "Guardian" a partir da sala do tribunal.


Poucos minutos após ser conhecida a sentença, Michael Moore "tweetou" logo: "Vou enviar já hoje o dinheiro para pagar a fiança. Não vou ficar parado e ver um descarrilamento. @WikiLeaks [a fiada de conversa no Twitter que se transformou numa verdadeira campanha por Assange e e a favor do Wikileaks, contra a reacção norte-americana após a divulgação dos telegramas diplomáticos norte-americanos] salvou vidas".


A comparência de Assange perante o juiz em tribunal suscitou um interesse mediático enorme, digno de uma estrela de rock. Na sala de audiências estão Bianca Jagger, a “socialite” e angariadora de fundos para vária causas Jemima Khan, o realizador Ken Loach, o veterano jornalista australiano John Pilger, Fatima Bhutto, a sobrinha da ex-primeira-ministra paquistanesa Benazir Bhutto, Henry Porter, Tariq Ali, a jornalista Heather Brooke, que se tornou conhecida ao conseguir revelar as despesas cobradas pelos deputados britânicos ao erário público, que tanto escândalo causaram.


“Permitam-me começar com um pedido de desculpas – a sala de audiências não é suficientemente grande”, disse o juiz Howard Riddle, segundo relata o correspondente do “Times” Alexi Mostrous através da sua conta no Twitter.


O juiz interditou que fossem gravadas imagens ou sons no interior do tribunal, mas emitiu uma autorização especial para que fossem enviados tweets – mensagens para o site de microblogging Twitter. Sinal dos tempos? Heather Brooke e Alexi Mostrous são dois dos jornalistas que estão a enviar tweets.

Durante a madrugada foi conhecida uma declaração de Assange, divulgada pela sua mãe, Christine Assange, em que o australiano garantia não ter arredado pé das suas convições. “Continuo fiel aos ideais que expressei. Estas circunstâncias não os abalarão. Este processo só aumentou a minha determinação em considerá-las verdadeiras e correctas”, diz Assange, no depoimento escrito que a mãe tornou público.´


Denunciou ainda as empresas que deixaram de trabalhar com a Wikileaks: "Agora sabemos que a Visa, a Mastercard e a PayPal são instrumetos da política de negócios estrangeiros americana. Era algo que não sabíamos até agora". O comunicado de Assange foi divulgado pela mãe no Channel 7 australiano.