Benguela - Aproximadamente um ano estriei-me  como curioso em escrever artigos depois de ler muitos articulistas. O meu primeiro texto ao alcance do mundo, foi  carta de um miúdo de rua, publicado inicialmente no Semanário Angolense mais tarde, no  Club-k, Angola24horas e Chelapress, tal como tinha concedido uma entrevista no programa roteiro da manha da Rádio Benguela  com Ekumbi David na condução do espaço, tudo para narrar a grandiosidade de “Makas” dos nossos “ndengues”.


Fonte: Club-k.net


Nesta carta revistei-me de um garoto e narrei o mar de azares e problemas que durante o ano enfrentam nas artérias da cidade. Quase ninguém se preocupa e quando chega o Dezembro a maioria dos mortais dá o seu show do natal especial ou dia diferente. Já foram ao palácio? …


Sinceramente quando o escrevi acreditava que a o comportamento mudaria fruto das reacções que o texto teve. Ledo engano. 


 
Já começou a onda do natal para as crianças. Sou amigo pessoal da solidariedade responsável, feita com amor-próprio e de coração sincero, não de brincar com as dificuldades de outros pois faz-se trouxa e inúteis aos petizes.


 Em Angola temos a mania de combater as consequências, raramente as causas. Ultimamente fala-se tanto acidente nas estradas de Angola. Quem é o principal responsável? É …. Quando na verdade existem um arsenal de causas como as escolas de condução, as vias, os estados das viaturas, quem inspecciona quem.


A situação das nacionalistas erradamente chamadas por zungueiras. Elas labutam e lutam para independência mercantil e os seus adversários são os fiscais. Algumas são mortas, baleadas, perdem dinheiro e negócios momento à momenta. Será o cumprimento da profecia “quem não tem será retirado e que já tem será acrescentado”.Questionei a um fiscal, o motivo de tanta correria  respondeu-me” é o que Jesus Cristo fez quando encontrou as pessoas a venderem na igreja.”

 

De tanta polémica que envolve este cenário o que parece  unânime é que as nacionalistas guerreiam para comer e pôr os miúdos  estudarem ter o lápis, a bata, o caderno e muitas as noites frequentam o abc.

 

Lembram-se da luta contra o colono houve mortes, danos matérias e morais, é o caso delas, são nacionalistas. Já deviam ser condecoradas, com tantas perdas mas continuam firmes aos seus objectivos. Como dissera João Paulo Nganga a luta é contra a pobreza e não contra o pobre.

 

Oiço  frequentemente relato  de miúdos de rua, já li “”biografias excelentes”, rapazes que honestamente dão o máximo para um dia serem úteis para o país, tencionam ser médicos, professores… Admiraram-se com a grande falsidade que pessoas colectivas e singulares que nesta fase do ano festejam com eles o dia da família. Excepto aqueles que sempre os têm na alma dando-lhes” o pouco que têm e o nada que não têm”.O alimento mais importante o amor. O mais grave é saber que existem pessoas  que angariam fundos em seus nomes quando na verdade dão destinos incertos ou lhes entregam o mais banal de tudo que conseguem.


Dizia eu na minha estreia não defendo que a sociedade realize todos os dias festa com os petizes, mas também não é bom que durante o ano os abandonem e na fase derradeira apareçam. Um ilustre senhor depois de ter lido a carta questionou-me o que eu tenho dado aos meus amigos da rua. Não pensei muito e disse-lhe que a sua pergunta deviria ser feita de outra maneira perguntando-se assim o que eu tenho feito. Agora vamos ai parar um pouco cada um faz-se a pergunta o que eu tenho feito para melhoria da vida dos miúdos.


Penso que a sociedade angolana deve reflectir, principalmente o que cada um de nós pode fazer. É indiscutível que o ser humano é sensível embora as vezes existam comportamentos que me deixam boquiaberto. Digo mesmo que duvido da sensibilidade humana. Estou errado, o que se passa. Parece mentira mais se ficarmos atentos, cada um de nós, nós da classe mais baixa deste país. Como desabafou um jovem,” Angola não é um país é um terreno ocupado.”Temos o nosso sangue na rua, um parente, amigos, vizinhos…


Não leram a carta ou leram-na e ignoraram. E se eu publicasse no jornal de Angola teriam lido…


Domingos Chipilica Eduardo em Benguela