Luanda - Na sequência da acusação do MPLA, proferida na passada Quarta-feira, 16 de Fevereiro, segundo a qual, o Deputado Kamalata Numa, Secretário-geral da UNITA, teria dirigido reuniões no Bailundo “com o propósito de semear o pânico e lançar calúnias sobre a população e manchar a imagem do MPLA”, a UNITA emitiu uma Nota de esclarecimento onde convida o acusador, o porta-voz do MPLA, Deputado Rui Falcão Pinto de Andrade, a “debater em público com o Deputado Kamalata Numa a situação das liberdades políticas no Huambo e no país em geral.”


Fonte: UNITA


Na sua Nota, a UNITA acusa o regime do Presidente Eduardo dos Santos de ter “iniciado uma onda de assassinatos políticos selectivos, sequestros e prisões arbitrárias na Província do Huambo, para aterrorizar a população e forçá-la a optar pelo voto do medo.” Afirma que no período de Abril a Dezembro foram assassinados nove cidadãos angolanos, todos eles dirigentes e membros da UNITA e repudia as afirmações de Pinto de Andrade, classificando-as de “falsas, caluniosas, subversivas e enquadradas na velha táctica bolchevista de transformar a vítima em ofensor.” A UNITA cita os nomes das nove vítimas bem como as circunstâncias em que ocorreram os assassinatos.

 

Recorde-se que o Deputado Rui Falcão Pinto de Andrade concedeu nos dias 16 e 17 de Fevereiro extensas entrevistas à comunicação social em resposta às denúncias feitas pela UNITA sobre assassinatos, sequestros e prisões arbitrárias no Huambo. O porta-voz do MPLA classificou os acontecimentos selectivos no Huambo de “distúrbios” e acusou a UNITA, na pessoa do seu Secretário-geral, de ter “encenado” a agressão ao Soba da Caiumba “para ser atribuída ao MPLA como acto de intolerância política praticado por militantes do MPLA.”
A UNITA, por sua vez, defende que não se trata de simples actos de intolerância política.

 

“Trata-se sim de uma política estruturada de divisão e de exclusão, atentatória da dignidade humana e da unidade nacional, que utiliza as instituições públicas para subverter a lei e a ordem democrática. O alvo parece ser a UNITA, mas trata-se de um ataque à independência de Angola, um sério atentado à democracia, uma agressão violenta ao Estado de Direito e uma violação grave à Constituição.” – lê -se na referida Nota.

 

O Galo Negro vai mais longe. Rebate que não se trata de desacatos nem de calúnias para manchar a imagem do MPLA, "porque o povo angolano, em particular o povo sofredor e excluído das aldeias, não precisa que alguém lhe pinte a imagem do MPLA, porque a conduta do MPLA configura a sua própria imagem." Esta imagem, afirma a UNITA, "está associada ao objectivo do Presidente Eduardo dos Santos," que é “a hegemonia política e económica, a construção de uma sociedade injusta e a perpetuação no poder. Este objectivo é permanentemente reflectido na sua imagem." – conclui o Partido do Galo Negro em resposta às acusações do porta-voz do Partido da estrela amarela.

 

A Despertar não conseguiu ainda apurar se, no interesse da democracia, o MPLA aceitou ou não o repto da UNITA para um debate público sobre a situação das liberdades políticas no Huambo e no país em geral.