Segundo deu a conhecer o advogado David Mendes, este será mais um meio de pressão para que seja feita justiça no caso em que foi condenada a antiga funcionária de topo dos Serviços de Inteligência Externa, onde se ocupava das funções de contra-inteligência.
Maria da Conceição Domingas e três outros companheiros de causa aguardam pelo provimento do recurso apresentado pela defesa desde 20 de Setembro do ano passado quando foram condenadas e conduzidos à cadeia.

Neste interim várias têm sido as peripécias por que tem passado o processo, sendo o desaparecimento do mesmo nas instâncias judiciais a mais recente constatação feita pelo advogado David Mendes que deu conta do facto quando tencionava consultar algumas peças do processo.

Enquanto isso, a constituinte de David Mendes continua a observar, há dezassete dias, a greve de fome no leito do Hospital Militar Principal onde foi internada uma semana depois do seu início em estado considerado preocupante dada a sua condição de paciente de insuficiência renal.

A respeito do assunto, a Voz da América ouviu a apreciação da médica Dinamene de Carvalho, especialista em nefrologia, que considerou de alto risco a situação em que Maria da Conceição Domingas se encontra, pois a sua manutenção requer a ingestão de vários nutrientes que não se encontram na água.

«Não pela insuficiência renal dela, mas qualquer pessoa pode morrer, porque ela pode chegar a uma má nutrição severa por causa da alimentação à base de água, pois a água só contém potássio, cálcio e fósforo e o organismo humano precisa de proteínas, vitaminas e carbo-hidratos.»

A médica explicou que a sua condição de paciente de insuficiência renal dita, para já, uma série de restrições que devem ser balanceadas através de uma alimentação rica, pois a depender apenas da água incorre-se numa situação de fatalidade.

Embora a história registe casos em que grevistas de fome sobreviveram por dois meses e seis dias, a situação de Maria Domingas requer outros cuidados, tendo em conta não só o seu estado de saúde como ainda a idade e, pelo que a especialista explica, a sua presença no hospital pode ajudar a manter greve por mais tempo do que caso ela estivesse fora da cadeia.

«Num horizonte de trinta dias é muito. Agora se estiver no hospital o caso é outro, porque ainda exigem comer qualquer coisa líquida, porque nós temos alimentos que vêm já preparados e que contêm vitaminas e carbo-hidratos e ela é alimentada de forma parenteral.»

A não ser este quadro observado, a paciente cedo começa a dar sinais evidentes de debilidade acentuada que pode ser fatal.

«O rim elimina poucos líquidos por via urinária e então estes líquidos vão procurarndo saídas e podem ir para as pernas, o coração e fazer um edema pulmonar agudo.»

Maria da Conceição acaba de se expôr, deste modo, a um grande perigo para a sua vida no seu afã de ver justiça feita em relação ao seu caso.

Fonte: VOA