Luanda - O MPLA advertiu que o poder não cairá nas ruas, em resposta à convocação anónima de uma manifestação anti-governamental para a próxima segunda-feira.
* Alexrande Neto
Fonte: VOA
O partido no poder em Angola está a mobilizar o seu próprio movimento anti-manifestação, com declarações públicas dos seus responsáveis, uma "marcha pela paz" no sábado, sermões de alguns responsáveias eclesiásticos e telefonemas "desencorajadores" automatizados.
A convocatória para a manifestação, cujos organizadores são desconhecidos, colocou as autoridades e os partidos políticos num ambiente de incerteza.
Depois de o porta-voz do MPLA ter advertido que Luanda não é o Cairo, o secretário – geral do MPLA, alertou os angolanos a não confundirem o que se passa nos países da África do Magreb, com a realidade de Angola.
Julião Mateus Paulo Dino Matross referiu que o povo angolano já sofreu uma guerra que durou cerca de 30 anos, a ainda os 14 anos de luta para a libertação do jugo colonial.
Dino Matross, alertou que, nestas circunstâncias podem ser tomadas medidas sérias, porque o poder não pode estar nas ruas eo mesmo tempo que era convocada para este sábado, 5 de Março, uma anti-manifestação.
Uma mensagem em tom ameaçador gerada através de uma das operadoras telefónicas locais está a ser distribuída pela sociedade. No essencial apela a população a não aderir e atribui a iniciativa da organização a UNITA e ao seu Secretário Geral.
Através de parceiros sociais como as igrejas e outras organizações da “sua sociedade civil” o executivo tem vindo igualmente a desencorajar a participação popular.
Responsáveis do CICA-Conselho das Igrejas Cristãs em Angola, foram citados durante a semana finda com discursos anti-manifestação.
Ontem o padre Apolónio Graciano da igreja católica disse aos fieis durante a missa que celebrou, para não imitarem o que se estava a passar no norte do continente.
A organização da manifestação foi assumida por Mangovo Ngoyo, secretário.geral de uma organização com um site na internet chamado www.africafederation.net mas nada mais se sabe sobre ambos.
Apesar do interesse que suscita junto de vários sectores da opinião pública, a grande massa denota falta duma mobilização directa e mais organizada no terreno. A falta de rosto dos organizadores é talvez o grande handicap.
Há por isso legítimas razões para desconfiar por parte de pessoas que, noutras ciorcunstâncias, poderiam apoiar a manifestação, diz Síona Casimiro, observador da Repórter San Frontieres. O jornalista vai mais longe e considera os angolanos com fraco sentido e cultura de oposição, afirmando que a mesma praticamente não existe fora dos fora tradicionais, como os partidos políticos.