Lisboa - Os tempos voltam a correr perigosos em Angola. Pelas últimas notícias que sopram de Luanda, pressente-se uma explosão de violência. Ainda a época das chuvas vai a meio e os dias que se seguem, como há 50 anos, não auguram nada de bom.


Fonte: Correio da Manha

 

Senhor criou uma elite, uma classe burguesa e cosmopolita

Em Março de 1961, estalou a revolta nas matas de cafezais dos Dembos contra o colonialismo – guerra que só terminou, em 1975, com a independência da colónia. O MPLA está desde então no poder: primeiro, sob a liderança de Agostinho Neto, que respondeu com um banho de sangue à tentativa de tomada do partido pela facção de Nito Alves; depois, com José Eduardo dos Santos. Angola, hoje, é dele.

 

Agostinho Neto nacionalizou. José Eduardo dos Santos apropriou-se. Não é bem a mesma coisa. O novo senhor de Angola pretendeu com o petróleo e os diamantes criar uma elite, uma classe burguesa e cosmopolita. Foi isso que fez – enquanto a população definha na miséria e na repressão.

 

As oposições angolanas agitam-se e, inspiradas nas revoltas populares contra as ditaduras do Norte de África, preparam-se para se fazer ouvir nas ruas de Luanda. A resposta do MPLA pode ser brutal. Quando o coronel Kadhafi finalmente cair, restará José Eduardo dos Santos como o ditador com mais tempo no poder.