Luanda - José Ribeiro voltou novamente  esta semana assinando um artigo fazendo-se passar de membro  da direcção da UNITA. O  polemico director do Jornal de Angola atribui a Isaías Samakuva  planos de  por 300 homens nas ruas para uma suposta acção de instabilidade. Ribeiro diz ainda que   Samakuva  têm quadros das FAA, Polícia Nacional, Segurança e outro pessoal, prontos para agir.

 

Fonte: Jornal de Angola

 Alega que Samakuva vai por 300 homens nas ruas

O discurso irresponsável do DG do JA  que publicamos na integra é visto como grave e incentivador de ódio e de violência em Angola. Será que  Ribeiro usa o radicalismos para fingir ser do MPLA ou faz parte de do grupo conspirador que tem o objectivo de manchar a imagem  Presidente José Eduardo dos Santos?.   É que as escolas de Inteligência ensina que quando o discurso de um dos “nosso” esta extremista é porque esconde algo “contra”  nos.  


Segue o texto de JR.


A maldade tem rosto e democracia é o voto na urna

 Caros Compatriotas, irmãos e amigos.


Face às inúmeras mentiras que têm vindo a ser trazidas a público, vejo-me na obrigação de continuar a dizer tudo o que sei.


Lembro entretanto que nada do conteúdo dos textos que publiquei foi desmentido, limitando-se os críticos à mera ofensa pessoal, o que em nada me preocupa. As ameaças e os impropérios são armas próprias dos fracos e dos anti-democratas e habituei-me a conviver com elas desde os nossos tempos das “áreas libertadas”, onde a intriga e a maldade fizeram com que o “mais velho”, chicoteasse uns e queimasse outros. Safei-me e ainda por cá vou andando, mesmo que ostracizado pela direcção do meu partido.

 

Hoje vou falar das contradições do presidente do nosso partido para apontar diferenças entre a teoria e a prática, trazendo à luz dados que me vão chegando um pouco de todo o lado.

 

Ouvi o presidente Samakuva a ler a declaração e fiquei perplexo quando, referindo-se à opinião dos outros, disse que “tais declarações constituem um sério atentado à democracia e ao Estado de Direito”, “que quaisquer manifestações que surgirem de apoio a José Eduardo dos Santos, visam apenas branquear a má governação do Presidente”.


Então, só o que nós dizemos é que é bom? A maioria que se exprimiu nas urnas e que deu ao nosso adversário quase 82 por cento dos votos, está toda errada?


Porque perdemos e estamos cada vez pior - por culpa dos dirigentes do nosso próprio Partido - é motivo para assumir que “vale tudo para chegar ao poder”? Foi para isso que lutámos pela democracia? Queremos o poder a qualquer preço, mesmo que isso signifique voltar ao passado e continuar a atrasar o país? É assim que queremos contribuir para a melhoria da vida das pessoas que sempre dissemos defender? Será mentira que o nosso país hoje está melhor que ontem?

 

Agora os únicos “sérios e democratas” são o presidente Samakuva, o Numa
e os outros maninhos que integram a direcção?


Então vejamos:

 

1 - Porquê que o Presidente Samakuva e outros dirigentes do partido, em reuniões com representantes de outras cores políticas, estão a passar a mensagem de que conseguiram mobilizar quinze Igrejas e que essas também se vão manifestar? Se nada temos a ver com manifestações, para quê que estamos a fazer pactos com outras forças e a mobilizar gente?


2 - Porquê que o presidente Samakuva e outros dirigentes do partido, em reuniões com representante de outras cores políticas, dizem que já têm o apoio de oito associações da sociedade civil, em Luanda, Benguela, Cabinda e Lubango? Com que objectivo procuramos esses apoios. Para quê?


3 - Porquê que o presidente Samakuva diz que vai pôr trezentos mil militantes nossos nas ruas, em todo o país? Para quê? Não temos nada ou ou temos tudo a ver com o que se está a passar?


Outra coisa. Então, esses 300.000 militantes não são os mesmos que votaram no nosso partido e que nos deram os 11 por cento em 2008? A fraude desapareceu? O nosso principal opositor não dizia que tinha cerca de cinco milhões de militantes? Não foi por isso que teve quase 82 por cento dos votos em 2008? Então? Para quê que os nossos dirigentes continuam a mentir? Porquê que não assumimos a realidade e vamos intensificar o nosso trabalho junto do povo para conquistar mais simpatias, em vez de continuarmos à procura de caminhos incorrectos para chegar ao poder? Porquê?


Sei o que fiz pelo nosso partido e por Angola, mas não me revejo mais em comportamentos desta natureza. Antes de ser membro de um partido, sou angolano e patriota. Podem dizer o que quiserem. Assim, não dá.


4 - Porquê que o presidente Samakuva e outros dirigentes dizem que têm quadros das FAA, Polícia Nacional, Segurança e outro pessoal, prontos para agir?


Os nossos irmãos que foram integrados nesses organismos estão mesmo disponíveis para entrar em novas aventuras? Perderam a memória? Há ainda alguém disposto a deixar-se levar por comportamentos menos sérios e arriscar o pouco que já conquistámos? Espero que isto não seja verdade e que o Numa falhe em mais esta missão.

 

Aproveito para dizer que eu já tinha denunciado movimentos neste sentido, protagonizados pelo general Numa e que visavam arregimentar pessoal nosso, trazer para os centros urbanos e usá-los para fins de desestabilização e para a promoção de arruaças. Lembram-se? Está nas teses da JURA. A verdade é como o azeite acaba por vir sempre à superfície.
Todos sabemos quem mobilizou os homens que na Quibala estavam prontos a fazer confusão. Tal como todos sabemos que a Caixa de Segurança Social das FAA continua a fazer o registo de ex-combatentes nossos, do tempo das FALA. Para quê perturbar o processo? Não basta solicitar mais celeridade?

 

5 - Porquê que agora o presidente Samakuva e outros dirigentes fazem menção ao facto de termos do nosso lado ex-dirigentes e militantes do MPLA? Se são os que foram saindo ao longo dos últimos congressos daquele partido, não constituem uma mais-valia, porquanto em nada têm a ver com o nosso passado e a nossa real história. Será apenas uma aliança táctica e momentânea que em nada nos beneficiará. Aliás, eles só aceitarão isso se estiverem em busca de recuperar o protagonismo que perderam no seu partido.

 

6 - Porquê que agora estão a orientar os nossos militantes a não usarem os telefones. Porquê? Se não estamos a fazer nada de mal, nem temos nada a ver com manifestações, porquê que temos de deixar de usar os telefones ou coibir-nos de levarmos uma vida normal? Porquê?
Caros compatriotas, irmãos e amigos. Abro aqui um parêntesis para dizer que sou negro - com muita honra, sou africano - com muita honra, sou angolano - com muita honra, mas não me revejo no tipo de mensagens xenófobas, racistas e criminosas que têm vindo a ser divulgadas pelos mais diferentes meios. O que me dói é saber que alguns dos dirigentes do nosso partido se revêem nelas e outros são os seus mentores. Sobre estes já falei no artigo anterior.

 

Gostaria apenas de dizer que o nosso povo, e particularmente os nossos jovens, devem perceber que essas mensagens, maioritariamente, estão a ser produzidas na Europa e que os que as enviam vivem lá, misturados, e não têm coragem de fazer aquilo que querem que façamos aqui. Mesmo que aqui tenhamos problemas, eles permanecerão lá, numa boa. Vigilância, meus maninhos. Não se deixem enganar. Mas agora vejo-me também na obrigação de abrir o leque e chamar a atenção para outras incongruências que se vão registando aqui e ali. É possível continuar a dizer que a tão propalada manifestação, prevista para o dia 7 de Março, não tem rosto, quando:

 

1 - O nosso partido - em parceria com o PRS - lidera as acções a realizar, assente numa estratégia que eu, por não me rever nela, continuarei a denunciar?


2 - Os Partidos ditos de Oposição Civil (POC), mais o PDP-ANA e o Partido Popular, estão a preparar uma vigília para o dia 6 de Março? É só coincidência de datas? Não, eles também fazem parte do plano. Também tiveram encontros com dirigentes nossos.

 

3 - Outros que, tal como um dito “Bloco”, meio constrangido, faz um comunicado de imprensa, onde diz que não se revê em determinados comportamentos, mas que apoiará todo e qualquer movimento de reivindicação? Enfim, mera táctica política, própria de quem, pela sua pequenez, se limita ao espaço superior do muro, num equilíbrio político efémero e sobejamente conhecido, dada a trajectória dos dirigentes que tem.

 

Não. Não é possível continuar a tapar o sol com a peneira. A manifestação que se prevê para o dia 7 de Março, TEM ROSTO.

 

É por tudo isso que continuarei a dar o meu contributo desinteressado e sério às causas que sempre abracei. Jamais abandonarei os princípios por que sempre lutei e, por isso, jamais prestarei colaboração aos que pretenderem conquistar o poder fora dos cânones democráticos. Para mim, não há motivos para comportamentos indecorosos e, muito menos, para deturpação da ordem e da tranquilidade.

 

Democracia é o voto na urna e não o poder na rua, tal como está a acontecer nos países árabes.

 

Hei-de voltar. Um abraço.