Lisboa - Deram certas as estimativas segundo as quais  o excesso de publicidade em torno de  um Navio americano aprendido com armas no porto comercial do  Lobito serviria para criar/passar uma mensagem sub-entendida de que as mesmas vieram para os “inimigos da paz” retomarem a guerra em Angola.


Fonte: Club-k.net

Regime cria facto político

Rui Falcão, o  porta-voz do MPLA, chamou,  esta sexta feira,   a imprensa para falar do estado de situação política no país  tendo deixado nas entrelinhas de que “não é a toa que aparecem nesta altura barcos com armas”. Disse que havia outros sinais que estavam acontecer em Angola.

 

O navio de bandeira americana  aportou no porto comercial do Lobito no passado dia 28 de Fevereiro vindo do Senegal e tinha como  destino final o Quênia. Teve uma passagem a Angola para deixar  produtos alimentares destinados à ONG sul-africana Joint Aid Management, que apóia Angola no fornecimento de merendas escolares. De acordo com o plano de trajecto, o  navio seguiria depois  para Moçambique e Tanzânia com a mesma mercadoria para o PAM, e posteriormente para o Quénia para a descarga do material de guerra encomendando pelo Ministério da defesa daquele país.

 

No decorrer da inspecção  do navio   foi descoberto no  meio da soja  80 toneladas de munições não declaradas no manifesto de carga. Os inspectores notificaram as  autoridades competentes da província, e estas  por sua vez informaram  o Ministério do Interior em Luanda.

 

Em resposta,  Luanda, instruiu  o  Delegado do Interior em Benguela,  António Sita; o  director provincial da Investigação provincial , Valdemar Henriques  e o delegado do Serviço de Inteligência e Segurança de estado (SINSE), “Delfim”  para não prestarem informação do assunto para gente de  fora, a  pretexto de que contactariam o Ministério da Defesa do Quênia para certificarem , se   de facto o material militar tinha mesmo  como destino aquele país.

 

Até o dia 3 de Março, Luanda informou as três estruturas do ministério do interior  da província de que o Quênia estava demorado na resposta e que face a sensibilidade da questão teriam remetido o assunto ao  Presidente da Republica.  Em paralelo, a embaixada americana foi notificado sobre o assunto tendo enviado um emissário ao Lobito. As autoridades angolanas na  pessoa  dos ministros das relações exteriores e interior reuniaram-se  nesta sexta feira com  o encarregado de negócios dos EUA, David C. Brooks, em que este diplomata americano  apresentou   explicações sobre a carga militar não declarada.

 

A detenção do navio coincidiu numa fase/altura  em que Angola vive  um aparente ambiente de tensão provocado por um email que ameaçava uma manifestação para derrubar o presidente angolano do poder. Logo a seguir ao episodio do navio, produziu-se,  em meios competentes,  analises  segundo as quais  as autoridades estariam a fazer aproveitamento político da detenção  do Navio para deixar a impressão que as armas chegaram para alimentar grupos internos conotados a instabilidades.


Rui Falcão, durante a conferência falou do navio de guerra, e disse que  a comunidade internacional que se negou a ajudar Angola depois da guerra está por trás desta instabilidade (A TPA  não passou esta parte). Uma jornalista do Novo Jornal,  Ana Margoso perguntou ao responsável partidário  sobre que  “movimentos internos” se referia quando falava da instabilidade, e o mesmo respondeu  que “ estão a vista de todos,  inclusive os que os  tribunais estavam a julgar”. (em alusão aos militantes da UNITA que foram recentemente julgados)

 

De recordar que em  2008 passou por Angola um navio com armas vindas da China destinadas ao regime de Roberto Mugabe e as autoridades não falaram do assunto. Luanda chegou a ser criticada por  permitir que o navio passasse nas suas águas  numa altura em que Robert Mugabe estava sob embarco/sanções.