Luanda - A Polícia Nacional angolana disse que a detenção, em Luanda, das 17 pessoas, incluindo quatro jornalistas do Novo Jornal, que se encontravam na madrugada de Segunda-feira, no Largo da Independência teve como objetivo evitar "actos de agressão" entre os manifestantes e moradores daquela zona.
Fonte: Club-k.net/Lusa
Versão policial com dados estranhos
Em declarações à imprensa angolana, o porta-voz do comando provincial de Luanda da Polícia Nacional, superintendente-chefe Jorge Bengue, disse que as pessoas detidas pretendiam realizar no local uma vigília, que tinha sido impedida pelo Governo da Província de Luanda.
"À medida que essas pessoas se iam juntando no largo, foram surgindo no mesmo local, um outro grupo de pessoas, provavelmente moradores, com intenção de dispersar esse grupo de pessoas", explicou Jorge Bengue.
Segundo Jorge Bengue, a polícia ao aperceber-se da situação «que se configurava na iminência de um conflito entre as duas partes» viu-se obrigada a intervir «para reprimir aquilo que poderia transformar-se numa situação de agressão entre os dois grupos».
«Fomos então obrigados a proceder à recolha dessas pessoas, que foram levadas para as esquadras da zona do Primeiro do Maio (actual Largo da Independência), a quinta e segunda esquadras, bem como para o piquete da DPIC (Direcção Provincial de Investigação Criminal)», referiu Jorge Bengue.
«Foram todos convidados a abandonar a esquadra e neste momento estão a levar a sua vida normal», realçou o porta-voz da polícia, reiterando que «foi uma intervenção necessária da polícia, no sentido de evitar uma situação de violência».
«Havia um grupo que queria manifestar-se, onde havia uma prévia proibição do Governo da Província de Luanda e havia um outro grupo que, a todo o custo, por mãos próprias, quis impedir o ajuntamento daquelas pessoas que estavam naquele local», sublinhou.
O superintendente-chefe reiterou a mesma versão aos microfones da TPA que apenas escutou a versão policial sem ter contactado as testemunhas no local. Uma reposição de dados da conta que Jorge Bengue terá feito uma versão concertada cujos sustentos resumem-se nos seguintes pontos a saber:
- Quando a polícia chegou ao local não havia indícios de violência. Os Jovens não queriam realizar vigília regiliosa mas sim Manifestação. Os mesmos pretendiam declamar um poema e a polícia quando aproximou-se a eles alegou que não podiam declamar a poesia ali.
- O grupo de manifestantes eram jovens que nada tinham haver com o grupo de elementos da oposição que solicitaram a vigília impedida ou marcada para as 18h do dia 6 de Março. Os manifestantes eram na sua maioria jovens oriundos de famílias do MPLA, com realce ao rapper Brigadeiro Mata Frakus, filho de um antigo DG da Fundação Eduardo dos Santos (FESA).
- Nas declarações a agencia Lusa, o porta voz da policia não tinha certeza que as supostas pessoas que se aproximavam eram moradores, porém na entrevista exclusiva a TPA, o mesmo "já tinha certeza" que eram moradores das redondezas do primeiro de Maio que iriam entrar em richa com os manifestantes e que a policia veio intervir para evitar agressão.
- No largo primeiro de Maio não havia moradores, apenas os jovens e os jornalistas e minutos a seguir foi presa uma senhora esposa de um histórico do MPLA, Pascoal Luvalo, que deslocou-se ao local para aderir a manifestação pacifica, conforme a mesma falou a Radio Ecclesia.
- Os Jovens detidos foram levados a cadeia, interrogados e dormiram na cela. A Jornalista Ana Margoso, conforme no seu depoimento na Voz da America foi mandada a limpar a cela onde estava e de seguida foi interrogada. Questionaram-lhe o porque que tinha também amigos de outros partidos sendo ela filha de um ex-responsável da guerrilha do MPLA, conhecido por “Comandante Margoso”. Os dados de Ana Margoso contraria a versão da Polícia Nacional angolana que alegou que os mesmos foram levados a esquadra para supostos conselhos e depois mandados a ir para casa.
- A detenção dos mesmos foi ilegal segundo o advogado Luis Fernandes do Nascimento a RTP, visto que as manifestações , segundo a constituição angolana, não carecem de autorização mas sim de prévio aviso as autoridades para estes poderem contar com a protecção da policia.
De recordar que o porta-voz do comando provincial de Luanda da Polícia Nacional, superintendente-chefe Jorge Bengue é um dos novos quadros da coorporação formado em Portugal. As versões de assuntos que as autoridades mandam-lhe trazer a publico tem lhe causado alguns embaraços pessoais. Em privado quando questionado por pessoas próximas a cerca das versões tidas como fabricadas, o mesmo segundo contam, alega que “um porta voz limita-se em trazer a voz do chefe”.