Luanda - Carta aberta ao Brigadeiro Matafrakuz e aos demais que com ele estiveram na Praça da Independência fisicamente e espiritualmente.


Fonte: Club-k.net


Amigos e patriotas que segunda feira  estiveram detidos por terem estado na Praça da Independência por força livre e assumida decisão,
 

Antes de tudo o mais, afirmamos que somos pela TRANSFORMAÇÃO POLÍTICA NÃO-VIOLENTA  de Angola. RUNUCIEMOS TODOS A TODAS AS FORMAS DE VIOLÊNCIA.


Gostaríamos de vos dizer que milhões estiveram convosco às primeiras horas do dia 7 de Março de 2011. É verdade, acreditem!


Não vos deixeis intimidar! Tendes apenas como limite a não-violência e a justiça! Não se deve pedir a ninguém que seja herói ou que morra por uma causa! As virtudes morais e cívicas, a coragem de dizer basta a práticas opressivas é um acto que dignifica a pessoa humana e no nosso contexto o angolano! Quem os pratica, sem violência, é um herói!

 

Em nome do povo, e em particular a juventude Angolana, nós nos comprometemos a permanecer fiéis as directrizes inequívoca de que teremos de trabalhar juntos para o renascimento do nosso pais.

 

Nós acreditamos que a nossa temporada está aqui. Estamos num bom caminho, vindo sobre as nuvens do medo e desespero que vai dando lugar a nossa temporada de esperança. 


Queremos a liberdade de expressar as nossas idéias na Televisão Pública de Angola (TPA), na Rádio Nacional de Angola (RNA) e no Jornal de Angola. Não estamos de acordo com quem já mantém esses órgãos de comunicação social sob seu controlo com fins de silenciar os outros e compra outros meios de comunicação social formando monopólios-concentracionistas para barrar os caminhos, as auto-estradas e as ruelas da liberdade de expressão e de informação.


Queremos poder fazer marchas pacíficas, sem armas, e sem a intenção cabalística de derrubar regimes pela força da violência física e armada. Queremos instituições do Estado que funcionem na base de princípios e regras justas e equitativo. Não queremos homens fortes que reduzam as intuições aos seus interesses, caprichos, família, partido ou tribo. Não. Não queremos!


Queremos, sim, que o actual Presidente da República, porque já está no poder há 31 anos, se retire da presidência da República e do MPLA, de forma digna para que todos, sem excepção, saiamos a ganhar e dignificados. Não lhe queremos fazer mal, e não queremos que pessoas do MPLA ou das Forças Armadas, da Polícia Nacional e dos Serviços de Informação e da Segurança do Estado nos façam mal. Mas também não queremos partidos da oposição que não representam efectivamente segmentos importantes do povo na sua diversidade, problemas reais e concretos dos cidadãos e das comunidades que não tenham a capacidade de os discutir com os interessados e de os pôr no centro da agenda política e mobilizar a sociedade.
Queremos eleições verdadeiramente livres e justas.

 

Queremos o fim da propaganda tóxica que difunde a idéia de que Angola é uma maravilha de país, quando se morre nos hospitais públicos por falta de medicamentos e atendimento capaz; quando sabemos que a nossa educação não tem qualidade e que por essa razão milhares de jovens não vão poder ter um emprego digno; quando o lixo é o nosso vizinho mais próximo. Queremos um país livre dessas casas de milhões de dólares e casas não dignas para o sorteio da corrupção. Basta de brincadeira em relação à política habitacional.

 

Queremos um país livre das demolições injustas dos novos-ricos que se querem aproveitar dos terrenos dos pobres para os seus projectos de colunatos de apartheid social. Basta de brincadeira!

 

Queremos que a corrupção instalada ao mais alto nível da liderança política do nosso país não se mantenha. Não queremos líderes políticos corruptos; não queremos professores corruptos, não queremos jornalistas corruptos, não queremos artistas, compositores, cantores e escultores corruptos; não queremos músicos corruptos, não queremos padres, pastores e bispos corruptos; não queremos polícias e militares corruptos, não queremos advogados corruptos. Queremos que todos de preferência ou que pelo menos a maioria de nós renuncie à corrupção.

 

Queremos tribunais verdadeiramente independentes, com acesso às magistraturas judicial e do ministério público com método diferente. Queremos um sistema judiciário e judicial completamente despartidarizados e aplicadores da lei a todos, sem excepção. Queremos cadeias aonde os presos cumpram as penas com dignidade. Queremos esquadras de polícia que não cheirem mal e nas quais os detidos defecam e urinam em recipientes. Queremos hospitais e centros de saúde com os meios indispensáveis ao tratamento eficaz das pessoas.


Queremos um país sem lixo. O lixo que convive connosco nas cidades, majestoso e imponente, constitui o símbolo e o sintoma de uma maneira de estar na vida e de fazer política que deverá ser erradicado de forma pacífica!

 

Estão-nos sempre a dizer que as transformações não se fazer num dia, enquanto para eles a impunidade, o roubo, a chantagem e a perseguição das pessoas das pessoas são eternas. Há muita coisa que pode ser feita já, agora! E a hora é esta…
Queremos dignidade…

 

A nova prática política não é de intervirmos para ganharmos lugar no partido, criarmos um novo partido, recebermos uns kumbos, bolsas de estudo…Não. É para nos afirmarmos como pessoas que podem pensar, sonhar e subir na vida pelo seu próprio esforço, pelo trabalho digno, e serem reconhecidas como tal. Não queremos a política que usa e abusa do poder do Estado e do dinheiro que é de todos nós para promover aduladores de guias iluminados e de gente que se diz empresária mas que passa os dias a ir aos bairros adormecer os jovens com cerveja, uma bicicleta, um vídeo, uma viagem ao Brasil ou seja lá o que for… Nós jovens da nova Angola precisamos de escolas de qualidade e exigentes para que nos possamos superar e construirmos riqueza que seja produto do trabalho honesto.

 

Obrigado pela vossa coragem, estaremos sempre convosco e vamos continuar convosco, desde que continueis a optar pela NÃO-VIOLÊNCIA.

 

Para ti, Brigadeiro MataFrakuz, se perante a lei cometeste algum crime de linguagem, por teres dito no teu grito de liberdade, “Zé Dú tira o pé do chão” e “vão todos para o…”, por outro lado, estás absolvido pela JUSTIÇA, porque disseste para irmos nos manifestar sem violência e sem cores partidárias! Se algum tribunal de Angola te tornar um preso político, e também os que contigo lá estiveram, um preso de consciência, vamos fazer com que cada minuto que passes (passem) atrás das grades dessas cadeias mal cheirosas e pestilentas da Angola dos nossos dias, te dêem (vos dêem) forças para de lá saíres (saírem) para cantares (ou ouvirem) novos rapps, já numa Angola transformada politicamente. O vosso esforço e coragem não foram em vão! A LUTA PACÍFICA PELA TRANSFORMAÇÂO POLÍTICA DE ANGOLA, SEM ARMAS, SEM VIOLÊNCIA, VAI CONTINUAR. A ACTUAL MANEIRA DE FAZER POLÍTICA JÁ FALIU MORALMENTE. A LUTA É CONTÍNUA…


 
Como se diz na nossa terra, ESTAMOS JUNTOS!

Assinam:

Nzuse Utola – Musico
4 de Fevereiro – Musico
Hotep Sekhemwy – Activista dos direitos Humanos
S’basta – Musico
Prodigo – Musico
Dhon X Kardeal – Musico
Osvaldo Rodrigues - Activista Civíco
José Gama – Activista Civíco
C.F - Activista Civíco
Vanessa Mayomona -  Activista Civíco
Dra. Felizarda Mayomona - Activista Civíco
Olinda Kipingo - Activista Civíco
Agostinho Guedes Vanduném - Activista Civíco
Paula Neto - Activista dos direitos Humanos
Renata Massoxi - Activista dos direitos Humanos
Valter Dombaxi  - Activista dos direitos Humanos