Ao caríssimo Senhor (ainda) Presidente da Líbia
Muammar Kadhafi

Luanda

Saudações em nome do ‘ala’;

Tenho de perto acompanhado, desde o início das revoltas que esta atingir os países norte do nosso continente, em particular o seu, e cheguei as seguintes meras conclusões:


1 – Se os Governos destes países não fossem tão ambiciosos no poder – como o senhor está ser agora –, acredito que estas revoltas não teriam surtido os seus objectivos. Pois, os seus povos estariam, neste exacto momento, a viver outra realidade.


O caríssimo Presidente devia tentar reconsiderar as suas ‘brutas’ declarações de incitação à violência, para uma linguagem diplomática para evitar que se morra mais inocentes, como até agora está acontecer.

 

2 – O senhor diz que ama o seu povo e eles a si. Então caríssimo, pense neste seu povo e diz bastas às mortes desnecessárias. Deixe o seu povo tomar seu próprio rumo. Mostra-lhes que és aquele pai que todos filhos do mundo gostavam de ter. Abandona a sua arrogância e teimosia, acata as decisões da maioria, para que o país que tanto ama continue a escrever a sua história, porque o caríssimo já cumpriu com a sua parte.

 

Tente se adaptar a modernização dos tempos porque – por vias das armas – o senhor está, realmente, a perder o seu precioso tempo. Pois, está via só esta a te levar no caminho da perdição total, tal como aconteceu com o seu amigo pessoal Saddam Hussein (do Iraque) que por teimosia perdeu tudo e todos.

 

3 – Caríssimo, ainda tens tempo suficiente para depor as armas e partir para um diálogo firme e eloquente, para sair com todas as honras merecidas. Porque matar, ou melhor, continuar matar os civis, só vai continuar a complicar-te as coisas. Pois, o banco do réu do Tribunal Penal Internacional anda louco para receber os líderes africanos. A título de exemplo encontram-se Charles Taylor (da Libéria), Pierre Bemba (RDC), entre outras figuras.

 

4 – Os ataques aéreos protagonizados, desde ontem, por estes países com a justificação de protegerem os civis que ameaças matar, só respondem a um interesse que é “apoderar-se do petróleo da Líbia”, para aumentarem nas suas economias que se encontram nos ‘picos’. Pois, estes ataques, além de dizimar centenas de civis africanos inocentes, como é inevitável, e destruir a maior parte das infra-estruturas – erguidas com o suor do povo líbio –, do seu país, vai contribuir decisivamente no atraso total de desenvolvimento humano.

 

Adiante destes humildes pontos vista que acabei de referenciar, peço ao Caríssimo que reconsidere a minha humilde reflexão, para evitarmos a sua antecipada marcha para o ‘além’. Pois, neste exacto momento, a mãe África deseja a união dos seus grandes filhos. Senhor (ainda) Presidente da Líbia, ainda vai a tempo de evitares rios de sangue e de lágrimas, porque o seu povo já sofreu o suficiente, durante a sua trajectória que não foge muito da nossa (Angola). Abandona a via das armas e parta para um diálogo. Salve a si e ao povo líbio.


Luanda, aos 20 de Março de 2011

Atentamente;
Lucas Pedro, porta-voz da Fundação 27 de Maio