Lisboa - A solidariedade que as autoridades angolanas estão a manifestar ao regime de Muammar Khadafi é encarada em círculos políticos como medida de atenuar eventuais focos reflectidos em conhecidos antecedentes. Angola tem a noção de que com a queda de Muammar Khadaf, o mundo prestará atenção a José Eduardo dos Santos, no papel de presidente a mais tempo no poder em África.
Fonte: Club-k.net
Jornalistas e analistas dos órgãos do regime angolano refugiam-se a fontes fiéis a Khadafi
Existe em meios atentos a percepção de que a queda de Khadafi poderá inspirar correntes internas em Angola alimentadas com o sentimento de se protestarem no sentido de despertar o Mundo. Angola tem o antecedente de reagir com repressão a iniciativas de manifestação desfavorável ao regime. No pensamento que se faz prevalecer é de que em caso de os populares saírem em massa para as ruas para exigir a saída de Eduardo dos Santos, do poder, não só exporia o mesmo como os manifestantes ganhariam a solidariedade das principais potencias, caso as autoridades respondessem os presumíveis protestos com ondas de assassinatos como aconteceu na Líbia.
Logo após as forças de coligação internacional terem recebido aval da ONU para neutralizar ou atirar contra bases militar que Muammar Khadaf usa para bombardear o seu próprio povo, a media governamental angolana avançou com uma campanha de informação destinada a se criar a impressão de que Khadafi esta a ser vitima dos interesses ocidentais.
A saber:
- Um membro do gabinete presidencial, José Mena Abrantes teceu um artigo insinuando que as manifestações no Mundo Árabe são maquinação da CIA.
- O DG adjunto do Jornal de Angola, Filomeno Manaças apresentou uma tese insinuando que o que esta a acontecer na Líbia “é o pior de todos os cenários” .
- Lançado editorial no mesmo Jornal alegando que os ataques é contra Líbia e não contra os alvos militares usados por Khadafi para matar o seu povo. O texto repete varias vezes que o ataque “é contra a Libia”.
- O Jornal de Angola faz recurso a dados da imprensa do regime de Khadafi que alega terem morrido 20 civis vitimas dos bombardeamentos americanos. Na realidade, segundo denunciaram vários jornalistas estrangeiros, Muammar Khadafi simulou enterro de 20 vitimas. Os mesmos jornalistas estrangeiros em Tripoli relataram, que no dia seguinte do enterro, as campas estavam vazias. A estratégia de Khadafi foi causar sentimentos de ódio contra os americanos/ocidente e em simultâneo solidariedade em seu favor
- A TPA adoptou a mesma linha editorial reforçada com as analises de um analista seu Belarmino Van-Dunem que ao falar no telejornal de segunda feira reprovou a intervenção internacional tendo questionado a sua legitimidade.
- Insistentes artigos fazendo crer ou mostrar os bombardeamentos como algo condenável acompanhado de reacções contestatórias. Esta Quinta-Feira foi noticia de realce no diário angolano uma reação de Robert Mugabe acusando o ocidente de desejar apenas o petróleo da Líbia.
- Censura na comunicação social angolana, ao discurso da visita ao Brasil de Barack Obama. O líder americano explicou que a intervenção militar não seria destinada a civis nem tão pouco para derrubar Kadaf. As autoridades angolanas não mostraram interesse em divulgar o discurso do Presidente americano por motivações desconhecidas.
O ponto alto da solidariedade de Angola ao regime Líbio foi feito na voz de George Chicoty, Ministro das Relações Exteriores que referiu esta terça-feira, em Luanda que “para o executivo angolano deveria ser dado maior relevo do dialogo para a resolução do problema da Líbia e não partir logo para uma intervenção militar.” No entender do chefe da diplomacia angolana esta a se criar um precedente e situações que possam agravar ainda mais estas crises que já são difíceis de resolver.
O Discurso do governo angolano, segundo opositores, é visto como contraditorio visto que a cerca de poucas semanas declararam guerra em Cabinda contra a FLEC, em substituição do dialogo.