Luanda - “A Igreja estima que o mais importante do que curar feridas é evitá-las” – disse esta quarta-feira em Luanda o Presidente da CEAST. Uma alusão ao actual clima social e político do país feita por Dom Gabriel Mbilingui na abertura da Conferência Internacional sobre a Paz em Angola. Disse que a “paz não consiste apenas no calar das armas”.


Fonte: Apostolado

"...de que justiça se trata?"

“É que a paz supõe o fim da indigência social, o fim do capitalismo selvagem que aumenta a distância entre ricos e pobres, o fim da repressão social, da violação dos direitos fundamentais das pessoas” – frisou.

 
O prelado advogou ainda que um ambiente de paz pressupõe também “a produção de bens e serviços, criação de condições essenciais para uma vida digna: melhor habitação, educação, saúde, alimentação e oportunidades de vida, sobretudo para os jovens”.


“A melhor caridade é a promoção dos direitos da pessoa humana e da justiça social que criam oportunidades iguais e promovem todas as pessoas a uma vida autónoma” – referiu.


Por seu lado, o Núncio Apostólico considerou a paz como uma convivência serena ou a tranquilidade de uma ordem política e económica postas ao serviço das categorias sociais dominantes.
 

Visão esta que, de acordo com Dom Novatus Rugambwa “corre o risco de descorar o papel inalienável das pessoas que não pertencem às categorias sociais dominantes”.
     
   
“Outros compreendem a paz como a realização de uma ordem social fundada na justiça, mas a questão que se coloca é: de que justiça se trata?” – questionou.

 
O Arcebispo de Luanda também deu o seu contributo ao encontro Internacional da Caritas sobre Construção de paz. Dom Damião Franklin pede um exame de consciência em relação a vida do país e da própria igreja. 

 
“Um exame de consciência de como é que os pastores estão governando o seu povo, um exame de consciência de como é que cada um se encontra consigo próprio, um exame de consciência como é que a sociedade angolana está a ser governada pelos seus chefes” – disse.

 
O encontro que conta com a participação de 150 delegados termina esta sexta-feira, com a apresentação de experiencias de outros países que viveram situações de conflitos, como  África do Sul, Moçambique e Alemanha.


A conferência é uma organização da CEAST, Caritas de Angola, a Igreja Alemã, a Universidade Católica de Tubiguem e o Centro de Estudos Africanos de Lisboa.