Lisboa –  A frontalidade  desprovida de cordialidades, que lhe  é atribuída,  faz dele a figura “interna” mais temida  na sede central do Serviço de Inteligência e Segurança de Estado de Angola, onde responde pelo departamento do Crime organizado. Os que com ele privam   descrevem-no como “muito firme  nos seus  idéias” e que “não gosta de ser contrariado a não ser por alguém que realmente conheça a matéria”.


Fonte: Club-k.net

Fez parte do grupo de Israel

Miguel José Luís Muhongo de quem se fala,  cresceu profissionalmente  no aparelho da segurança de Estado ainda ao tempo do MINSE. Foi  um dos coadjutores de Fernando Garcia Miala, na emblemática  operação “câncer dois” contra a proliferação de rede  estrangeiras em Angola, no inicio da década de 90. No período de transição para o multipartidarismo foi  transferido para  a Direcção Nacional de Investigação Criminal, onde notabilizou-se na área dos crimes selectivos. 

 

Em meados de 2003,  quando ocorreu o roubo de um  avião Boeing 727 por parte de um cidadão americano  Ben Padilla,  Miguel  Muhongo recebeu a missão de investigar as falhas do aparelho de segurança do aeroporto 4 de Fevereiro que facilitou o seqüestro  do avião.  Interrogou, o então  responsável da segurança aeroportuária, Mário Barreiro  que de seguida seria afastado da policia.

 

Após o afastamento do colega,   Miguel  Muhongo  convenceu  o então Ministro do Interior, Osvaldo Serra Van-Dúnem de que ele era a figura certa para ocupar o posto de   novo comandante  da Unidade Aeroportuária em substituição de Mário Barreiro.  Logo após a sua tomada de posse, em Abril de 2004,  elegeu  como plano estratégico de mandato, três metas, designadamente, a de segurança de todo o território aeroportuário, de mercadorias e o controlo migratório. O seu antecessor, Mário Barreiro ficou no desemprego;  passou  dificuldades; esteve em vias de ter distúrbios mentais e teria saído ileso de  um atentado  cuja autoria se desconhece. 

 

Miguel Muhongo estave também   inscrito  no curso de  direito da UAN desde os finais da década de noventa. As ocupações profissionais  teriam lhe atrapalhado ou forçado a cancelar as matriculas quando já estava no terceiro ano. É uma das figuras que fez parte de um grupo de oficias da policia Nacional  enviado  para Israel para complemento de uma formação, num  período de três meses.  A formação habilitá-los-ia a promoção (patenteamento)  assim que regressarem a Luanda.  Miguel Muhongo que ostentava a patente de 1º Superintendente iria ser  elevado ao grau de  comissário.  Do grupo, “de Israel”, ele terá sido o único que  acabou por não ser  promovido. Há versões segundo as quais foi  penalizado por ter-se divergido com os colegas do curso.  Ventila-se que não terá seguido com rigorosidade o programa da formação ou que terá subestimado as lições  sob alegação de que o que estavam  a ensinar “já havia  aprendido na Rússia e em Cuba”.

 

Foi despachado para Cabinda como segundo comandante provincial da corporação para a ordem pública tendo ai ficado cerca de três anos.  Regressou  a Luanda em 2008 por motivações inexatas. Há sobretudo quem o atribui   incompatibilidades com o então comandante provincial, Pedro Candela.

 

Em Luanda foi “pescado” para reentrar no Serviço de Inteligência e Segurança de Estado. A principal figural  que terá contribuído para o seu regresso  com um posto de chefia e categoria de director Nacional,  é Sebastião Martins com quem tem uma relação de longa data desde os tempos de miúdos. Embora não sejam primos, ambos tem  uma relação com comportamento de parentesco. As suas respectivas esposas vivem nos Estados Unidos. (Motivo de reparo no aparelho de inteligência)


Como operativo do SINSE, Miguel Muhongo foi o principal entusiasta da corrente que desmantelou o grupo do,  ex-comandante da policia de Luanda, Joaquim Ribeiro. Na seqüência do desmantelamento foram detidas  as principais figuras da direcção de investigação de Luanda ligadas a “Quim” Ribeiro. Não tardou muito o nome de  Muhongo  apareceu nos jornais  acusado pelos familiares dos detidos de ter usado métodos violentos para interrogar os seus colegas da policia.


Em reacção as detenções que lhe eram atribuídas, uma corrente de oficias da policia conotada  ao ex-comandante provincial de Luanda ameaçou retaliar recorrendo a exposição da  “roupa suja” do regime, na rua. Sebastião Martins, o Chefe do SINSE e igualmente Ministro do Interior ficou  muito abalado pelo sucedido. Acalmou  os ânimos alegando que os interrogatórios (violentos) feitos pela corrente de Miguel Muhongo estavam a ser avançados fora do seu conhecimento.


Miguel Muhongo viu-se novamente  exposto em jornais. Um filho de “Quim” Ribeiro  acusou-lhe  publicamente de pretender matar o seu pai. Dentro do aparelho de inteligência foi criticado por  ter violado o “artigo 54” . )O artigo alega  que “É  igualmente proibido aos funcionários do Serviço de Informações a detenção de qualquer pessoa ou instruir processos penais salvo no casos previstos por lei”).  Colegas no SINSE passaram a vê-lo com algumas reticências. Eduardo Octávio, Chefe-Adjunto do aparelho da inteligência domestica passou a ser visto como estando a relacionar-se com ele numa base “limitada”.