Luanda  - Uma manifestação tida como espontânea, já que não foi previamente comunicada ao Governo Provincial de Luanda (GPL), teve lugar no domingo, na Praça da Independência, causando sérios embaraços aos agentes policiais que se encontravam naquele local.

 

*Ilídio Manuel
Fonte: SA

Embora não tenha resultado em detenções, há relatos de que alguns manifestantes foram alvo de ameaças de prisão e de violência por parte dos agentes policiais, que movimentaram para o local algumas dezenas de efectivos, alguns dos quais à paisana Desta vez, os manifestantes, alguns dos quais já tinham participado na manifestação do dia 2 de Abril que decorreu no mesmo local, deslocaram-se àquele largo a pretexto de que manifestavam a favor da paz.

 

Alegaram que pretendiam associar-se às comemorações alusivas ao Dia da Paz, uma data que, como se sabe, foi amplamente assinalada em várias partes do país com a realização de distintas manifestações populares.


Na sua maioria jovens, os manifestantes, segundo disseram algumas testemunhas ao Semanário Angolense, faziam-se acompanhar de cartazes, mas que não conseguiram exibi-los porque a polícia os terá impedido de o fazer.


Há relatos de que os agentes policiais terão impedido que outras pessoas aderissem à manifestação, que terá juntado cerca de três dezenas de jovens.


«Mal se aperceberam da nossa presença, a polícia criou uma barreira policial nas imediações da Escola NJinga Mbandi, de forma a impedir que os manifestantes se aproximassem da praça da Independência», queixouse ao SA um dos participantes.


Os presentes, que acabaram por tomar de «assalto» o referido largo, terão usado os telemóveis como meio de mobilização para a manifestação.


Correm informações de que as ameaças dos efectivos da polícia foram insuficientes para afastar os manifestantes do local, que só arredaram pé depois de algum tempo.


«Devido à intransigência dos presentes, os agentes da polícia acabaram por aceitar a presença dos manifestantes, mas impedindo que estes se movimentassem em redor do largo ou colocassem cartazes», revelou um dos presentes.


Elsa Luvalu, uma manifestante que esteve no local, acusa o subintendente Jorge Nascimento da Polícia Nacional de lhe ter ameaçado de prisão, caso não abandonasse a manifestação.


Ela, que já esteve detida na manifestação do passado dia 7 de Março na Praça da Independência, diz que foi impedida de exibir os cartazes que levava consigo. Segundo esta irreverente manifestante, os cartazes censurados tinham os seguintes dizeres:

 

«A paz alcançada no dia 4 de Abril só terá significado quando os angolanos, sem distinção, forem os seus maiores beneficiários » e «Sendo Angola um Estado de direito e democrático, todos os órgãos do Estado que coarctam os direitos e liberdades fundamentais devem ser considerados de estarem a atentar contra esses direitos».

 

Elsa, que é viúva do falecido dirigente do MPLA Pascoal Luvalu, disse que tinha sido detida no passado dia 7 de Março e que na altura lhe foi apreendido um cartaz que transportava com os seguintes dizeres: «Para todos aqueles que procuram perpetuar-se no poder político, através de manipulações e de fraudes, a hora chegou, porque o povo angolano diz que basta!»