Egipto - O antigo presidente egípcio e dois filhos, Alaa e Gamal, estão sob ordem de detenção por um período de 15 dias, no âmbito de uma investigação sobre o uso de violência contra manifestantes. Hosni Mubarak é acusado de ter pago a mercenários para reprimirem os manifestantes, nos confrontos de janeiro e fevereiro, que causaram a morte de vários opositores do regime. Sujeito ontem a interrogatório, o ex-presidente sofreu uma crise cardíaca mas está fora de perigo.


Fonte: RTP

"Filhos investigados sobre Alegados desfalques"

“O procurador-geral Abdel Maguid Mahmoud ordenou a detenção por 15 dias do antigo presidente Hosni Mubaral e dos seus dois filhos no âmbito do inquérito” sobre o uso de violência contra os manifestantes e abuso de autoridade para proveito pessoal, referem as agências internacionais, que citam a página de Facebook da Procuradoria.


O anúncio foi feito quando Mubarak se encontrava hospitalizado, na sequência de problemas do coração ocorridos durante um interrogatório em que terá recusado comer e beber.


As autoridades de saúde garantiram que o ex-presidente se encontra fora de perigo e confirmaram também que os procedimentos judiciais irão continuar agora no hospital de Sharm-El-Sheik, onde Mubarak está internado nos cuidados intensivos.


Mubarak disse, no domingo, numa declaração no canal Al-Arabyia, que tinha de defender a sua “integridade” e recusar as acusações dizendo-se vítima de uma “campanha de difamação”. Mubarak está impedido de sair do país e os bens da sua família estão congelados, desde que o poder militar colocou fim ao seu regime de 30 anos.


Dois filhos de Mubarak estão já sob prisão

A detenção de Mubarak foi divulgada após o anúncio da aplicação de uma medida idêntica aos dois filhos - o empresário, Alaa, e o indigitado sucessor do pai, Gamal. Este constitui o desenvolvimento com maior visibilidade desde que o “clã” foi afastado do poder.


Ainda segundo a procuradoria, os dois filhos de Mubarak começaram a ser interrogados, ontem, em Sharm-El-Sheik, por procuradores do Cairo, também por causa da violência exercida sobre os manifestantes.


Os dois irmãos estarão ainda a ser alvo de investigações, por outro departamento, para apurar alegados desfalques, confirmou o ministro da Justiça, citado pela agência egípcia Mena. Deverão ser interrogados por acusações relativas à “utilização de dinheiro público” no âmbito das operações anti-corrupção, que estão a incidir sobre os colaboradores mais próximos de Mubarak.


À porta de um tribunal da região de Sinai Sul, juntaram-se cerca de duas mil pessoas que gritavam pela prisão de ambos. Quando a carrinha passou com os dois irmãos, rumo à prisão de Tora, no Cairo, a multidão atirou-lhes garrafas de água, pedras e chinelos, o que constitui um sinal de falta de respeito.


O porta-voz da procuradoria explicou, citando o ministro do Interior, que Alaa e Gamal não foram interrogados no Cairo “por motivos de segurança”.