Luanda - Jornalistas e representantes de organizações da sociedade civil na área dos direitos cívicos,  estudam vias de  solicitar do tribunal Constitucional, a fiscalização da futura lei sobre o uso da internet já aprovada na generalidade pela Assembleia Nacional.  Os analistas têm três vias para o fazer:  por solicitação à instituições com poderes para tal. Uma destas é a Ordem do Advogados.


*Alexandre Neto
Fonte: Club-k.net


A outra via, é junto dos deputados, desperta-los das irregularidades constantes do projecto.  E finalmente, a denúncia.

 

O encontro desta quarta-feira realizado aqui em Luanda, visou identificar pontos críticos que colidem com a Constituição.  “Pela forma como ficou estruturado o documento em nossa posse, facilmente se pode perceber que a mesma foi aprovada a pressa” explicou o jurista Beja Satula.

 

Este é um primeiro posicionamento formal das organizações,  relativamente ao assunto.  O jornalista Reginaldo Silva identificou o artigo 17 como sendo daqueles que mais interfere no exercício da profissão. No seu número 1 pode ler-se, “Quem, sem consentimento, oferecer, transmitir, disponibilizar ou difundir gravações, filmes e fotografias de outra pessoa, mesmo quando licitamente produzidos, através de um sistema de informação, é punido com pena de prisão de dois a oito anos ou com pena de multa corresponde”.

 

Esta é uma das disposições que se afigura como estando em colisão com os pactos políticos internacionais. Uma delas é a Convenção de Johannesburgo. Sob este pacto, pessoas com posição relevante nos órgãos do Estado, qualquer que seja o nível de responsabilidade, sujeitam-se ao escrutínio público. E uma das razões avançadas neste pacto, tem haver com o facto deles,   serem implicitamente gestores dos dinheiros que pertencem ao povo.

 

A reunião de ontem  contou também com  a presença de  técnicos na área da informática.
São ao fim ao cabo, dos mais preocupados com o quadro futuro que se desenha em Angola. Eles melhor do que ninguém, entendem o alcance das hipóteses ora formuladas na lei.

 


“Eu seria dos primeiros a manifestar-me caso a lei fosse aprovada como está” disse Eduardo Fernandes, um especialista em arquitecturas de informática.

 

O diploma vai ao ponto de qualificar como crime, o simples acto de  “tentar” executar uma operação na internet, tentativa entenda-se,  como uma acção falhada.  Como repetidas vezes  se lê no corpo do projecto, “A tentativa é punível”.

 

José Carvalho da Rocha,  ministro das telecomunicações ressaltou a necessidade de impor-se mais  controlo á internet, uma  preocupação que disse ter respaldo junto da UIT-organização internacional que superintende as telecomunicações. Como também sublinhou na ocasião, o diploma é inspirado nos modelos dos países democráticos europeus.


 
Sobre o assunto, Beja Satula que foi o convidado principal do evento organizado pela Open Society disse que países como Portugal têm contextos totalmente diferentes.

 

Lembro que o projecto de lei foi aprovado no passado dia 31, com cento e quarenta e sete votos à favor, encontrando-se neste momento na Comissão de especialidade da Assembleia, sem muitas hipóteses alterações de fundo.