Lisboa - Angola perdeu 34 mil milhões de dólares em transações financeiras ilícitas nos últimos 19 anos, ocupando o segundo lugar numa lista dos países menos avançados em que este é um problema grave.


Fonte: Lusa


O relatório, encomendado pelo Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD) à organização independente Global Financial Integrity e divulgada no final da semana passada, conclui que os Países Menos Avançados (PMA) perderam 197 mil milhões de dólares, entre 1990 e 2008, em fluxos ilícitos de capitais.

 

No topo da lista estão o Bangladesh, com 34,8 mil milhões de dólares, e Angola, com 34 mil milhões de dólares (23,86 mil milhões de euros ao cambio atual).

 


Estes valores são mais do dobro dos relativos aos países que surgem a seguir na lista: o Lesoto, com 16,8 mil milhões de dólares, e o Chade com 15,4 mil milhões de dólares. Transacções comerciais a preços fictícios representam o grosso -- 65 a 70 por cento - do volume total destas saídas ilícitas de capitais, mas há também as transferências transfronteiriças de dinheiros resultantes de corrupção, o comércio de produtos contrabandeados, a evasão fiscal e outros crimes.


Esses milhões vão parar a bancos privados, paraísos fiscais e "offshores" em países desenvolvidos, adiantam ainda os autores do relatório.


Além de serem "perda muito significativa" para os países de onde saem, "dificultam seriamente os esforços dos PMA em angariar fundos para o seu desenvolvimento social e económico", denunciou Helen Clark, administradora do PNUD, numa intervenção em que divulgou o relatório.

 

Os dados do estudo apontam ainda que 69 por cento desses fluxos ilegais de dinheiro saíram dos Estados africanos que integram a lista dos Países Menos Avançados. Em segundo lugar, aparecem os países asiáticos com 29 por cento e os da América Latina com dois por cento.


Os fatores que conduzem à saída destes fluxos ilícitos dos PMA são, segundo o documento, de ordem "macroeconómica, estruturais e relacionados com a governação" nos respetivos países.


Os PMA são definidos pela ONU como aqueles que apresentam os mais baixos indicadores de desenvolvimento sócio-económico. A lista atual é composta por 48 países - 33 de África, 14 da Ásia e um das Caraíbas (Haiti) -- mas para este estudo os autores realçam que não há dados de todos os países ou nalguns casos os dados são parciais.