Brasil - A previsibilidade com que o Estado angolano e suas instituições manipulam a mentalidade do cidadão terminam  sempre num “acontecimento ou resultado  totalmente diferente do que eram as expectativas”. Isto, com todas as letras – e se quiserem, também,  com todas as palavras-,  chama-se ironia!


Fonte: WWW.blogdonelodecarvalho.blogspot.com

Desfalque dos 300 milhões: MPLA jamais revelará

Eu sou “maluco” porque aprendi em toda a minha vida a não aceitar  mentiras criadas com fatos e argumentos óbvios, ou até  àquelas mentiras que não levassem o ser humano a pensar e a questionar nada. Mentiras que provocam um anteparo  em nossas mentalidades caem como castelos de areias construídas à beira de uma praia, vítimas da própria maré. 


Uma mentira bem elaborada e se for perfeita, mesmo sendo mentira, não contraria os fatos e  pode convencer  o maior dos gênios. Mas para que ela chegue a ser elaborada com a perfeição desejada  e ideal tem que existir uma perfeita coincidência entre os fatos reais –os corridos- e aquilo que se quer criar como mentira. Mentiras autênticas não marginalizam a inteligência do observador; ou melhor, de suas vítimas. O poder  político em Angola é ingênuo, estúpido  e cínico, porque quando mente marginaliza o bom senso e a inteligência nacional ( aqui está incluído não só o simples cidadão de capacidade intelectual media, mas toda massa intelectual do país).


A prática de se mentir consiste num esforço de se gerar confusão.  E ao contrário do que se pensa, a confusão perfeita é indetectável, imperceptível. É a essência do engano e da própria mentira, já que fatos reais coincidem com a teoria criada – e vice-versa.


Podemos chamar essa coincidência de confusão: Confusão é a mistura de dois entes, coisas, substâncias, de preferência  dois ou mais líquidos, no mesmo espaço e tempo, tornando-se inseparáveis –naquele “ponto(s) do espaço-tempo”.  A mentira indetectável é aquela que por analogia pode assim ser criada, seguindo-se  estes requisitos. A narração do mentiroso – a mentira em si- deve ir de encontro aos fatos, à realidade.


A ironia, para mim, além daquilo que trazem os grandes dicionários da língua portuguesa,  é o resultado da decomposição e/ou putrefação de um cadáver ocultado quando se quer  que aquele crime, que transformou o sujeito em mero corpo, não se deseja que o mesmo seja revelado e decifrado.


Os 300 milhões de euros  são a emersão obvia de um cadáver que tanto se ocultou. Além de uma revelação clara e contundente, de que existem vários casos ou Crimes do BNA e não só um crime (“O Crime do BNA ou Os Crimes?!”). Longe de ser uma descoberta  de  patrimônio individual, de um Sherlock Holmes, é a conclusão mais obvia de que naquele banco, naquela instituição  tudo se faz , mas nada se investiga.


Com certeza o desfalque dos 300 milhões e outros, que talvez a história desse país com o MPLA no poder jamais revelará,  foi criado por uma rede nacional com tentáculos no exterior, onde Portugal é uma das descobertas, claras e obvias. Porque se Angola é a fonte de corrupção e até dos recursos, Portugal é uma das fozes.


E nisso existe algo interessante, que diferencia  aquele país ibérico e o país do sudoeste africano. Enquanto lá os corruptos são investigados e perseguidos, aqui, em Angola, literalmente, e de maneira descarada, sem constrangimento, ninguém está sendo investigado. O caso dos 300 milhões envolve uma rede nacional de gente corrupta que tem poder e influência, de gente que tudo pode, mandam e sabem o que fazer. Ou melhor, como e o que roubar.


Exemplo, quem deu a  ordem em Angola para que a Agência do  Banco Espírito Santos em Londres liberasse as diferentes quantias? Quem checou a documentação, fictícia – ainda em Angola-, dos carros de limpa-neves; a que projetos estão, estavam  ou estarão vinculados as diferentes autorizações e saques para e naquele banco, respectivamente?!


Sei que todas as perguntas aqui são perguntas “obvias”, que não precisam ser feitas pelos melhores investigadores,promotores, juízes e policiais, e até pelo Presidente da República, seus ministros, assessores, secretários e adjuntos. Mas são perguntas que merecem ser respondidas por todos eles, anunciadas por todos os canais  de comunicação. Porque é neste tipo de respostas e procedimentos que começam as  mais simples prestações  de contas  para com toda a sociedade de aqueles que têm a responsabilidade de cuidar  e manipular a coisa pública ( o patrimônio de todos os angolanos).


Pessoas simples, sem poderes e sem influências não têm estruturas para desviarem cifras de milhões de um Banco Central ou qualquer Banco que seja.


Nós os angolanos –todos sem exceção- por respeitos as instituições e aos nossos sonhos de construirmos um  país  mais justo e democrático;  por consideração as promessas que nos têm feito, em respeito ao próprio MPLA  e pela  admiração que temos pelas gerações passadas, que tanto fizeram e lutaram para que esse país se torna-se livre e independente, merecemos as mais mínimas  explicações. E quando estas explicações  tiverem formatos de mentiras que elas no mínimo respeitem a Inteligência do cidadão, o que ainda assim não deixa de ser crime.


Para  dar esclarecimento sobre as minhas divagações filosóficas –sobre Confusão-. Mentir é a arte de quem gosta produzir confusões. As manipulações de que nós os cidadãos somos vítimas não chegam a produzir uma confusão entre o que realmente tem acontecido e o que tentam nos fazer entender, o suficiente para que todos nós sejamos driblados.


Será que tem alguém mais inteligente, por aí, no funcionalismo público angolano – lá em cima no poder?!