Luanda -  À Antropologia como ciência, estuda o homem na sua identidade e alteridade, não se trata apenas do estudo das componentes de uma sociedade, mais e fundamentalmente do estudo de todas as sociedades humanas, das culturas humanas nas suas diversidades históricas e geográficas, abrangendo as nossas sociedades industriais e tecnológicas, desde as pequenas comunidades rurais aos grupos marginais e urbanos. Um dos objectivos principais que enformam a antropologia, é precisamente a interpretação dos processos que constituem, animam ou modificam as estruturas e as objectivações de varias ordens. Privilegiando a interacção informal entre sociedades não ocidentais e as sociedades ocidentais.


Fonte: Club-k.net


O dinamismo de cada sociedade, pode minimizar os efeitos do etnocentrismo e evidenciar o que o escapa as nossas culturas e sociedades, obstinadamente, como a própria vida, às estruturas e às estruturações dos sistemas e às sistematizações, aos interditos e as categorias absolutas. O reconhecimento humano dos conteúdos dessas formalizações, são apresentadas como necessárias, para dar realidade operatória aos conteúdos.



A indução da passagem dos «outros» longínquos a «nós já outros» tornando cada vez menos ingénuos e etnocentricos os nossos juízos de valor, fechados numa subjectividade singular.



A abertura do nosso saber, da nossa ciência e da nossa pratica choca sempre com o interdito essencial que protege qualquer cultura e qualquer sociedade da mais tradicional à mais moderna. Se Antropologia começa por privilegiar áreas geográficas exteriores da nossa civilização fá-lo com fito de construir os “ arquivos” da humanidade nas suas diferenças significativas. Ela não pode no entanto, definir-se por um determinado, objecto empírico em particular pelo tipo de sociedade a que se dedicou nos primórdios preferencialmente ou mesmo exclusivamente, de contrario passado o tempo em que o seu campo de observação consistia no estudo das sociedades preservadas do contacto com a civilização ocidental, ela estaria sem objecto próprio.



A especificidade do contributo dos antropólogos em relação a outros investigadores em ciências humanas, não deve se confundido com a natureza das primeiras sociedades estudadas, para o caso das sociedades extra-europeias. Ela está, no entanto, ligada inseparavelmente ao modo de conhecimento que foi elaborado a partir destas sociedades, a observação directa, por impregnação lenta e contínua, de pequenos grupos humanos com os quais o investigado mantém uma relação pessoal.



O conhecimento antropológico da nossa cultura passa sempre pelo conhecimento de outras culturas. A experiência da alteridade elabora-se através do encontro de culturas diferentes da nossa consequente modificação da visão, da nossa cultura e da descoberta, necessariamente lenta, do facto natural e do facto cultural. Assim, formas de vida e de comportamento, considerados espontaneamente como naturais e inatas, são de facto resultado de escolhas culturais. O maior factor resultado de escolhas culturais. O maior facto natural em todas as sociedades é, justamente a sua aptidão à variação cultural, a sua capacidade de diferenciação de elaboração de costumes, de instituições de modos de conhecimento, de praticas e ritos simbólicos profundamente diferentes.



Assim, a perspectiva epistemológica, que começa justamente por uma revolução de “ olhares” não distanciados, como poderia sugerir o titulo da obra de Claude-Levi-Strauss, mais próximas na medida em que permitem a ruptura com a ideia do duplo, do idêntico e da exclusão do outro longínquo e irredutível dos homens e das sociedades acompanha sempre, a fundamentação cientifica da duvida e da critica de nós próprios e da nossa sociedade.



Esta interpelação torna-se cada vez mais premente, sobretudo quando as identidades culturais são confrontadas com processos de homogeneização induzidos pela urbanização, pela tecnocracia e pela burocracia         



* Cláudio Ramos Fortuna.

Urbanista

Cláudio_fortuna Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.