Luanda - Há sensivelmente um mês que o assunto domina várias conversas. Há uma clara controvérsia instalada. Há pessoas que concordam e outras que discordam, num exercício democrático completamente saudável.


Fonte: NJ


Falo das polémicas entrevistas que o jovem jurista Lazarino Poulson concedeu as revistas Vida e Caras em que apresentou garbosamente o seu património imobiliário, falou dos seus gostos e luxúrias como é a sua invejável colecção de carros, sem que seja a mais cara entre nós.


Permitam-me porém que, após este enquadramento, me identifique como sendo amigo da pessoa em questão e, por esta razão, ter sobre as costas, o condão de vir a carregar um fardo de críticas, quiçá ainda maiores do que aquelas que o Lazarino tem sido brindado.


Mas permitam-me, igualmente, que confesse um grande desconhecimento sobre as razões de ser desta atitude que ele tomou em apresentar publicamente os bens em questão. Por uma questão de carácter e salvo razões inimagináveis, não ousaria tomar a sua atitude.


No entanto, respeito e louvo até a coragem, pasme-se!


O que me deixa perplexo é que, fazendo gala do seu labor, o Lazarino tenha publicamente feito uma declaração de bens e esteja a ser condenado por isso. E, não me parece que hoje o Lazarino esteja sequer entre os mais ricos da banda.


Claro que, cada um de nós, apenas na condição de cidadão e salvo seja aquelas pessoas com cargos públicos, tem a liberdade de declarar publicamente os seus bens ou não. E tudo isso, coincide com o discurso da probidade, com o discurso da transparência, com a defesa da cultura do mérito, do rigor e da competência.


Salvo seja um despropositado release, não nos parece que algum dos seus clientes se tenha publicamente queixado da sua competência ou da qualidade do seu trabalho. Salvo seja um olhar desatento, em momento nenhum lhe vimos fazer gala dos seus títulos, antes dos seus bens. Assim, fica claro, que a atitude do Lazarino Poulson fez despoletar alguns sentimentos ínvios e uma certa guerra de gerações, o que se poderia tornar saudável se não se levasse a questão para o campo pessoal.


As condenações ao gesto de Lazarino Poulson que tenho ouvido, fazem-me pensar que estou diante de um criminoso. E não parece que seja este o caso. Pelo contrário, de um compatriota que com o seu trabalho, com a sua inteligência conseguiu arregimentar para si uns tantos dólares. E isso não poderá ser condenável para um compatriota e saudável para um qualquer expat que para cá atraca.


Alguém tem por ai noção de quantos milhões de dólares o país tem gasto com as empresas de consultoria estrangeiras? Será de todo mau vermos um concidadão nosso enriquecer-se? Preferimos que os nossos petrodólares continuem apenas a encher o bolso de estrangeiros no lugar dos nossos? E será que devemos continuar alimentar a sociedade angolana com a  quimera comunista – desculpem-me se ofendi alguém – de que todos temos de ser iguais em termos de condições sociais? Claro que não, embora seja exigível que todos tenhamos dignamente o básico para uma vida sã e feliz