Luanda -  Em posse das informações e denún¬cias sobre os alegados maus rumos que estariam a ser seguidos pela actual equipa gestora da compa¬nhia área angolana, liderada pelo senhor Pimentel Araújo, o Semanário Angolense pôs-se em campo para obter a versão da Taag, endereçando um questionário de 12 perguntas à direcção da empresa.


*Ilídio Manuel
Fonte: SA


As respostas seriam feitas pelo próprio presidente do Conselho de Administração da companhia, Pimentel Araújo, que diz te¬rem sido elaboradas também com o concur¬so dos responsáveis das áreas a que o assunto diz respeito, tendo elas nos sido enviadas na noite de quinta-feira da semana passada, já por cima do fecho da nossa última edição, obrigando-nos a «embargá-las» para este nosso número.

Aí vão então as explicações da Taag em relação às questões apresentadas.


1 - Há indicações de que alguns fun¬cionários da TAAG, além de terem bai-xado de categoria, tiveram igualmente reduções salariais na ordem dos 70%, a pretexto de que não possuíam nenhum grau académico?


Resposta - Em 2009, no âmbito das inicia¬tivas de refundação da Companhia, a TAAG procedeu à implementação do Programa de Avaliação do Potencial Humano, que visou a implementação do novo Qualificador de Funções e da Grelha Salarial indexada à nova Estrutura de Funções. Partindo de cri¬térios uniformes e transversais de avaliação do activo humano, a Companhia não só as¬segurou a transparência, justiça e equidade no enquadramento dos trabalhadores, como também conseguiu responder aos requisitos estabelecidos, nacional e internacionalmen¬te, para o Sector. Na sequência da aplicação dos critérios estabelecidos pelo Programa de Avaliação do Potencial Humano, nomeada¬mente a verificação dos critérios de acesso aos Grupos Funcionais e a verificação dos requi¬sitos mínimos estabelecidos pelo Qualificador de Funções para o desempenho de uma de¬terminada função ou cargo, verificou-se sim que a grande maioria dos trabalhadores que detinham o cargo de Assessores do PCA ou de Assessores Superiores não possuíam os re¬quisitos mínimos ao nível do grau académico requerido para poderem ser reenquadrados no Grupo Funcional de Assessoria.


Este facto conduziu a que os mesmos tives¬sem sido enquadrados no Grupo Funcional dos Técnicos Especializados, como Técnicos de Suporte à Gestão, função que não cons¬tava da versão inicial do Qualificador de Funções e que aliás foi criada para satisfazer as necessidades internas de enquadramento deste conjunto de trabalhadores.


Acresce esclarecer que, do ponto de vis¬ta da evolução da Carreira Profissional, de acordo com a formação e nível académico, a carreira técnica passa a culminar na função de Assessoria para trabalhadores Licenciados e Bacharéis, na função de Técnico de Supor¬te à Gestão para trabalhadores com nível de habilitação inferior. Não se tratou portanto de uma baixa de categoria, mas da mera re¬posição de justiça entre aqueles que progri¬dem do grupo dos Técnicos Superiores e os que progridem a partir do grupo de Técnicos Especializados, situação que, aliás, está ali¬nhada com o Decreto Presidencial n.º 47/10 de 14 de Maio.


É também importante referir que não se verificou em nenhuma situação de enquadra¬mento, nem mesmo no grupo anteriormente referido, qualquer redução de salário. Pode¬mos fazer esta afirmação com toda a certeza, pois mesmo nos casos em que os trabalhado¬res não registaram a avaliação mínima para ser enquadrados, o seu salário manteve-se e a categoria antiga também.


O que temos verificado é a persistência de alguns em distorcer os factos, como por exem¬plo o da Companhia ter deixado de pagar al¬guns subsídios. É verdade que algumas das remunerações acessórias, como por exemplo o Subsídio de Chefia, foram retiradas, em Março de 2010, sem excepção, a todos os tra¬balhadores com cargos de chefia, mas o valor em causa foi totalmente integrado no novo salário base praticado.

 

2 - Há informações de que os consulto¬res da TAAG, na sua maioria expatriados, estarão a auferir salários galácticos, ou seja chorudos, em detrimento dos quadros nacionais, alguns dos quais com a mesma competência profissional ou superior.

Resposta - Os Consultores que nos têm apoiado em diferentes domínios da nossa ac¬tividade têm dado um contributo significati¬vo no desenvolvimento dos nossos processos de trabalho e na transferência de conheci¬mento para os nossos Quadros. São portanto técnicos que têm acrescentado valor à Com¬panhia e cujo papel não passa, nem nunca passou, por substituir os quadros nacionais. Trabalham sim com os nossos quadros e esta interacção tem-nos trazido resultados positi¬vos.


Como quaisquer outros profissionais, os Consultores recebem honorários em função da complexidade e/ou criticidade da sua ac¬tividade e do impacto que esse trabalho tem na Companhia, sendo importante referir que esses honorários são pagos mediante os meses de trabalho efectivo, sem quaisquer direitos adquiridos.

 

3 - Corresponde à verdade as informa¬ções segundo as quais os comandantes de aeronaves de nacionalidade angolana estarão a ser preteridos a favor de estran¬geiros? E que os nacionais ganham soldos na ordem dos 5/6 mil dólares e os expa¬triados entre os 30/40 mil/mês, como são os casos dos Srs. Raymond Kennedy e Ral¬ph Henry Ermisch?

Resposta - É evidente que não corresponde à verdade. A TAAG tem mantido um pro¬grama intensivo de formação e promoção de Pilotos Angolanos e para isso conta com 3 Instrutores Brasileiros e 4 Angolanos na frota Boeing 777 e 4 Instrutores Brasileiros na frota Boeing 737-700. Para além destes Pilotos Ins¬trutores, a TAAG ainda mantém ao seu ser-viço, por insuficiência de Pilotos Angolanos qualificados, 3 Comandantes e 2 Co-Pilotos na frota Boeing 777. De notar que para ope¬rar os 5 aviões deste tipo que a TAAG terá ao seu serviço (3 existentes e 2 em vias de recep¬ção), a TAAG necessitará de 30 tripulações completas (Comandante e Co-Piloto) e neste momento tem já largados apenas 15 Coman¬dantes e 20 Co-Pilotos Angolanos, estando mais em formação. O curso de qualificação teórica e simulador em Boeing 777 tem a duração de cerca de 45 dias continuando de¬pois a instrução em linha por mais 100 horas de voo. Em média, poderemos dizer que em cada três meses se formam 2 tripulações an¬golanas em Boeing 777.


Os salários de Comandantes nacionais e os honorários de Comandantes estrangeiros são equipados. Um Comandante nacional pode auferir entre 10/12 mil US$/mês, um Coman¬dante estrangeiro aufere US$ 10 mil/mês. Acresce referir que os Comandantes nacio¬nais, por determinação de um acordo laboral assinado em 2005, mesmo que não se encon¬trem em efectivo serviço, recebem o subsídio de voo correspondente a 40 horas de voo.


A TAAG não tem qualquer contrato com o Comandante Raymond Kennedy, mas sim com a firma de Consultores FAA Tim Neel Associates, sendo o Comte Raymond Kenne¬dy um Consultor e Instrutor desta firma, «de¬signee» do INAVIC para a frota Boeing 777, e que muito tem contribuído para o crescente nível de proficiência técnica das tripulações Angolanas desta frota. A responsabilidade pela remuneração é partilhada pela TAAG e INAVIC na base de 80/20. O Comandante Ralph Henry Ermisch é um Consultor Espe¬cialista em referencial IOSA e é a pessoa que, neste domínio, tem actuado como garante da consistência de todo o Sistema de Gestão da Qualidade da Companhia. Só a maledicên¬cia de quem nada faz e não sabe de que fala, põe em causa o extraordinário trabalho e contribuição que tem sido dado à TAAG pelo Comte Ralph.


Entretanto, nenhum arredondamento, ainda que por excesso, aos respectivos hono¬rários, se aproxima dos valores por vós indi¬cados.


4 - É verdade que algum deles sequer lhes é deduzido o valor referente ao IRT sobre os seus salários, como são os ca¬sos dos Srs. João Lameiras, John Botha e José Carlos Vieira Constantino?

Resposta - Os Srs. João Lameiras e José Carlos Vieira Constantino são Instrutores Portugueses da área comercial e operações de terra e descontam IRT como qualquer trabalhador. O sr. John Botha, de nacionali¬dade Zambiana, era um Instrutor Jeppesen que prestou serviços de formação na área de despacho operacional, com muita qualidade, tendo terminado já a sua contribuição na formação da TAAG e regressado ao seu País, por razões de natureza pessoal.


5- Há indicações de que os Srs. Mike Avi¬dian e Rei Sutherland já não trabalham na TAAG desde Dezembro do ano passado, mas continuam a auferir os seus soldos. Quem recebe os referidos salários?

Resposta - Os Comandantes Mike Avedian e Reid Sutherland voaram o B747-300 até ao seu «phase-out» em 16 de Janeiro de 2011 e como tal foram pagos até Fevereiro de 2011, já não sendo incluídos na folha salarial de Março de 2011.

 

6- A que se deve a alegada concentra¬ção excessiva de poderes em torno da fun¬cionária Efigénia da Purificação Martins? que é igualmente administradora para a área dos Recursos Huma¬nos, Direcção de Finanças, Com¬plexos Hoteleiros em Luanda e Lubango e da Central de Com¬pras e Logística (CCL)?

Resposta - A Dra. Efigénia Mar¬tins é Membro Executivo do Con¬selho de Administração da TAAG, tendo os pelouros indicados, à semelhança dos outros Membros- Executivos, PCA incluído, que também detém vários pelouros, como sejam a Direcção de Segu¬rança Operacional, Direcção de Garantia de Qualidade, Centro de Controlo Operacional, Direcção de Informática e Telecomunica¬ções, Gabinete Jurídico e Gabinete de Relações Internacionais e Acor¬dos Comerciais, para além de ser o «Accountable Manager» de toda a organização.

 


7 - Correspondem à verdade as informações segundo as quais as obras de reabilitação do edi¬fício sede da TAAG, ao Kinaxixi, não foram objecto de Concurso Público? E que as mesmas fo¬ram adjudicadas a uma empresa do esposo (Sr. Livramento) da administradora da empresa, no¬meadamente a Sr.ª Efigénia da Purificação Martins?

Resposta: As obras do 6.º an¬dar foram realizadas pela Matag. As outras obras do entrepiso, 1.º e 5.ºandares, foram realizadas pela empresa VL Construções. Não foi propriamente realizado um concurso público, mas foram con¬sultadas duas outras empresas, nomeadamente a Concret, que já vinha fazendo outras obras na em¬presa. Na altura verificou-se que a proposta da VL Construções e a da Concret eram semelhantes em termos de valor, sendo que a pri¬meira era muito mais completa. Em relação à Concret, existia ain¬da a desvantagem de que as obras que já tinha feito na Empresa não apresentavam a qualidade que pretendíamos. Penso que em re¬lação a esta questão os resultados estão à vista. De referir que todo este processo foi discutido e apro¬vado em reunião do Conselho de Administração. Nenhuma destas empresas pertence ao esposo da Dra. Efigénia Martins, e delas não tem sequer conhecimento.


8 - Há também informações de que a referida empresa tem sido privilegiada nos pagamentos por parte da TAAG…

Resposta - Os pagamentos tem vindo a ser feito normalmente tan¬to a estas, como a outras empresas que prestam serviço a TAAG.


9 - A quem pertence a empresa que fornece o catering às zonas VIP do aeroporto?


Resposta – Esta pergunta deve ser feita à firma Liber & Mira¬mar que fornece o catering para o Lounge Executivo da TAAG.


10 - A que se deve a preferên¬cia da TAAG pela PETROFINA, que presta serviços à v/ em¬presa, sem concurso público? E a TEORIA METALO MECÂNICA, que fornece mobiliários à v/ em¬presa, alegadamente a preços acima da média do mercado? Al¬guém estará a colher dividendos dessa situação?

Resposta - Desconhecemos a firma PETROFINA e não sabemos a que serviços se referem. O nos¬so Centro de Compras e Logística tem adquirido algum mobiliário à Teorema Metalomecânica, como adquire à IMEXCO e outras fir¬mas, dependendo muito dos tem¬pos de entrega para ocorrer às ne¬cessidades imediatas.

 

11 -Há indicações de que várias empregadas de limpeza foram afastadas, por via de reformas compulsivas ou por ameaças de despedimento e, no seu lugar, a TAAG colocou a empresa INSU¬LINA, sem concurso público…


Resposta - Ninguém na TAAG foi afastado por reformas com¬pulsivas ou por ameaças de des¬pedimentos, antes mais de 900 trabalhadores aderiram já, e vo¬luntariamente, ao Programa de Renovação de Quadros, tendo re¬cebido as compensações previstas no Programa.


A TAAG é uma Empresa ope¬rando numa indústria de alta tec¬nologia que exige a devida qualifi¬cação dos seus Quadros e daí que muitos mais trabalhadores serão convidados a aderir ao Programa, porque os seus perfis profissionais não reúnem as condições míni¬mas para poderem ser considera¬dos mais-valias para a TAAG, na busca da Excelência Operacional, Financeira, Serviço ao Cliente e Organizacional.


Na verdade, a TAAG terciarizou esse serviço de limpeza, hoje exe¬cutado pelas firmas INSULANA, PROMETEUS e MDS, da mesma forma que terciarizará todos os ser¬viços que não se enquadrem den¬tro do «core business» da TAAG. Qualquer empresa moderna segue este caminho.


12 - A TAAG apresta-se a man¬dar para o desemprego efectivos ligados à protecção civil, que haviam sido integrados como efectivos da companhia há tês anos pelo Sr. Nelson Mar¬tins. Corresponde à verdade que no seu lugar será colocada a empresa SECURITAS e com custos bastante altos para a TAAG?

 

Resposta - Embora a TAAG tenha igualmente terciarizado, há mais de um ano, o serviço de Segurança Patrimonial, num concurso vencido pela empresa SECURITAS, a Companhia ab¬sorveu a quase totalidade dos efectivos de protecção civil na sua Direcção de Segurança con¬tra Actos Ilícitos (Direcção de Se¬curity). A análise custo-benefício das opções da TAAG são actos de gestão que assumimos integral e responsavelmente.