Lisboa  –  Quando em Março de  2006, o Presidente angolano  exonerou Fernando Garcia do  cargo  de  DG do Serviço de Inteligência, as autoridades teriam escolhido,  um outro quadro do aparelho de segurança para o substituir  mas  este  fez  uma exposição ao general Manuel Vieira Dias “Kopelipa”, justificando a razão que o motivavam a não aceitar a responsabilidade. A segunda  alternativa recairia para  André de Oliveira João Sango que desde 2003 respondia pelo  Centro de Formação Especial da Comunidade de Inteligência do Serviço de Informações.


Fonte: Club-k.net

O homem que substituiu Miala

No aparelho de inteligênci  era reconhecido, nos bastidores por ter sido o “ghostwritter”  do memorando de paz do Luena de 2002 e dos memorando com a FLEC, embora nunca tenha dado a cara como o “autor”. Mantinha-se nos bastidores como a figura que formava os quadros da comunidade de inteligência (SIE e SINFO).

 

André de  Oliveira Sango  é filho de pais nascidos  no município do Nzeto, Zaire. Teve vivencia em  Cabinda onde estudou numa missão religiosa e mais tarde mudou se para  Luanda como oficial militar.  No seio familiar não é  a única figura que atingiu  a uma  posição de relevo na hierarquia do estado angolano. A sua esposa, Maria Conceição Sango  é uma antiga alta funcionaria  do Conselho de Ministros que desde Dezembro de 2010, exerce  as funções de   adjunta do provedor de Justiça. Outro membro da sua família que esteve  ao serviço do “poder” é um irmão Peirotoyo Sango,  quadro da policia que fora mortalmente baleado. 

 

Sempre teve preferência para a área de estudos e consultoria razão pela qual  certa  altura já como DG do SIE manifestava retirar-se para dedicar-se a um projecto de  consultoria política e econômica.  Na década de noventa esteve no Brasil a fazer o mestrado e conseqüentemente o grau de doutoramento. Na altura teria se incompatibilizado com o então Cônsul angolano  Ismael Diogo que na sua qualidade de Presidente da FESA, deslocava-se freqüentemente a  Luanda debitando pareceres desfavoráveis contra Oliveira Sango. No regresso a “terra”, centrou-se  na vida acadêmica lecionando  na Universidade Lusíadas  e na UAN. Era dado como um professor “muito” comunicativo com os alunos mas também cauteloso nas aulas.  Quando era para abordar  temas de caris político remetia as aulas para um assistente seu. Os estudantes entendiam que era  para não se comprometer.

 

Embora tenha sido nomeado como DG do SIE, em 2006, Oliveira Sango terá  levado cerca de dois anos para se firmar no posto. De inicio,  não despachava directamente  com o  PR (mas sim ao general “Kopelipa”), e o facto da lealdade dos quadros terem estado centrada  no  então DG adjunto Gilberto Veríssimo, Oliveira Sango passava mesmo  por um DG “decorativo”.  O ambiente interno no SIE  retomou a normalidade  após uma audiência que  solicitou a  JES em Abril de 2009 e este lhe  garantiu  tomar medidas quanto a conduta da corrente do brigadeiro Gilberto Veríssimo.  Em Agosto do mesmo ano, o PR  afastaria Gilberto Veríssimo e quadros da sua linha com realce para António Pedro Francisco e   José Coimbra Baptista Junior “Coy”, na altura, Chefe de Direcção de Apoio Técnico e director do  Gabinete de Estudos e Planeamento, respectivamente.

 

Com a  direcção do SIE, refeita, Oliveira Sango passou  a ter um novo DG adjunto, o brigadeiro  Azevedo Xavier “Xavita”. Concervou o  director  da cooperação e intercambio,  Mario Costa Dias  passando a responder  ao novo DG adjunto. A figura mais nova do seu gabinete, era um jovem Alcante Godinho Resende “Kenino”.

 

Os indicadores da  aceitação de Oliveira Sango no SIE passaram a ser descrito por uma  apreciação habilitada notando por parte do mesmo dedicação  nas estruturas ao qual teria  executado  um novo plano de estruturação administrativa  tal como a formatação e estimulo a quadros jovens. Houve readmissão  de alguns elementos ora identificados como próximos  a Fernando Miala e em  paralelo, isto em Outubro de 2008,  foram registradas promoções de funcionários intermédios, graduação de patentes militares e a criação de cargos equivalentes a coadjutores dos directores da direcção geral.  Tais reajustes valeram, a Oliveira Sango,  pareceres plausíveis por parte do chefe da segurança externa de Cuba, Delgado Rodrigues, a margem de um  passagens por  Angola, na companhia, do  Presidente Raul Castro.

 

O estimulo que Oliveira Sango  prestou aos quadros se vincou  na preparação dos mesmos em seminários destinados a muni-los com conhecimento de gestão para o  empreendimento pessoal. Conctatou  estruturas bancarias a fim de facilitar ao empréstimo de fundos a quadros  do SIE cujo  a necessidade era considerada.  Procedeu a distribuição de viaturas (Land-cruisers, Lexus e Tubarão) para os  directores ou membros  do  conselho de direcção.

 

É também identificado como impulsionador de melhores condições de trabalho. Os funcionários do SIE passaram desde 2009, a trabalhar numa nova sede no  bairro Camama (construção orçada em 78 milhões de dólares). O edifício é  composto por quatro blocos e numerosos compartimentos, entre os quais gabinetes de trabalho, ginásio, piscina, área de lazer, refeitório, auditório  e outros.

 

Os poderes de Oliveira Sango foram também sentidos com a devolução das competências que o SIE passou a ter nas preparações das viagens do Chefe de Estado ao exterior do país.  Em Abril de 2010, foi a ele a quem o PR atribuiu competências para preparar a vinda de Malam Bacai Sanha a Luanda. Notabilizou-se no Congo- Kinshasa por ter ajudado  a abortar  uma tentativa  golpe de Estado contra Joseph Kabila da  Republica do Congo - Democrático. É também a Oliveira Sango a quem   José Eduardo dos Santos usa para comunicar questões sensíveis com Estadistas africanos. A 26 de janeiro do corrente ano foi portador de uma mensagem selada de JES ao  seu homólogo camaronês, Paul Biya. O DG do SIE foi mesmo recebido pelo  Primeiro-Ministro daquele país, Philemon Yang.  Nestas missões, a Presidência da Republica chega a  por a sua disposição uma aeronave para o efeito.  Na pratica, passa também a desempenhar um papel de Ministro Sombra nas relações internacionais.


No decorrer do conflito militar na Costa do Marfim, foi também ele, a pessoa que foi  despachado  para aquele país afim de apurar as vantanges em que se encontrava Laurent Gbagdo. A sua equipa teria detectado que  Gbagdo encontrava-se sem poder militar para resistir mas  aquele Presidente derrotado  rejeitara a proposta de resgate para Angola.