O rompimento de Jorge Valentim com  a turma dos maninhos, dando seu apoinho aos camaradas, possivelmente incondicional,  é uma maneira de livrar-se desse estado insustentável de incoerência.É mais do que isso, possivelmente, é a expressão, a visão de uma tomada de consciência  que reflete o ideal de que qualquer barganha entre políticos e partidos não pode estar acima dos interesses da nação. Tudo vale, sim, mas se esse valer e tudo estiverem  conduzidos a melhorarem a situação política, social e econômica do país. Em filosofia  costuma-se dizer que é bom sempre unir o útil e o agradável.

 O útil aqui, não é segredo para ninguém, é a defesa da paz, é a melhoria das condições de vida do nosso povo,  é a Unidade Nacional, os interesses da Nação sintetizados nessa mesma reconciliação nacional. Que tem sua maior expressão em atitudes como essa, a de Jorge Valentin.  É preciso reconhecer que Jorge Valentin não saiu da UNITA por que quis, mas, sim, porque foi expulso. Para quem é um Kwacha fervoroso defendendo suas concepções, não pode, e é injusto, acusar o mesmo de traidor. Ele fez o que devia fazer para transformar a  UNITA num  verdadeiro partido político de oposição, quis livrar a UNITA do seu passado nada glorioso.  Livrar a UNITA, possivelmente, do espectro do defunto que até hoje conduz esse partido. Foi a UNITA ou a incompreensão de alguns de seus dirigentes que rejeitaram as iniciativas que dariam a mesma  de se posicionar a altura dos problemas da  Nação e ser um verdadeiro partido que não exista, simplesmente, para obstaculizar projetos nacionais,   incluindo o da própria democracia.

 Assim, na lógica Kwachista ou em qualquer uma,  não se pode enquadrar Jorge Valentin como um traidor que abandonou princípios. Pode até ser. Mas que princípios são esses, que hoje os maninhos defendem e ostentam?  A  existência de princípios na turma dos maninhos é questionável; nunca existiu, nem nos tempos de guerra fria, onde se diziam que lutavam contra o Comunismo.

O agradável aqui, que não pode ser condenado, e,  é até um direito e dever de cada cidadão, é sabermos cuidar da nossa carreira  profissional. Em particular qualquer bom político sabe dos requisitos necessários  para ter êxito como um bom político. Por outro lado, com relação ao agradável, a Democracia oferece esse tipo de oportunidade, desde que ações desse tipo caracterizem transparência nas atitudes de cada uns dos políticos. Isso também é o reflexo do calar das armas, ou da violência política que caracterizava atitude  de alguns dos   nossos lideres políticos.  O troca-troca de partidos para lá e para cá pode ser chamado de flexibilidade política, um direito de cada cidadão, desde que essa flexibilidade não leve a atos violentos.  O direito a mudança  de partidos, como esses,  depende de quem o faz, mas não pode ser penalizado por decreto, pela violência como se fazia no passado. Pode, sim, ser penalizado pela opinião de cada um de nós –o cidadão-  opinião que deve fazer parte do debate, pode ser penalizado pelo voto do cidadão. Com relação ao voto, meu voto, vai no sentido de estimular atos gloriosos desse tipo, porque é a nação que sai ganhando e não o revanchismo e a falta de incompreensão.

O  abandono dos muitos ex-dirigentes, militantes e simpatizantes da UNITA  das fileiras desse partido sinaliza de que talvez chegou a hora desse partido mudar  sua postura  política, sua maneira de encarar os problemas de Angola que oscila entre o revanchismo raivoso e o tribalimos  segregacionistas e violento. Acredito que o último congresso da UNITA não bastou, o que ela precisa é de um líder que faça enxergar a nação que a mesma não tem necessidade de trilhar  o que o mais velho Jonas concebia para ela. É  hora de enterrar o defunto!

E quem o fizer, com certeza será absolvido pela historia!

 *Nelo de Carvalho,
Fonte:WWW.a-patria.net