Lubango - As últimas notícias sobre a contestação da liderança da Unita pelo tal Grupo de Reflexão (GdR) confirmam a existência de correntes de pensamento cujas divergências são mais expressivas em determinados momentos. Pelo que nos é dado a conhecer, a corrente mais visível é capitaneado pelo GdR em oposição à liderança da Unita que estão a extremar posições.


Fonte: Angolense


 A liderança fala de um grupo que está a fazer trafulha e, segundo ela, o grupo tem por detrás uma figura ou força escondida. O GdR diz que a sua reivindicação é legítima por estar em causa o não cumprimento duma regra estatutária de realização do Congresso nos prazos previstos. A seguir, na tarde do dia 2 de Agosto Isaías Samacuva (IS) acusou Abel Chivucuvucu (AC) de ser o factor de desestabilização que está na sombra do GdR. No mesmo dia, AC apareceu dizendo que o mais importante nesta fase é a harmonia do Partido.  


 
Seja qual for a representatividade e amplitude do GdR, a sua reclamação mediatizada teve dois efeitos objectivamente observáveis: obrigar a liderança da Unita anunciar a realização do Congresso em finais deste ano e, forçar IS posicionar-se, acabando por anunciar a candidatura à sua própria sucessão.


Há um grande interesse público pelo caso e existem várias maneiras de pensamento sobre a actual “crise” na Unita: há os que estão cépticos e acham que não é bom o que está acontecer porque fragiliza a Unita, na medida em que é um partido importante para a democracia em Angola; os que estão satisfeitos porque o adversário enfraquece e é bom para o partido da situação ganhar; há também os que consideram que os assuntos internos devem ser discutidos internamente nas estruturas apropriadas; há ainda os que acham ser positiva a reclamação pública mediatizada e a contradição, por ser uma expressão de vitalidade da democracia interna na Unita. Todavia, quer o discurso da liderança, quer do GdR, não aproveitam a seu favor este argumento político.    


Na sequência do anúncio da candidatura de IS, seria bom que outros membros deste Partido também o fizessem. Isso seria um sinal de referência positiva para democracia no país e, por via disso, aumentar a pressão sobre os outros partidos políticos que ainda estão colectivamente aprisionados por si próprios.


Se, entretanto, os outros eventuais candidatos à cadeira máxima da Unita participarem em igualdade de circunstâncias, poderia ser um bom indicador da sua democracia interna.


Se haver uma ruptura ou separação das correntes não seria bom para a coesão que se deseja à Unita na fase actual de preparação das eleições gerais no País. Todavia, o cenário de ruptura, a média e longo prazo, seria uma vantagem para o País, cujo mosaico de representação política e partidária reclama a emergência e desenvolvimento de outros actores políticos.


Uma democracia consolidada se constrói também com partidos políticos em democracia e estruturalmente fortes. Boa sorte e aos protagonistas ver vamos.