Lubango - Os desmaios de alunos que se registam nas escolas do País, supostamente provocados por gases tóxicos são repugnantes e, a sociedade deveria desafiar o silêncio sobre este assunto, condenando tais actos e expressar solidariedade para com as vítimas.


*Guilherme Santos
Fonte: Angolense

 
Na terça-feira, 1 de Agosto, a cidade do Lubango viveu um alvoroço pânico em algumas escolas, de uma suposta situação semelhante. Estive de propósito no Colégio Sol com alguns pais, para colaborar com a Direcção da Escola e  agentes da polícia nacional presentes no local, procurando manter o controlo da situação. De um momento ao outro, pais e encarregados irromperam para dentro da escola retirando os filhos e, daí em diante instaurou-se o pânico. De seguida vieram as autoridades policiais, dos serviços de emergência médica, da protecção civil e bombeiros que deram todo apoio a escola e aos presentes. Testemunhei que não houve nenhum gás tóxico, mas sim, pânico que fez desmaiar duas crianças.    


Quando começou o alvoroço, cada pai ou encarregado de educação procurava chegar o mais rápido possível à escola. Os que já tinham retirado os seus filhos tentavam sair depressa e, por causa disso, os acessos à escola ficaram bloqueados por algum tempo. Por regra, estas situações requerem dos cidadãos, calma, contenção, serenidade e colaboração com as autoridades, evitando o pânico. Uma das lições que tirei desta situação, tem a ver com a necessidade e importância da sociedade cultivar uma consciência de procura de soluções colectivas de problemas também colectivos. A Psicologia Social explica o comportamento colectivo das pessoas em situação de agitação e pânico e, existem formas de como lidar com situações semelhantes. Quer o Estado, através das instituições afins, quer as organizações da sociedade civil especializadas, poderiam dar apoio aos pais e encarregados de educação, professores, alunos e funcionários das escolas, através da formação e treinamento prático sobre este assunto. Ainda há tempo para se fazer isso, aos diferentes níveis, mobilizando a sociedade.


Aos pais e encarregados de educação aconselha-se a orientação e apoio aos filhos bem como a sua participação activa na vida da escola. As Comissões de Pais e Encarregados de Educação são os espaços institucionais mais apropriados para este efeito. Todavia, a participação destas deveria ir além das questões sobre o aproveitamento escolar dos alunos mas sim, a reflexão sobre como melhorar a relação escola – comunidade e escola - sociedade, ou seja, os acontecimentos em referência fazem parte de uma realidade social mais abrangente, seja em termos de natureza, causas e consequências.


Às autoridades escolares se requer estimular maior envolvimento e engajamento dos pais e encarregados de educação nas tarefas escolares e, o assumir que os alunos são parte do problema e também das soluções.


Apela-se, também do Executivo, apoio psicológico aos alunos e suas famílias afectadas. Os fenómenos psicológicos são tão complexos que precisam de profissionais competentes em termos técnicos, éticos e morais.


Dos Partidos Políticos espera-se a busca de soluções e posicionamentos sobre o assunto e, não fazer aproveitamento político do sofrimento dos outros.


Das autoridades policiais se requer celeridade no esclarecimento deste assunto e bastante informação adequada e com regularidade aos cidadãos. A nota de imprensa do Governo Provincial da Huíla e a conferência de imprensa feita pela Polícia Nacional na tarde do dia 2 de Agosto é um bom começo.