Luanda - No dia 11.05.11 foram noticiados os primeiros casos de desmaios (Histeria Colectiva) numa escola do bairro Nova Vida em Luanda, cujas causas foram atribuídas a inalação de agro-tóxicos provenientes das culturas nas zonas adjacentes. Posteriormente o fenómeno atingiu mais escolas na capital do país e posteriormente em Cabinda, Cunene, Namibe e Huila.


Fonte: Club-k.net


Após a ocorrência do mesmo fenómeno em escolas das províncias supracitadas, atingindo preferencialmente raparigas que apresentam sintomas de perda de controlo das emoções e acções, histeria, dispneia, desmaios e a existência de rumores sobre a morte de dois estudantes afectos a uma escola do bairro Golfe em Luanda, após receberem tratamento, registam-se as correntes de pensamento que aventavam as hipóteses seguintes:


• Trata-se de uma


• Substância tóxica desconhecida e os autores estão ligados a redes terroristas com fins inconfessos.


• É um acto de vandalismo perpetrado por alunos vândalos e/ou pessoal docente e discente.

 

• Eram forças ocidentais cujo objectivo era desacreditarem o Executivo e as instituições do Estado.


• Se tratava de uma experiencia semelhante ao surto de Marburg que assolou o norte de Angola no final de 2004 e até 30 de Março de 2005 pereceram 126 pessoas. Doença essa que foi detectada na Alemanha em 1967.

 

Os rumores foram ganhando corpo à medida que os casos se multiplicavam devido a falta de um esclarecimento quer das autoridades sanitárias e policiais, prevalecendo a ideia de que se tratava de intoxicação por aerossol, spray de pimenta, etc.

 

Depois de acalmar os ânimos, é imperioso que se analise o fenómeno de cabeça fria e a julgar pelos sintomas (perda de controlo das emoções e acções, histeria, dispneia, desmaios) estamos perante a Histeria Colectiva ou Doença Psicogénica de Massa. Às vezes um acontecimento isolado desencadeia uma série de eventos que culmina em uma crise de histeria colectiva.

 

Essa doença ou fenómeno como alguns chamam é caracterizada por um problema psicológico em que as pessoas afectadas apresentam um comportamento invulgar ou sintomas de alguma doença sem qualquer razão concreta aparente. Geralmente afecta pessoas que se encontram no mesmo ambiente (escola, escritório) e são afectadas pelos mesmos factores ou estímulos como stress.

 

Importa frisar que o caso de Histeria Colectiva não iniciou em Angola, ao longo da história foram registados em vários pontos do globo e as explicações para o surto de desmaios não convergem, excepto que a causa (ou agente) não é orgânica. Essa conclusão surgiu em função dos testes laboratoriais de urina, sangue, cabelo, saliva não terem revelado a causa de tantos desmaios ou desfalecimentos em indivíduos do sexo feminino.

 

O registo mais antigo remonta de 1518 em Estrasburgo, França e atingiu cerca de 400 pessoas que saíram a rua a dançar sem música, foi baptizada de "Praga da Dança". Tudo iniciou quando uma mulher passou por uma rua a dançar e contagiou aos poucos as pessoas que a viam. Esse surto foi marcado por mortes derivadas de paragens cardíacas e derrames cerebrais.

 

Em 1977 na Ilha de Colares, no estado do Pará/Brasil se registaram casos de Histeria Colectiva, mas na época as vítimas defendiam ter visto luzes, Objectos Voadores Não identificados (OVNI) e alguns ainda disseram que tiveram contacto com Extra terrestres, o que levou a Força Aérea a realizar investigações serias em torno do caso.

 

Outro fenómeno similar aconteceu em 1962 na Tanzânia, onde um número considerável de pessoas começou a rir histericamente durante seis meses ininterruptos. O surto teve início numa escola, quando os alunos começaram a rir sem motivo aparente, contagiaram os professores e se espalhou pela vizinhança.

 

Foram registados alguns efeitos como dores agudas e ataques de choro, dada a dimensão do fenómeno e o número de vítimas a situação foi investigada por instituições internacionais.

Em 2006 na Cidade de México o fenómeno ocorreu num internato católico quando as raparigas subitamente começaram a apresentar sintomas de doença como dificuldade para andar, fraqueza excessiva, febre, desmaio e enjoo. Depois de aturadas investigações, as autoridades afirmam que o problema não tem causas físicas ou orgânicas, apesar de 600 estudantes terem sido vítimas da Histeria Colectiva.

 

Em 2005, no aeroporto de Melbourne na Austrália, uma funcionária teve um desmaio próximo à escada rolante. Seguidamente, duas outras tiveram problemas e desmaiaram também. Por questões de segurança o aeroporto desligou o ar condicionado para evitar um ataque terrorista com gás, mas depois que tudo se restabeleceu as autoridades verificaram que se tratou de uma doença psicogénica de massa, outro nome para a Histeria Colectiva.
Entre Maio e Junho de 2011, 71 alunas da escola Quisse Mavota, no  bairro do Zimpeto, na cidade deMaputo perderam os sentidos durante as aulas. No primeiro dia foram registsados 25 casos.

 

A direção do colégio apontava como causas a anemia ou desnutrição. Mas especialistas do Ministério da Saúde acreditavam que a questão era psicologica ou “causas emocionais”. Devido ao impacto dos desmaios e a pressão da sociedade que atestavam se tratar de um problemna tradicional (feitiçaria) , o Ministerio da Saude teve que realizar uma ritual “mhamba” para acalmar os espiritos, pois os medicos tradicionais que têm peso no país levaram a população a acreditar de que se tratava de um espirito de um morto, pois o local em que se encontra escola foi um cemiterio.

 

Daí a necessidade de se esclarecer os leitores e assegurar desde já que as hiposes apresentadas não estão descartadas, mas são secundadas por essa explicação. Pelo facto ter sucedido noutras regioões do polaneta, os estudos sobre o mesmo prosseguem de forma aturada, pelo que até se encointrar as causas convèm não se difundirem inverdades que podem propiciar revanches, xenofobia, sentimento de insegurança, intolerancia politica, etc. o que sem duvida faria claudicar o processo de estabilização do país, paz e reconciliação nacional.