Pretória - No ano passado, um jornal Canadense perguntou ao Bonga se acreditava no futuro do nosso país e o músico respondeu:“Eu acredito no futuro de Angola, principalmente com essa juventude, com esse sangue novo que está aí a chegar e que já teve uma grande experiência com outros países, porque eles já provaram a democracia, já provaram a liberdade, eles já se manifestaram cá fora”. 

ImageBonga depositou esperança na nova geração tornando se numa das raras personalidades que teve capacidade de fazer leitura dos ventos da nossa história. Citando John Henrik Clarke: “A história é um relógio que as pessoas usam para saber o seu registo de tempo - político e cultural. Quem são e o que são. Acima de tudo, a história indica às pessoas para onde elas têm de ir e o que devem ser. Existe entre as pessoas e a história uma relação idêntica à que se verifica entre mãe e filho” (fim de citação) É isto que Bonga fez. Situou a geração a que pertence reconhecendo que existem questões de interesse nacional cuja solução mora no  nosso coração. (leia-se Juventude).

A historia de cada nação é marcada pelo  trabalho feito  por sucessões de gerações tendo cada  uma  deixado um legado para as gerações vindouras. Em Angola a Independência é um facto. Igualmente a paz. O mesmo não podemos dizer da democracia. Esta passa pela reconciliação dos angolanos. Se um grupo do MPLA desejar reconhecer os feitos de Holden Roberto ou o  “15 de Março” como data efeméride, surgirá objecção de uma facção interna justificando que a FNLA de Presidente Holden matou seus familiares. Se um grupo da UNITA festejar o “17 de Setembro” outro grupo poderá se opor dizendo que o Presidente Neto não foi   o único herói da independência. Isto para dizer que existem pendentes que só poderão ser resolvidos por uma geração isenta.

Os nossos pais dizem-nos que todos devem ingressar no “partido”. Compreendemos que o momento exige de nos espírito patriótica e não partidário. O “partido” precisa de mais amigos que militantes. São os amigos que ditam a vitória do “partido”. Se todos entrarmos para o  “partido”, Angola terá característica de partido único. Não é isto que queremos para o nosso país. Não se faz democracia com um único partido. A democracia esta nos nossos corações. A democracia é a vontade que temos de fazer de Angola um nação em que todos  se respeitam.

Dizem-nos que quando a juventude reclama a situação social do pais é  logo acusada de pertencer a oposição. A juventude é o povo. Se o povo é a maioria, então todo povo pertence a oposição. Se assim for então há algo de errado com o trabalho da minoria que a todos deveria servir. Apenas uma geração que respeita a diferença  será capaz de compreender o sofrimento povo sem apelida-la de oposição.

É necessário que as outras gerações não sejam violentas connosco (entenda-se Juventude). Que não encarem os nossos desabafos como afronta.. “Num mundo onde há pouca justiça é  perigoso ter razão”  dizia  Jean de La Bruyère, o grande moralista francês do século XVII. A “geração da independência” só resolverá os nossos problemas se nos escutarem. Precisam compreender que não somos a “geração da democracia” porque alguém nos mandou. Somos a “geração da democracia” porque a nossa forma de pensar é diferente. A nossa luta é diferente. Queremos lutar para sermos bons quadros. O bom quadro serve para sempre a sua pátria ao contrário de quem luta para bom cargo.

Não podemos esperar pela geração da independência para realizar  o sonho da juventude. Uma nação sem juventude não tem futuro. Ninguém ira  dormir os nossos  sonhos. Temos de ser nos a fazermos.  O Bonga diz que: “É essa juventude que tem que nos dar a certeza de que são capazes de ir para a “frentex” nesse clima que a gente precisa para que o nosso povo seja feliz”. Entendemos a mensagem  como voto de confiança. É o pronuncio de que a missão da geração da independência termina onde começa a geração da democracia.

* José Gama
Fonte: Club-k/Angolense