Luanda - Uma calma tensa regressou à capital angolana,depois da manifestação anti-governamental de sábado, que foi reprimida por forças policiais.


* Alexandre Neto
Fonte: VOA


Os líderes da iniciativa continuam detidos, sem qualquer contacto com os seus advogados, mas serão presentes em tribunal, esta segunda-feira.

 

A situação apresentava-se calma, hoje, na Praça da Independência apesar de rumores que davam conta de novas concentrações populares, sobretudo dos mesmos manifestantes que se retiraram ontem pouco antes das zero horas e que tiveram de pernoitar junto ao edifício da CEAST, na igreja católica no S. Paulo.

 

Era intenção regressar hoje para protestar pela soltura de companheiros seus, principalmente os líderes detidos, ainda em parte incerta.


Do município do Cacuaco, norte de Luanda, houve relatos não confirmados dando conta dum movimento para o centro da cidade.

 

A presença da polícia estava reduzida na praça pública, se comparado com o efectivo de ontem. Mesmo assim eram indisfarçáveis homens à paisana presentes no local, geralmente de bom porte físico com postura de observador muito atento a qualquer movimento no local.

 

Alemão Francisco foi um dos manifestantes. Encontramo-lo na manhã de hoje, a cerca de 50 metros da praça. Contou-nos que fazia parte de um grupo de 11 pessoas que a polícia perseguiu com cães, quando se retiravam ontem do local. A perseguição foi até ao portão da CEAST. Adiantou ainda que tiveram de dispersar em busca doutros locais mas previam concentrar-se novamente hoje.

 

De acordo com a fonte que estamos a citar, muitos dos companheiros terão sido atacados pelos cães. Não precisou, contudo, com que gravidade e se terão sido assistidos nalguma unidade hospitalar aqui em Luanda.Durante a conversa que mantivemos, foi possível constatar que Alemão comunicava ao telefone com os restantes companheiros algures pelo perímetro da praça da Independência.

 

Tudo que conseguimos apurar junto de fontes policiais nas esquadras por onde passamos, que diziam desconhecer o paradeiro, os detidos vão ser presentes em Tribunal nesta segunda-feira. Não se sabe sob que acusação dado que nem os Advogados conseguiram contactá-los.


A VOA testemunhou ontem na rua Joaquim Kapango, junto a igreja da Sagrada Família, a detenção de 4 dos responsáveis da organização da manifestação, que saiu da praça da Independência em direcção ao palácio presidencial, em meio  a uma  organizada agressão de jornalistas, protagonizada por agentes afectos à polícia, trajados à civil.

 

Meios e haveres eram o principal alvo dos carrascos. O objectivo era apreender qualquer material reportado a fotos, câmaras e telefones.


Tudo terá ficado mais ou menos claro, com a agressão do jornalista António Cascais da Voz da Alemanha. O profissional foi atacado por indivíduos à civil, quando regressava do local onde decorria a manifestação, quase à porta do hotel onde se encontra hospedado.
Levaram telefones e câmara. Nada mais...