Brasil - Que bom, que até quem foi Ministro – Primeiro Ministro!- e Secretário do Partido da situação desde que este país tornou-se independente, lançou ao vento que a bajulação é perniciosa, existe e deve ser tida como a matéria e a essência que alimenta a corrupção. Ou seja, um ex- alto membro do governo de Angola já consegue  reconhecer e visualizar que a corrupção é um mal institucionalizado, que mesmo, tecnicamente,  “difícil” de se provar, só existe um mecanismo para ceifar aquele mal, acabar com a cultura da bajulação.


*Nelo de Carvalho
Fonte: Club-k.net


A bajulação é um ato ou maneira sublime, que em Angola, o funcionário público, o membro do Partido no poder, o MPLA, sempre teve para se enquadrar aos esquemas de corrupção: quem não bajula pode correr o risco de “morrer de fome”; e  de perder o cargo tão sonhado.

 

Os esquemas de corrupções nesta nação têm como protagonistas, cabeças e legitimadores, os homens do poder. A bajulação é uma prática de reconhecimento de tudo que ronda o poder público em Angola, um poder corrupto personificado –sempre! Não temos como não associar a presença de algum Ministro, Chefe, General, “liderança”, em Angola, às práticas de corrupção. Aqueles estão e existem para estas como a noiva existe para o seu noivo antes e depois das noites de núpcias.


Assim, é uma surpresa  e vitória, daqueles que com ousadia  pioneira,  que Marcolino Moco, agora jurista, professor, cientista e blogueiro, homem do facebook, e um dos fantasma que o club-k sabe protagonizar para acabar com a hegemonia da opinião vinda dos meios tradicionais angolanos, hoje atrelados a corrupção, venha nos  informar, sem a tradicional cautela de não ferir sensibilidades dos antigos companheiros, sobre como a bajulação flui nos bastidores. Marcolino Moco sabe que um ato de bajulação que promove o  tráfico de influência, o favoritismo, o clientelismo, o patrimonialismo e o generalismo, não tem nada a ver com segredo de Estado. Ao contrário, denunciar isso,  mais do que um favor, é uma obrigação  para  com  a pátria.  É ser tão heróico como os combatentes da nossa luta armada; denunciar isso é uma maneira de não deixar que esse povo seja enganado; é um ato que não precisa de pedido nem de consentimento; não precisava nem da alavanca do nosso escritor e Deputado João de Melo.

 

Atrasado! Ainda assim Marcolino Moco está de parabéns, “melhor tarde que nunca”. O que chama atenção no meio de tanta bagunça institucionalizada é como alguns daqueles antigos camaradas tratam este como um homem confuso e “perigoso”. Como alguém que pudesse pôr em jogo – em jogo aqui significa, literalmente, estragar- todo um programa combinado por amigos ou antigos camaradas nos bastidores. Em que este, o nosso jurista e professor, preferiu cair fora ou saltar de um barco que tarde ou cedo vai afundar, e em que seus atuais ocupantes, insistentes naquela trajetória de navegação, estão cada vez mais perdendo o rumo da nau. Ou, ainda, talvez, por motivo de não compactuamento,  nosso rebelde político foi lançado ao mar como um naufrágio.

 

Na verdade, muitos “segredos de estado” ou sobre a corrupção  Marcolino Moco tem ou teria condição de nos contar em benefício de um regime que fizesse do sistema angolano mais transparente e que pudesse incluir todas as tendências políticas, até tendências como a dele. Que mesmo sendo do MPLA, por criticar a desordem e a ilegalidade em que nos habitou o executivo  com seus atos sempre condecorados com a bajulação, Marcolino foi expulso do paraíso dos corruptos.

 

A rejeição deste político naquele ambiente e a forma como João de Melo enfatiza a necessidade do reconhecimento cedo da substituição do mais alto mandatário e o mais alto corrupto da nação –sem ironias-, é a prova  de que o MPLA de Partido Político sério transformou-se no partido político mais corrupto que existe no Planeta Terra. Nessas circunstâncias, o MPLA transformou-se num partido de esquerda rancoroso e desesperado para manter a ordem interna. E que agora, ainda, continua fingindo que está a altura de resolver os problemas de todos os angolanos. Um partido de esquerda desacreditado, até mesmo no contexto angolano principalmente pelos intelectuais, e que fora das fronteiras deste país, que é onde pode vir a sua maior derrota, vem a experiência que jamais o mesmo gostaria de ter.


Nelo de Carvalho