Lisboa - O acompanhamento directo de duas figuras de confiança do circulo presidencial, os generais José Maria e Manuel Vieira Dias “Kopelipa”, no caso dos jovens manifestantes (realização da manifestação e respectivo julgamento), é interpretado, em meios competentes, como estando a actuar como os “ouvidos e olhos” de José Eduardo dos Santos (JES) na determinação de se obter dados exactos.
Fonte: Club-k.net
Juiz da sentença teve contacto com “Zé” Maria
A decisão do Juiz Simão Adão, em condenar os manifestantes a prisão máxima de três meses, foi baseada em pressões exercita ao mesmo. Na sexta-feira (09), o general José Maria deslocou-se ao tribunal da policia na Maianga onde decorria o julgamento, e logo após a sua chegada, o juiz Simão Adão pediu licença para sair da sala da audiência. O magistrado regressou perturbado e tencionava alterar a acusação contra as vitimas mas seria travado pela defesa, até mais tarde ter recebido um telefonema que coincidiu com a hora que deu por terminado o julgamento. Na segunda (12), o juiz reiterou a posição, em alterar a acusação contra os jovens. Deixou de os julgar por suposta agressão aos policias (por falta de provas), passando os manifestantes a serem condenados, em última hora, por residência as autoridades policias. (A defesa promete levar o assunto ao tribunal supremo queixando-se da violação das normas por parte do Juiz)
O envolvimento das figuras do circulo presidencial no assunto dos manifestantes, observou-se na sua fase inicial. O general Manuel Vieira Dias “Kopelipa”, esteve presente, no momento em que iniciou a agressão contra os jovens nas mediações do Município da Ingombota. Apreciou o desenrolar dos acontecimentos sentado no interior da sua viatura, sem ter dado nas vistas.
A entrega que se verificou em “Kopelipa”, é percebida, em desabafos que faz, em círculos privados, segundo a qual se acontecer algo, fruto das manifestações ele seria um dos principais visados. Foi em estreita colaboração com o empresário presidencial, Bento dos Santos “Kangamba” que se fizeram presente no momento da manifestação, elementos que deram-se por manifestantes.
De acordo com apreciações habilitadas, havia indicações de precipitar a morte de dois jovens no momento das escaramuças, no sentido de desencorajar futuras manifestações. O cenário de julgamento é decorrente de um plano alternativo. Minutos a seguir, a agressão, foi distribuído a imprensa, um comunicado em nome do comando geral da Policia Nacional dando conta dos acontecimentos. Carmo Neto, o porta-voz da policia e igualmente escritor da UEA, foi orientado a assinar o comunicado sem direito a se opor aos erros ortográficos do documento. O Comandante-Geral da Policia Ambrosio de Lemos, teria igualmente sido desencontrado.
No domingo (11), o general José Maria foi pessoalmente a cadeia da Kakita, em Calombo, onde se encontra, o líder da JURA, Mfuka Muzemba para interrogar os detidos, numa sessão que teve inicio das 11h da manha e terminou por volta das 16h do mesmo dia. A deslocação do mesmo foi entendida, como estando a fazer levantamento das respectivas famílias e ligações partidárias dos mesmos para subseqüente estratégia de condenação. Mfuka Muzemba é visto como o principal alvo destinado a conotar as manifestações em Angola, a UNITA.
O grupo dos novos detidos foram apanhados no seguimento do julgamento contra os jovens manifestantes do dia 3 de Setembro. Acabaram também por se manifestar nas redondezas do tribunal. Um Jornalista do “Continente”, João Jorge (e o SG da JURA) que estevam no local a fotografar acabaria por ser levado pela policia.