Namibe - O jornalista correspondente da Rádio Despertar, Pedro Cafiele, há mais de três anos ao serviço da comunicação social privada na província do Namibe, está a ser fortemente perseguido por supostos dirigentes do grupo de acção do partido no poder, do Bairro dos Eucaliptos, presumivelmente por não partilhar os caprichos daqueles políticos.


Fonte: VOA


As ameaças da morte segundo o visado resultam da relutância de Cafiele por se abdicar filiar-se no partido MPLA. Falando para a Voz de América. Pedro Cafiele disse que o coordenador adjunto do comité de acção do Bairro dos Eucaliptos, Artur Kapata Chikuakuala, professor de profissão na escola nº 31 do mesmo bairro, declarou que a sua missão, só termina com o assassinato do jornalista.

 

Inconformado com o cenário que tira sono à família o jornalista ao serviço da Rádio Despertar, na semana finda, apresentou queixa à Polícia de Investigação Criminal para o esclarecimento dos factos.

 

«Estou a ser perseguido pelo coordenador do comité de acção do MPLA, no Bairro dos Eucaliptos, senhor Artur Kapata Chikuakuala. Ele me tem ameaçado, inclusive a última vez que ele se atirou contra mim, chamou-me a atenção para que eu me precavesse bastante, disse-me que não vai descansar porque o propósito dele só termina com a minha morte e neste momento, estamos aqui na Polícia de Investigação Criminal para o esclarecimento dos factos», asseverou.

 

Artur Kapata Chikuakuala, suposto carrasco do jornalista da Rádio Despertar no Namibe, instado a pronunciar-se dos factos, negou prestar qualquer declaração.

 

O jornalista Pedro Cafiele, pede apoios das instituições nacionais e internacionais dos direitos humanos, patrocínio de assistência judicial dos autos, com vista a levar o seu carrasco às barras do tribunal.

 

«Não tenho advogado constituído, como sabe, localmente, quase que tudo fica difícil, mas estamos a envidar esforços junto dos colegas em Luanda, instituições nacionais dos direitos humanos e o Comité Internacional de Protecção dos Jornalistas, sabiamente liderado pelo Dr. Mohamed Keita, no sentido de ajudar providenciar um advogado assistente do processo, a bem da verdade, eu estou a beira da morte» gritou.


Mohamed Keita do comité internacional de protecção dos direitos humanos já entrou em contacto com o jornalista visado, a Voz de América soube igualmente que o MPLA, descartou-se de qualquer conotação com o cenário, responsabilizado o presumível autor, a ser verdade os factos, ao passo que o processo em instrução, está na sua fase derradeira, depois das duas partes terem prestado declarações, aguarda-se agora pela acareação nos próximos dias.

 

Perante estes factos, a família de Pedro Cafiele mostra-se apavorada com os factos decorrentes e por isso exige justiça. O referido processo está a cargo do investigador Mangundo, oficial  de criminalística da Direcção Provincial do Namibe da Policia de Investigação Criminal.


«O lugar dos prevaricadores é lá nas cadeias e os irracionais na selva, portanto, o partido no poder na província do Namibe deve esclarecer estes factos que põem em causa a imagem do MPLA», disse

 

No meio desta adversidade, aquém fica pelo caminho, com o medo ou pressão familiar, tal como algumas jornalistas o fizeram num passado muito recente, haviam apostado no jornalismo investigativo na Província do Namibe e acabaram por desistir, facilitando os desígnios dos querem manter o jornalismo angolano a seu belo prazer.


Instado a pronunciar-se, se estas ameaças poderão enfraquecer o seu profissionalismo e projecto jornalístico ou não, junto do órgão a que pertence, Cafiele respondendo disse:


«De forma nenhuma me vou acobardar, deixando de ser aquilo que sempre fui e gostei fazer. Antes pelo contrário, e melhor do que nunca, é agora que devo me levantar e dizer em voz alta que estou decidido lutar ao lado daqueles colegas que lutam pela liberdade de imprensa e democratização do país, porque situação do género se nos calarmos, continuaremos se calhar a se humilhados, o nosso espaço já conquistado cada vez mais usurpado. O esforço para a conquista da liberdade de imprensa é a nossa luta e o faremos dentro das nossas disponibilidades ainda que isto custe mais um pouco do nosso sacrifício. Se alguém pensa que intimidar o Pedro Cafiele, como o fizeram com alguns dos meus colegas, aqui no Namibe é a melhor forma encontrada para me fazer calar, então afirmo aqui e agora que estas pessoas estão enganadas, não cederei pressões nenhumas, os ouvintes da Rádio Despertar em Luanda, continuarão a ouvir os trabalhos do Cafiele de sempre», retorquiu.