Lisboa - A condenação de manifestantes a penas de prisão não evitará novos protestos contra o regime do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que, ao reprimir, está apenas “a mostrar aquilo que é”, afirma o jornalista Rafael Marques, numa entrevista que o PÚBLICO edita nesta quinta-feira.


Fonte: Publico


Marques, que já foi distinguido internacionalmente pelo seu trabalho na defesa dos direitos humanos, entende que as recentes manifestações de Luanda não significam que Angola venha a viver uma espécie de Primavera árabe.

 

Já esta semana, um tribunal angolano condenou 18 pessoas que no dia 3 de Setembro se manifestaram em Luanda a penas de prisão entre 45 e 90 dias. Um segundo grupo de 25 manifestantes, detidos há uma semana junto ao tribunal que condenou os primeiros, está a ser julgado.

 

O jornalista angolano, que quinta-feira lança em Lisboa um livro em que denuncia abusos e tortura em zonas diamantíferas da Lunda-Norte, considera que o Presidente “já não tem muito espaço de manobra”, mas ainda pode “politicamente liderar uma transição”.


Sobre Manuel Vicente, presidente da empresa petrolífera Sonangol, cujo nome foi recentemente noticiado como provável sucessor de Santos, afirma não acreditar que os angolanos aceitem a continuidade do regime sob a liderança de “um homem extremamente corrupto”. “O país não é de José Eduardo dos Santos, isso deve ficar bem claro”, afirma também.