Luanda -  Bento Bento vai reunir-se hoje na Cidadela com todos os "sus muchachos", na sequência dos últimos incidentes que envolveram a manifestação do dia 3 Setembro.


Fonte: Morrodamaianga


O MPLA está, obviamente, no direito de reagir da forma que melhor entender, desde que esta reacção não ofenda os pilares da constituição angolana, do ponto de vista dos Direitos, Liberdades e Garantias Fundamentais.

 

Continuo a pensar que os acontecimentos do 3 de Setembro com todas as suas consequências não podem levar as autoridades angolanas, entre governamentais, politico-partidárias e judiciais, a adoptarem outras posturas menos consentâneas com o Estado Democrático de Direito.

 

Até agora não tenho conhecimento que alguma força política deste país ao nível dos partidos legitimados pelo pleito de 2008 tenha defendido processos de alternância do poder contrários aos que estão previstos na Constituição.

 

Para que conste aqui, embora nunca tenha deixado qualquer dúvida a este respeito nos pronunciamentos que tenho feito, estou convencido que só respeitando a Constituição, com a qual até discordo parcialmente, poderemos encarar o presente e o futuro com confiança e estabilidade.

 

A tentação da repressão arbitrária (com recurso aos meios securitários/toton macoutes) e da caça às bruxas não pode voltar a fazer morada entre nós, embora esta cultura institucional nunca tenha desparecido do nosso país, desde Maio de 1977, altura em que ela foi "eleita" como o principal recurso do poder para controlar, pela via do medo e da intimidação, a sociedade angolana.

 

Estou pois preocupado com as "orientações" que poderão resultar deste encontro, considerando o potencial de "violência verbal" que já é uma imagem de marca de BB.


Acho por outro lado que todos aqueles que querem "acelerar" o passo das mudanças, não se podem esquecer que os seus direitos ao nível da liberdade de expressão e de manifestação, têm de ser geridos dentro dos marcos da Constituição que ao salvaguardar tais direitos, estabelece os necessários limites ao mesmo tempo que consagra outros direitos, sem os quais a paz social se pode transformar rapidamente numa miragem.


O caos não aproveita ninguém