Luanda -  A paternidade do movimento do Pan-Africanismo gera muita confusão; uns dando-a ao primeiro Presidente do Ghana, Kwame Nkrumah, outros dizendo que foi  Franz Fanon o seu autor, e ainda outros defendendo que foi o norte-americano William Du Bois.


Fonte: Angolense


A própria ortografia da palavra presta também a confusão: Pan-Africanismo ou Pan-Africanismo. No texto, optamos Pan-Africanismo.

 

Segundo Eliene Percília, apesar do nome, o Pan-Africanismo não nasceu em África, não foi idealizado e nem dirigido nos primeiros anos por africanos.   O Pan-Africanismo foi idealizado por negros norte-americanos e negros antilhanos, em 1900, com o objectivo de expressar seu apoio a algumas comunidades africanas que estavam sendo vítimas de expropriação de suas terras.

 

Considerado o pai do Pan-Africanismo, W. Burghardt du Bois, em 1903, passou a liderar os movimentos negros americanos.

 

Fazendo a junção da defesa cultural e da luta pela independência política, conseguiu mobilizar a vontade dos africanos e o apoio da opinião pública em diversos países.  O Pan-Africanismo foi de extrema importância para esse período, pois era o único meio de transmitir os idealismos africanos.

 

Seu grande mérito foi ter proporcionado aos africanos a oportunidade de tomar uma iniciativa na busca de soluções para seus problemas. O erro primário do Pan-Africanismo foi o de almejar um tipo de unidade africana impossível de ser colocada em prática. Os partidos da época queriam constituir os “Estados Unidos da África”, unindo todo o continente em um só país.
 


Após os anos 60, os nacionalistas tinham boa parte do poder dos países independentes em suas mãos, a criação de uma África uniforme se tornou algo impraticável. Porém, esse movimento conseguiu mostrar ao mundo que os negros também têm seus direitos e que sabem lutar pelos mesmos, embora a parte preconceituosa da população mundial diga e pense o contrário.

 

Desta forma, o Pan-Africanismo pode ser considerado um dos maiores movimentos que defendem os direitos africanos perante o mundo. Nkwame Nkrumah foi o autor da teoria da libertação de África, da Unidade Africana e um livro sobre o Pan-Africanismo.

 

Kwame Nkrumah e George Padmore, que se tornaram lideres dos movimentos de independência em seus respectivos países, tentaram implementar o Pan-Africanismo. Nkrumah encontrou uma séria resistência à implementação do Pan-Africanismo, pois, naquela altura, muitos países africanos, nomeadamente as antigas colónias britânicas e portuguesas lutavam ainda pela sua libertação.

 

E estratégia da luta de libertação dessas colónias dividia os líderes dos países africanos já independentes. Uns defendiam a libertação por via armada – aconselhados por Franz Fanon, outros pela via do diálogo. Assim o continente dividiu-se em dois blocos.
Preicasa-se antes de tudo de uma unidade da Africa. O que quer dizer que o na fundação da Organização de Unidade Africana (OUA), a África estava dividida em dois blocos: nomeadamente o Bloco de Casa Blanca e o Bloco de Monróvia.

 

O Bloco de Casablanca (capital do Reino de Marrocos onde se realizou a primeira reunião dos chefes de Estados africanos) era liderado por Kwame Nkrumah e dava primazia à libertação de África pela via armada e à construção de um governo panafricano. A libertação de África pela via armada era preconizada por Franz Fanon.


O grupo de Casablanca era designado como Progressista. Outras figuras de relevo do Bloco de Casablanca são nomeadamente Sekou Touré, Presidente da Guinée-Conakry, Ben Bela da Argélia, Ben Barka (Marocos), Gamal Abdel Nasser (Egipto), Ahmadou Ahidjo, dos Camarões, Mualimu Julius Kambarage Nyerere da Tanzânia, David Dako da República Centro-Africana (RCA), Maurice Yameogo do Alto Volta hoje Burkina Faso, o rei Mohamed V dos Marrocos e Modibo Keita do Mali.

 

Outro Bloco foi o Grupo de Monróvia (capital da Libéria) e era liderado por Félix  Houphouet Boigny da Côte d´Ivoire. Outras figuras importantes eram Tsiranana de Madagáscar, o abado Fulbert Youlou do Congo-Brazzaville, William Tubman da Libéria, Joseph Kasa-Vubu da RDCongo e Leopold Sedar Senghor do Senegal.


 
O grupo de Monróvia estava a favor da libertação de África, mas não apostava muito na luta armada, defendia o diálogo e a primazia para construir a Unidade Africana. O bloco de Monróvia era etiquetado na altura como Grupo de conservadores. Cada grupo, de Casablanca e de Monróvia, tinha alguns elementos positivos. O ponto positivo para o Grupo progressista (Bloco de Casablanca) é a maior contribuição na queda dos bastiões portugueses e dos redutos ingleses como a Federação da Rodésia (Rodésia do norte e do sul), que são hoje a Zâmbia e o Zimbabwe e o Malawi. Foi mais difícil a libertação da Rodésia do sul, Zimbabwe, que só foi nos anos 80, da Namíbia e o fim do Apartheid na África do sul.


Para o outro campo, o Grupo de Monróvia ou de conservadores, o factor positivo é a visão mais realista e eficiente para caminhar para a Unidade africana.

 

Dava primazia aos factores económicos como o Caminho-de-ferro de Benguela (CFB), os projectos de caminho de ferro único e de uma estrada única entre o Cabo e o Cairo no Egipto que serviriam para unificar os povos.

 


No meio, houve um certo número de líderes que se inclinavam para a aproximação dos dois campos, nomeadamente o Imperador Hailé Selassié da Etiópia, Tafa wa Balewa da Nigéria. Contava também a flexibilidade dos grandes lideres dos dois grupos, como Houphouet Boigny, Nkrumah, Sekou Touré, Nasser, Nyerere e Jomo Kenyata do Kenya.

 


Patrice Emery Lumumba, o primeiro-ministro da RDCongo, era Pana-fricanista. A guerra da RDC entre o Presidente Kasa-Vubu e o Primeiro-ministro Lumumba, era o ponto mais evidente da divisão dos dois blocos de lideres africanos. Os progressistas ou Bloco de Casablanca estavam do lado de Lumumba e os conservadores do grupo de Monróvia defendiam Kasa-Vubu. Holden Roberto trabalhou no Gabinete de Nkrumah como assistente, com o nome de Gilmore. Holden Roberto, Franz Fanon e o Camaronês Félix Moumié foram igualmente membros do Gabinete de Lumumba.

 

Africa

 

Quando Lumumba foi demitido das suas funções de primeiro-ministro congolês, Holden Roberto, alertado por Albert Ndele, na altura Governador do Banco congolês, fugiu de Léopoldville atravessando de canoa o rio Congo para Brazzaville com destino a Acra.A OUA (Organização da Unidade Africana) foi fundada em 1963.


Trinta e sete (37) chefes de Estados africanos participaram na fundação da Organização continental. Holden Roberto e Jonas Savimbi, presidente e Ministro dos Negócios estrangeiros do GRAE (Governo Revolucionário de Angola no Exílio – FNLA), respectivamente, foram os únicos angolanos que estiveram presentes na proclamação da OUA.

 

 O primeiro Secretário-geral da OUA (Organização da Unidade Africana) foi Dialo Telli, de nacionalidade de Guinée-Conakry. Sekou Touré que ficou com o medo da projecção internacional de Dialo Telli nos seus contactos com franceses e ingleses, medo de ameaçar o poder dele, o deteve e matou na prisão.

 

Por indicação do GRAE, Jonas Savimbi  era o Presidente do Comité de Libertação de África até a sua fuga da FNLA, tendo sido substituído ao carto pelo tanzaniano Hachim Mbita. Dar es-Salaam é a sede do referido Comité.