Windhoek -  As iniciativas diplomáticas de AGOSTINHO NETO, repartidas nas três etapas da sua vida terão se evidenciado , com as constantes missões que levavam-no  na busca da solidariedade internacional denunciando a opressão nas antigas  colônias portuguesas. A  segunda, é quando o mesmo  faz o uso de canais diplomáticos para o entendimento entre os três movimentos de libertação que os leva a discutir o acesso  a  Independência de Angoa. A terceira é marcada, quando  nas vestes de  Chefe de Estado, define o “princípio da reciprocidade de vantagens” nas relações internacionais.


Fonte: Club-k.net

De 1963 até 1975

A acção externa  de AGOSTINHO NETO são registradas a partir de 1963, quando se desloca a varias capitais em busca de apoio, começando por Washington, Rabat, Argel, Tunes, Bona, Londres, Paris e Roma, seguindo-se ao período que participa na conferencia constituída da OUA que tem lugar em Adis Abebas, um ano após o MPLA se ter apresentando na II conferência dos povos africanos em Tunes. Este seria também, o ano em que AGOSTINHO NETO esvaziaria parcialmente um “vexame diplomático” ao transferir a delegação do MPLA de Leopoldville para Brazaville, quando são expulsos. Nesta altura,  o Governo Revolucionário de Angola no Exílio (GRAE) da FNLA ganhar reconhecido pela OUA, Republica do Zaire e Argélia.

 

Nesta fase, NETO enfrenta no MPLA uma cisão que segundo uma carta de Deolinda Rodrigues datada de (29/09/63) indica que: “No plano internacional, alguns países estão confusos com os nossos distúrbios internos e o reconhecimento do GRAE sem o MPLA. É necessária uma grande campanha de informação”. Não tardou muito, NETO encabeçaria uma delegação do MPLA, que desloca-se a Dakar procurando explicações sobre as decisões da OUA favoráveis ao GRAE.


Decorre o período de 1964 a 69. A agenda de NETO é preenchida com varias deslocações em conferências internacionais procurando abordar os problemas das colónias africanas. Missões a China e Moscovo, antecediam a um itinerário marcado com a deslocação de uma delegação do MPLA, por si chefiada, para atender a 4 ª conferência de solidariedade Afro asiática que se realiza em Maio de 1965 no Gana. Quatro Meses depois, a delegação de NETO faria outro percurso, desta vez, pela Jugoslávia, Belgrado e por fim no Cairo onde assistem a reunião do “comité dos 3” da OUA que tem como missão reconciliar os movimentos de reconciliação Africana.


As suas investidas alcançam, nesta etapa, uma dinâmica que o permitem ter acesso, a nível de Chefe de Estados, Governos e a entidades que constituem autoridade moral na cena internacional. Na capital do Egipto, NETO é recebido pelo Presidente Abdel Nasser, em 1966. De volta ao Cairo em Dezembro do mesmo ano, entrevista-se com o Ministro da Informação Mohamed Fayek.

 

Em Maio de 1970, é recebido pelo imperador da Etiópia Selassie ao visitar a capital Adis Abebas. Dai desloca-se ao Cairo a convite do Governo Egípcio, seguindo para Lagos onde mantêm conversações com o ministro dos Negócios Estrangeiros Nigériano sobre fornecimento de armas. Nesse périplo, a Europa é também palco a ser conquistado ao visitar os países escandinavos, Dinamarca, Finlândia, Noruega e por fim a Suécia, onde é recebido pelo Primeiro-ministro Olof Palme. Os corredores da diplomacia pontifícia também foram importantes  para o líder do MPLA que de passagem a Itália, o Papa Paulo VI concede-lhe audiência no primeiro dia de Julho, no Vaticano de que faziam parte Marcelino dos Santos da FRELIMO e Amílcar Cabral do PAIGCV. Outro Estadista que também o recebe é o Presidente Amadoud Aidjon da Republica dos Camarões num momento em que um cidadão camarones seria eleito SG da OUA.


Reiterando a confiança que lhe é depositada, AGOSTINHO NETO participa numa conferência de alto nível dos países não alinhado e no final usa a palavra em representação de todas as organizações que lutam contra o colonialismo.

 

A partir de 1972, segue, portanto, a fase em que recorre aos canais diplomáticos para chegar em entendimento com os outros movimentos de libertação angolano, nomeadamente a FNLA de HOLDEN ROBERTO e a UNITA de JONAS SAVIMBI. Sob a égide de Marien Ngouabi, Presidente do Congo e na presença de Mobutu do Congo Kinshasa, NETO e HOLDEN procuram entendimento para a formação de um conselho supremo de libertação. O acordo não duraria muito tempo.


Passado dois anos, inicia conversações com JONAS SAVIMBI, precisamente na data que o MPLA completa 18 anos. De acordo com a declaração que ambos subscrevem, no Luso (hoje Moxico), o objectivo seria dar: “ênfase a busca de uma solução dos problemas da fase da actual descolonização”.


Por conseguinte, num clima mútuo de compreensão e perfeito entendimento, NETO, HOLDEN e SAVIMBI, encontram uma plataforma comum em vista as negociações com o governo português para a formação do governo de Transição que conduziria Angola a independência. O campo diplomático seria a cidade de Mombaça, no Kenya, sob a égide do Presidente Jomo Kenyatta que disponibiliza o palácio presidencial para as reuniões que ocorrem entre os dias 3,4, e 5 de Janeiro de 1975.

 


Na sequência do que fora acordado em Mombaça, os três deslocam-se a Portugal para subscrever, os acordos de Alvor, com os representantes do governo Português. Depoimentos atestam que o líder do MPLA havia sido o primeiro a encontrar-se com representantes do governo Português nomeadamente o Dr. Mário Soares com quem tem um encontro secreto a 2 de Maio de 1974 em Bruxelas e ainda com o diplomata Nunes Barata em Genebra. Antes desses encontros, NETO esteve no Canadá, mantendo contactos com a companhia petrolífera norte-americana Gulf Oil, em busca de apoio ocidental para o MPLA, precisamente por altura da revolução do 25 de Abril.

 

Fontes consultadas:

“A.Neto: uma vida sem tréguas”
carta de Deolinda Rodrigues datada de (29/09/63)