Luanda - O dirigente da juventude da UNITA, Nfuca Muzemba, foi detido no Largo Serpa Pinto, quando um pequeno grupo de arruaceiros cortava o trânsito e apedrejava viaturas da Polícia Nacional.
*Álvaro Domingos
Fonte: Jornal de Angola
Os braços que batem e escondem a mão
Estes desacatos foram cometidos porque 20 arguidos respondiam no Tribunal da Ingombota, acusados de ofensas corporais a sete agentes da autoridade e destruição de bens públicos. Aqueles que respondiam perante o juiz, a coberto de uma manifestação, no passado sábado, tiveram um comportamento que as autoridades consideraram ilegal e foram detidos.
O Ministério Público acusou-os e foram presentes a um juiz. Mesmo assim, o líder da juventude da UNITA,Nfuca Muzemba, foi ao Largo Serpa Pinto e instigou alguns jovens à “insurreição”.
A aventura acabou mal porque mais uma vez os agentes da autoridade tiveram que impor a lei e a ordem. Os manifestantes apedrejaram carros da polícia, cortaram o trânsito na zona e insultaram agentes da autoridade e figuras do Estado que têm de ser respeitadas em todas as circunstâncias.
O que se passou no Largo Serpa Pinto podia ficar pelas detenções e pelos gritos dos desordeiros, se Nfuca Muzemba não tivesse passado à acção directa. Um militante da UNITA cansado de guerra, escreveu nas páginas do Jornal de Angola que as teses da Juventude da UNITA apresentadas no seu último congresso eram perigosas porque a organização juvenil do maior partido da oposição incitava os militantes à insurreição nas ruas, nos locais de trabalho e nas repartições públicas. Justo Justino, nesse artigo, pedia mesmo aos “mais velhos” dirigentes da UNITA para puxarem as orelhas a um jovem que estava fora da ordem demcorática e queria atentar contra a paz.
Recordo que nessa altura figuras de proa da UNITA vieram dizer que as teses da JURA nada significavam e que Nfuca Muzemba era um democrata em estado puro.
Os acontecimentos da Praça da Independência no passado sábado e os desordeiros que foram para o Largo Serpa Pinto mostram que as teses da juventude da UNITA tinham razão de ser e a prova é que o próprio Nfuca Muzemba aparece a comandar as operações dos apedrejamentos às autoridades e os insultos às figuras do Estado.
Angola é um país onde a democracia está enraizada e não éNfuca Muzemba e meia dúzia de desordeiros que vão perturbar a ordem democrática. Nem os mais velhos da direcção da UNITA iam permitir isso, porque precisam dos salários e das mordomias de deputados mais os fundos públicos que enchem os cofres do partido. Mas é preciso enviar uma mensagem clara àsa tropas de choque de Nfuca Muzemba: os angolanos não vão tolerar que, seja quem for, ponha em causa a paz e a ordem pú blica, ou meia dúzia de garotos armados em políticos ande a insultar o Presidente da República, para as câmaras e microfones de órgãos de informação estrangeiros, que querem fazer ninho nas nossas praças, para ver se os seus países conseguem roubar os nossos fundos soberanos e o nosso petróleo.
No meu comentário defintivo também quero manifestar estranheza por haver sempre uma jornalista de um jornal de referência que vai presa sempre que há desordem pública. Os seus chefes têm que lhe explicar que os jornalistas são pagos para noticiar e reportar e não para fazerem arruaça e desordens na via pública.
Por fim o meu comentário definitivo vai para aqueles que consideram “desproporcionada” a actuação da polícia e não vi qualquer comentário deles à actuação da polícia na Grécia ou em Londres, durante recentes manifestações. Em Inglaterra foram presos milhares de jovens e muitos foram parar à cadeia. Os estabelecimentos prisionais estão a abarrotar e já não cabe lá mais ninguém.
Um Tribunal de Londres condenou uma criança de 12 anos porque nas manifestações de protesto em Tottenham roubou um recipiente do lixo.
As câmaras e os microfones dos caçadores de petróleo e fundos soberanos podem virar-se para Inglaterra onde as cadeias estão cheias de manifestantes julgados e condenados. Em Luanda foram presos 20 e o mundo está preocupado com a democracia.
Isto seria ridículo se não configurasse uma manobra para destabilizar o nosso país, com o apoio aberto de “jornalistas” que são muito independentes e muito rigorosos, mas escondem com escritos titubeantes os seus pecados e não são poucos.
Há jornalistas que recebem fortunas do Estado e depois dizem que os outros são corruptos. Há deputados que ao mesmo tempo são directores de órgãos de informação e recebem do Estado pelos dois lados. Depois os outros é que estão a mais e são corruptos.
Há jornalistas que estão ao mesmo tempo à frente de jornais privados e são administradores de empresas públicas. Esses mesmos dizem que em Angola só há corruptos.
Mesmo que se estejam a ver ao espelho, mais valia comerem, beberem, gastarem e calarem. Mas preferem fazer um papel que lhes fica mal e tentam vestir um fato onde nunca couberam. Há jornalistas que são comentadores políticos e deixam de sê-lo no dia em que o Estado os senta à mesa do Orçamento.
E por fim há os que gritam muito, vão a todas as manifestações e entram em todas as conspirações para ver se alguém lhes paga ou se lhes reforçam as avenças e mordomias principescas.
Neste quadro até se compreendem comentários provisórios e artigos onde se defende no início uma coisa e no fim o seu contrário. O hábito de servir deus senhores ao mesmo tempo é conhecido desde o Império Romano e vem desses tempos a prática de cuspir no prato onde os amos dão de comer aos seus serventuários. Mas ontem como hoje, essa é uma prática que revela má educação e é um exercício de baixeza moral que não se coaduna com pessoas que tão alto subiram na sociedade angolana, à custa da mistificação e o embuste.