Luanda -  1 – Definição e caracterização da palavra sulano no léxico político de Angola


Fonte: UNITA


- Nós os sulanos do norte;
- Nós os sulanos do leste;
- Nós os sulanos do sul;
- Nós os sulanos negros;
- Nós os sulanos brancos;
- Nós os sulanos mestiços.


Sulano em Angola não significa originário do Sul de Angola.Para os seus proponentes(os crioulos),sulano significa angolano de segunda classe, do norte ou do sul, do leste ou do oeste, negro, branco ou mestiço. Por isso, nós os sulanos, voltamos a reiterar que Angola é una e indivisível. Angola dos nossos antepassados precisa a cidadania inclusiva, o Estado de Direito e Democrático e não Angola onde uns são sulanos e outros cidadãos (porque são de origem santomense, caboverdiana ou Judia).

 

Os acontecimentos na Assembleia Nacional de Angola, são o colorário de um regime atípico. Não se pode dizer o que disseram e sem consequências. Não se diz o que disseram e logo a seguir o presidente da República ir para o Huambo e instigar a intolerância e todos nós (professores, doutores, bispos, pastores, estudantes, populares) aplaudirmos, julgando estarmos num regime sério.

 

Angola é terra dos autóctones tratados por Portugal como indígenas escravos, atrasados e hoje por crioulos como sulanos. Afinal, Angola desejada não existe. Angola de todos nós não existe. Existe sim Angola dos sucessores dos portugueses.

 

Até que em fim, porque para os que não queriam ver nem ouvir, não só viram a máscara a cair como também perceberam o nome do mascarado; o crioulo. Esse mascarado que por várias vezes se tentou passar por alienígena escondido nos povos de Luanda, Bengo, Katete, Kwanza Norte ou Malanje. Porque para os mais avisados sabiam bem quem era o mascarado já havia deixado bem visível o seu rasto aquando do 27 de Maio com Nito Alves e seus correligionários a serem passados a ferro e fogo por alertarem os militantes do seu partido sobre os efeitos perníciosos que representava o crioulo; e não foram necessários muitos anos e aí está toda verdade. Naquela altura, os intelectuais autóctones de Malanje foram os que mais sofreram com o 27 de Maio. A máscara não só caiu como o mascarado deixou o nome. Não será esta a razão da permanente conflitualidade no país?

 

2 – A razão da permanente conflitualidade em Angola

 

Desde os tempos da resistência ao colonialismo português que o MPLA procurou encontrar um bode expiatório para melhor se esconder a si como alienígena e aos problemas por si criados. Primeiro foi com a UPA FNLA a quem fizeram de antropófagos (gente que come gente), de Congolenses a quem dizimaram na sexta-feira sangrenta. Passaram-se para os Nitistas a quem trataram de golpistas julgados por um tribunal revolucionário de crioulos. Enfraquecida a FNLA, hoje o inimigo a abater é a UNITA e este sinal foi dado em 1992 com o genocídio crioulo, a militantes da UNITA, com o assassinato do Presidente eleito Dr. Jonas Malheiro Savimbi, com a fraude eleitoral em 2008 e a Constituição atípica.

 

E esta vontade persecutória de acabar com a UNITA continua. Esta vontade dos crioulos de quererem neocolonizar Angola, tem estado na base dessa permanente conflitualidade. Vejamos, no Estado Angolano o povo e o governo são dois corpos estranhos porque um é autóctone e outro é crioulo que teima em não se africanizar e distante de buscar igualdade e fraternidade, optando pela estratégia de formação dos autóctones em seus assimilados, os assimilados dos crioulos enquadrados nos comités de especialidade.

 

Num Estado a harmonia depende da ausência de factos estranhos na relação povo/governo. Foi assim com os portugueses e será assim com os crioulos enquanto persistirem ser diferentes dos outros. Os crioulos são a razão de todos os conflitos. São responsáveis pela longa guerra que Angola viveu. São responsáveis pelos genocídios sobre os Kimbumdos no 27 de Maio, pelos Bakongos na sexta-feira sangrenta, pelos Umbumdos no genocídio crioulo de 1992 e pela permanente matança dos Kiokos pelo controle abusivo de territórios diamantíferos.

 

3 – Lições que o MPLA não aproveitou ao estruturar a sua estratégia de governação

 

Derrotado o colonialismo, o MPLA preocupou-se exclusivamente em sucedê-los com ajuda dos portugueses do novo regime. Esqueceu-se dos factos que são coisas teimosas. O MPLA especizinhou os princípios e escolheu-se a si próprio, cegando o povo com demagogia.

 


Que princípios estratégicos o MPLA desrespeitou:

 

Ø O princípio baseado nos actores: Reconhecimento da heterogeneidade dos interesses, e visões dos actores de determinado país.


Ø O princípio baseado no território: Reconhecimento do território como comunidade especial de análise, modelado pelas relações sociais e históricas que se produzem entre actores e território.


Ø O princípio baseado na dinâmica: Compreensão e aprendizagem da complexidade de um ambiente em constante mudança para apoiar os modelos positivos e ajudar a mitigar os padrões negativos.


Ø O princípio sistemático: Suposição da complexidade de um contexto territorial e as interdependências dentre ente territórios.


Ø O princípio multi-sectorial: Integração das dimensões sociais, económicas, politicas e culturais da visão que têm os actores de determinado país.
Ø O princípio multi-nível: Integração dos diferentes níveis e escalas territoriais de um país no sistema de governo.


Ø Princípio participativo e negociado: Consideração do país como uma arena de negociação permanente para se reforçar o diálogo e a confiança mútua, e aumentar-se o poder de negociação.

 

Isto é o que devia ter sido feito, mas o caminho escolhido foi da revolução crioula impondo a sua supremacia no Estado e no governo. Hoje, o autóctone assimilado é assimilado dos crioulos, os tribunais e os Juizes são dos crioulos, os generais e comissários importantes na polícia são crioulos e as promoções na hierarquia do Estado e do governo ficaram assim orientadas. Os melhores empregos são dos crioulos. Os ministérios estratégicos e o controle do dinheiro é crioulo. Os roubos avultados são crioulos e sem consequências. Os que vão parar as cadeias por pequenos roubos são os assimilados dos crioulos e o angolano de segunda.

Hoje para os crioulos o que está em causa é a defesa da sua revolução iniciada nos séculos XVIII, a de neocolonização de Angola.


4 – Caracterização do momento actual


Quem viola a constituição é José Eduardo dos Santos o chefe da revolução Crioula. Quem defende a constituição são os angolanos de segunda, através dos manifestantes.

 


Parabéns a juventude angolana que conseguiu atrapalhar o jogo de José Eduardo dos Santos. Parabéns aos jovens da nossa terra que ainda hoje continuam a ser humilhados nas cadeias pelos crioulos que nos negam todos os direitos constitucionalmente consagrados.

 

A derrota democrática de José Eduardo dos Santos já começou, vejam só o dizem os seus mandatários, nem propostas têm senão os de corromper como é seu costume. Aqui senhor José Eduardo dos Santos há valores, podem comprar doutores, bispos, pastores e outros assimilados, mas nunca a gente simples do povo, a quem sempre pesou na história da humanidade as lutas pelas mudanças.

 

Os que governam mal e roubam o erário público são os crioulos chefiados por José Eduardo dos Santos. O tempo da UNITA servir de muleta para os erros do MPLA acabou. Agora, o momento é do MPLA e José Eduardo dos Santos entenderem-se com o povo. Nós como cidadãs sentimo-nos regozijados por termos participado activamente desta missão de consciencialização dos angolanos espoliados, descriminados e humilhados.

 

É mentira quando evocam guerras e golpes. O MPLA sabe que deste truque já milhares de angolanos foram dizimados. Foi assim com Nito Alves, foi assim em 1992, foi assim com Miala, querem mais… este tempo já passou porque de futuro tudo terá o seu peso dentro e fora do país.


O MPLA sempre atribuiu aos outros o que ele é ou faz.

 


Persistem em dizer que a UNITA é criação dos portugueses, quando na verdade são os crioulos a criação de Portugal. Hoje mentem que a estratégia das manifestações visa o adiamento das eleições, quando são eles que dizem aos embaixadores que vão adiar as eleições em 2012, evocando subterfúgios incompreensíveis.

 

O povo só está a pedir um verdadeiro Estado de Direito e Democrático, onde José Eduardo dos Santos saí por ter legalizado a corrupção (ver na CRA) e teimar em não fazer-se uma auditoria externa credível para posteriormente fazer-se a amnistia sobre estes crimes. Por estar a governar a mais de 32 anos e transformar o Estado como se de seu feudo se tratasse.

 

Aqueles que hoje gritam ou escrevem para mobilizar as pessoas para o linchamento de políticos sérios saibam que este tempo já passou. O seu tempo chegou ao fim e nós já iniciamos a construir outra Angola a partir das cadeias, a partir das vítimas que ainda persistem em fazer, a partir de Partidos políticos sérios e não fantoches dos crioulos, a partir da sociedade civil credível que não se deixou vender, a partir da mobilização dos angolanos para as eleições que deverão ser preparadas pela Comissão Nacional Independente com todas as competências, sendo o ponto crítico entre os crioulos que violam a CRA e o povo que a defende. Este será mesmo o ponto crítico que nos levará para as manifestações de viragem democrática que tem no centro da sua estratégia Angola mais unida, Angola como Estado de Direito e Democrático. Angola sem descriminação, racismo ou tribalismo.

 


Angola sem ódio. Angola de justiça social onde não é necessário ser mais claro ou menos escuro. Angola de paz e concórdia.

 

José Eduardo dos Santos acabou, o seu regime terminou e as prisões que ainda fábrica são os seus últimos sinais de desespero em salvar o que não existe. Não fuja porque nunca será humilhado como o faz hoje aos angolanos. Deus abençoe a juventude angolana a quem hoje recai a parte mais difícil desta mudança.


Abílio Kamalata Numa