Luanda - Os jovens organizadores da manifestação do próximo domingo em Angola informaram as autoridades de Luanda da sua intenção, e garantem que vão manter o percurso, não autorizado, entre o cemitério de Santa Ana e o Largo da Independência.
Fonte: Lusa
Os jovens organizadores da manifestação do próximo domingo em Angola informaram as autoridades de Luanda da sua intenção, e garantem que vão manter o percurso, não autorizado, entre o cemitério de Santa Ana e o Largo da Independência.Fonte da organização contactada pela Agência Lusa, que não quis ser identificado por razões de segurança, explicou que os organizadores da nova manifestação, prevista para domingo em Luanda, informaram o Governo provincial e a Polícia Nacional da sua intenção, através de uma carta que foi entregue na terça-feira, e à qual a Lusa teve acesso.
A "marcha pacífica" que os jovens pretendem levar a cabo tem como objetivo exigir a liberdade dos jovens que foram detidos na manifestação de 03 de setembro contra o Presidente José Eduardo dos Santos, e exigir a "democratização de Angola".
Mais de duas dezenas de jovens foram detidos durante essa manifestação. Dos 21 que foram julgados, 18 foram condenados a penas entre os 45 e os 90 dias de prisão efetiva. Outros 27 jovens que haviam sido detidos no dia 08 quando apoiavam os que estavam a ser julgados foram todos absolvidos.
O jovem ligado à organização explicou à Lusa que, apesar da proibição do Governo provincial -- que emitiu esta semana uma circular com novos espaços para a realização de manifestações -- a marcha de domingo vai decorrer "entre o cemitério de Santa Ana e o Largo da Independência", isto porque "a delimitação dos espaços onde podem ou não ser realizadas manifestações não está prevista na Constituição".
Devido aquelas limitações, o percurso da marcha popular de apoio ao Presidente angolano, marcada para este sábado, também na capital angolana, teve de ser alterada, lembrou na quinta-feira o primeiro secretário provincial de Luanda do MPLA, Bento Bento.
"O MPLA quer delimitar os espaços, mas a Constituição não prevê nada disso. É por isso que nós os jovens, os familiares e amigos dos manifestantes detidos e os membros da sociedade civil não vamos abdicar do percurso que já tínhamos definido", contrapôs o jovem.
Na missiva, datada de 20 de setembro, e dirigida ao governador provincial de Luanda, os jovens precisam que a iniciativa vai decorrer sob o lema "Liberdade dos Manifestantes presos no passado dia 03" e vai começar às 09:00 locais (mesma hora em Lisboa).
"Solicitamos a V. Exa. que se digne tomar as providências necessárias para que a manifestação decorra sem interrupções nem perturbações ao livre exercício deste direito constitucionalmente consagrado", lê-se no documento dirigida ao governador provincial, mas que, segundo outras fontes da organização contactadas pela Lusa, também foi entregue à Polícia Nacional de Angola.
Os organizadores da iniciativa de domingo lembram que o artigo 47 da Constituição garante a "todos os cidadãos aliberdade de reunião e de manifestação pacífica e sem armas, sem necessidade de qualquer autorização e nos termos da Lei".
Se o governador "entender necessário e justificado, deve tomar também as providencias necessárias para que estejam presentes representantes ou agentes da ordem pública conforme consta do Artigo 31/2 da lei constitucional 'O Estado respeita e protege a pessoa e dignidade humana'", acrescentam.