Lisboa -  Muito mal vai um partido, principalmente quando é reconhecido como o líder da Oposição, decide punir disciplinarmente algum dos seus militantes por razões de distanciamento da linha oficial do Partido.


Fonte: elcalmeida.net


E muito pior é quando o(s) visado(s) é (são) algum dos principais eventuais candidatos à natural sucessão interna do partido.

 

Pois isso parece que aconteceu com um dos mais reputados e reconhecidos militante da UNITA e putativo candidato a dirimir a liderança do ainda maior partido da Oposição (será que ela existe mesmo) ao MPLA, Abel Chivukuvuku.

 

Mas segundo parece não foi só Chivukuvuku o único visado pelo Conselho de Disciplina, o Conselho Nacional de Jurisdição da UNITA. Também militantes históricos como Samuel Chiwale, Paulo Lukamba Gato, Carlos Morgado ou Rafael Aguiar foram alvo de um processo disciplinar por apoiarem ou subscreverem o manifesto de um chamado “Grupo de Reflexão” que se formou dentro da UNITA para debater questões internas da orgânica do Partido.

 

Ora, segundo parece, é de mau-tom a existência de militantes que não comunguem das ideias da liderança exercida por Isaías Samakuva, que já deveria ter convocado, há um certo tempo, o Conselho Nacional para eleições internas, que conduziria ao nome do futuro candidato da UNITA às eleições legislativas e presidenciais.

 

Recordemos que o líder do partido mais votado indica o nome do futuro presidente de Angola, de acordo com a Constituição de Fevereiro de 2010.


Mais se estranha que Abel Chivukuvuku, um potencial candidato e melhor colocado para disputar com Eduardo dos Santos a presidência angolana tenha sido suspenso por 45 dias, precisamente, o tempo necessário para não se poder candidatar contra Samakuva.

 

A UNITA com esta tomada de posição está a praticar tudo aquilo que se vem combatendo aos seus opositores a Censura ou o Unanimismo político.

 

Samakuva ao acolher – e aceitar – esta tomada de posição dos órgãos disciplinares do Partido só está dar argumentos aos seus opositores e coarctar a liberdade de opinião dentro do Partido.

 

Bom, algo que já há muito também me habituei, resignadamente, a registar…
24/Set./2011


*Investigador e Analista político
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