Luanda -   Angola já foi um país ocupado por forças estrangeiras. O povo angolano já foi humilhado até à servidão. Angola teve uma longa guerra e o país ficou destruído. A paz veio para ficar e ninguém quer mais todo esse tempo de intranquilidade e incerteza.Mas se por hipótese hoje Angola fosse a Líbia, o país estava novamente a atravessar um período de grande instabilidade e perturbação. Mas como o tempo não recua, Luanda é uma cidade livre e Tripoli está a ser palco de confrontos fratricidas entre líbios.


Fonte: JA


Se Angola fosse a Líbia, estava a ser cercada militarmente e bombardeada por uma aliança militar e submetida a todos os outros membros dessa organização bélica, que tinham escolhido para presidente de um qualquer CNT um “rapper” com nome de oxigénio, devidamente ajudado por outro com apelido de marechal.

 

Em vez de uma reunião de doadores, como foi prometido aos angolanos, na conferência dos “amigos de Angola” em Paris ou Lisboa, Angola era representada pelos membros da sociedade civil que habitualmente são recebidos nas embaixadas.

 

As associações cívicas e patrióticas angolanas constituídas por milhares de jovens e mulheres que dão o melhor de si para o engrandecimento do país, eram consideradas “bajuladoras” e aliadas do “antigo regime”. Quando nessa conferência de “amigos de Angola” os países da aliança militar decidissem que aos amigos das embaixadas davam dez por cento dos fundos soberanos angolanos, eles, muito humildes, haviam de dizer que essa comissão era muito alta e faziam o trabalhinho por cinco por cento.

 

Se Angola fosse a Líbia, a esta hora as grandes petrolíferas estrangeiras estavam a roubar milhões de barris de petróleo por dia de Angola, antes que a resistência dos angolanos os impedisse de continuar o roubo. E os aviões da aliança, com a carta branca da Organização das Nações Unidas, estavam a despejar bombas sobre as nossas cidades, para proteger os civis do CNT.

 

Se assim fosse, ontem mesmo teriam caído muitas bombas sobre o Rocha Pinto e os caixões ficariam esgotados nas agências funerárias, se alguém ainda quisesse continuar a ter esse negócio como rentável. Nem se poderia fazer o óbito aos milhares de vítimas dos bombardeamentos da aliança militar e dos combates entre irmãos que tinham voltado ao ódio e à vingança entre si.


Se Angola fosse a Líbia não havia partidos políticos nem liberdade de imprensa e muito menos eleições democráticas. A bela Constituição da República de Angola era rasgada na Praça da Independência, donde já tinham tirado o monumento a Agostinho Neto, aos gritos e com raiva para as câmaras de televisão mundiais repetirem de hora a hora de maneira interminável.

 

Se Angola fosse a Líbia este jornal não circulava e os seus jornalistas não se atreveriam a escrever estas verdades porque eram logo massacrados como estão a massacrar os negros em Tripoli e outras cidades líbias “libertadas” pela aliança militar.

 

Felizmente, o tempo não volta para trás e os angolanos acreditam no seu projecto de paz e reconciliação nacional conseguido com muito sacrifício, depois de tanto tempo de sofrimento e de terem dito basta.

 

Angola vive em tranquilidade, ainda que preocupada e empenhada em curar as feridas da guerra e melhorar as condições de vida. A paz, que conquistámos há nove anos, tem de continuar para sempre.

 

Se Angola fosse a Líbia, estávamos de novo a sofrer as investidas militares de regimes estrangeiros aliados a uma frente de oportunistas e intriguistas que procuram ignorar quem combateu e deu tudo pela concórdia e harmonia entre os angolanos.

 

Os camponeses tinham de abandonar as suas lavras e as suas aldeias. As mães voltavam a chorar os seus filhos. Os piolhos voltavam a crescer nos que preferiam ir para a mata, em vez de serem verdadeiros políticos, fazendo política no parlamento.

 

Se Angola fosse a Líbia estavam novamente as famílias angolanas sem possibilidade de casar os seus filhos e preocupadas em os mandar para fora do país. Os alunos sem aulas e os empresários a perder o dinheiro investido.


Por isso, estamos certos de que nenhum político angolanodigno desse nome, nenhum verdadeiro patriota, e até aqueles que agitaram no Andulo os ex-militares e apelaram à desobediência civil e à desordem pública, vai voltar a comparar o nosso país e os nossos governantes à Líbia e aos governantes líbios, para que os aviões da aliança militar voltem a entregar a pátria angolana libertada aos senhores do antigamente ou a manchar a terra angolana de tanta desgraça.