Lisboa - As freqüentes saídas privadas do Director-Geral do Serviço de Inteligência Externa (SIE), João Oliveira Sango é ventilada, em círculos restritos do regime como decorrência de um desconforto relacionado com o aparelho digestivo levando-o a sujeitar-se a um tratamento médico no exterior do país. A mais recente partida privada, ao estrangeiro fe-lo, na companhia da esposa, Conceição Sango ao qual foi lhe verificado uma inflamação do epitélio estomacal.
Fonte: Club-k.net
Conspirações internas no regime
Os episódios de supostos envenenamentos na política angolana é tido como resultado de conspirações ou convulsões de desentendidos grupos internos no regime. Em Fevereiro de 2000 teria falecido de morte súbita, em Bruxelas, como embaixador, um ex- Conselheiro Especial do Presidente para os Assuntos Políticos, Eduardo Pinnock. A tragédia aconteceria uma semana antes em que estava previsto entregar as cartas credencias ao rei da Bélgica e um dia antes da sua morte, recebeu no hotel Atlanta de Bruxelas, a visita de duas conhecidas altas patentes do regime (nomes propositadamente ocultados). Porém, a forma como morreu caído, a sangrar pelos ouvidos e orelhas levou com que o médico que assistiu o cadáver suspeitasse de que teria ingerido uma substancia radioativa com conseqüência virulenta. Para dar sustento, nas suas suspeitas, o profissional teria dito na altura que a única forma de se saber o que aconteceu seria abrir o estomago do mesmo para provar o tipo de substância que havia do organismo do malogrado. A rejeição por parte das autoridades angolanas em não se fazer autopsia deixou na altura deduções em torno do desfecho do assunto.
Casos de envenenamentos em figuras de menor escalão, terão acontecido nas estruturas militares, diplomáticas e inteligência. Há menos de cinco anos atrás, o então Porta-Voz do MIREX, João Pedro teria sido evacuado para a Suécia e logo a seguir circulou que era, em conseqüência de um envenenamento. Ao mesmo tempo apresentou-se como suspeita da acção, uma funcionaria do ministério identificada por São. Apos a recuperação, João Pedro desligou-se da diplomacia estando agora a trabalhar no Presild.
Ainda nas missões diplomáticas, há também o caso de um antigo diplomata angolano em Roma, que acabaria por sucumbir misteriosamente após ter saído de um restaurante naquela cidade. A tese de envenenamento foi a que mais prevaleceu embora nunca foi provado.
O musico Brigadeiro 10 Pacotes, queixa-se de ter estado num quadro idêntico. Depois de ter estado sob custodia de quatro altos oficias do Serviço de Inteligência Militar, (General Filó, Brigadeiro Duda, Brigadeiro Neto, General Nelito), foi-lhe diagnosticado, por médicos namibianos, problemas respiratórios provocados pela a ingestão de alguma substância imprópria para o organismo. Desde então passou a estar com serios problemas de saúde levando-o a escrever uma musica considerada ofensiva contra o regime.
Muito recentemente, as autoridades foram acusadas de pretensões idênticas contra o grupo de jovens que se manifestaram no passado dia 3 de Setembro em Luanda. A evidencia foi apoiada em condutas anormais como obrigá-los a comer apenas a comida da cadeia (Há cerca de uma semana que as autoridades aceitam que recebam comida dos familiares). No sentido de descartar a hipótese, o Vice-Ministro do Interior para os Serviços Penitenciários e Prisionais, deslocou-se a 30 de Setembro, a cadeia de Viana para comer com os prisioneiros.
As praticas de envenenamento denotam desconhecer excepções levando com que todos os escalões do regime adotem medidas de prevenção. O presidente José Eduardo dos Santos, na sua forma de proceder mostra-se bastante atento e preventivo a eventuais ratoeiras. Sempre que pretende ir em tratamento médico, para o exterior ou quando efectua uma visita oficial ao estrangeiro, vai primeiro ao hospital para ser visto pelo seu médico e quando regressa faz o mesmo. Não come em qualquer local nem mesmo nos círculos familiares. Quando vai a uma festa fora de casa, leva consigo uma caixa térmica com o seu gelo e o respectivo refresco. As sobremesas, em casa, quando compradas em pastelarias em Luanda, passam antes por um detector de acidez, e são antes provadas por uma empregada pessoal.
Reagindo ao caso especial de Oliveira Sango, uma personalidade da diáspora angolana que serviu o regime na década de oitenta comentou o assunto dizendo que: “O encobrimento do seu envenenamento é destinado a manter a idéia da unidade dentro do regime e evitar o embaraço do Chefe do serviço de inteligência por não ter capacidade sequer de controlar o que come e o que bebe nos círculos mais fechados do poder”
“Tenho a certeza que este caso está a ser comentado, em círculos restritos, como mais uma prova do impressionante nível de incompetência dos principais órgãos do regime em controlar as dissensões internas. Cada vez mais tem de depender de assessoria externa para manter um nível de funcionalidade capaz de passar a idéia de se manter forte e capaz de manter o país sob seu controlo efectivo. Todavia, os assessores estrangeiros não se sujeitam a ser provadores de comida das altas figuras do regime”, concluiu a fonte, sujeitando a condição de anonimato.
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