É a segunda vez, depois das eleições de 1992, quando foi eleita deputada, que Anália Pereira corre para chefiar o governo de Angola, estando no topo da lista do seu partido. Sua vida política remonta a 1975, ano em que saiu do país numa clara “demonstração de descontentamento” com o rumo que Angola levava no período a independência.

Anália de Vitória Pereira é, ainda hoje, conhecida por muitos angolanos apenas por "Mamã Coragem", apelido que obteve por ser, nos anos 90, a única mulher da África líder de um partido político e por concorrer às eleições legislativas e presidenciais de Angola.

Em setembro de 1975, dois meses antes da independência de Angola, Anália de Vitória Pereira partiu para Lisboa e levou sua família porque não pensava em regressar tão cedo. Já em Portugal, ajudou a criar a Liga de Apoio aos Refugiados Angolanos (Lara), cuja atividade influenciou a criação do estatuto de refugiados políticos, aprovado em Portugal em 1980 e que, segundo Anália Pereira, "até hoje beneficia vários angolanos residentes em Portugal".

Em 1983, a política angolana fundou, em Lisboa, o PLD, com seu falecido marido, Carlos Simeão, também político e primeiro líder da força política. A morte de Simeão nunca foi esclarecida.

Depois de 16 anos no exílio, Anália de Vitória Pereira regressou a Angola em 1991, legalizando o PLD e concorrendo nas primeiras eleições pós-independência, em setembro de 1992. O partido conseguiu três assentos parlamentares e a pasta de vice-ministro da Educação para o Ensino Especial, cargo ocupado pela única filha da candidata, Alexandra Simeão.

Com família oriunda do sul de Angola, a presidente do PLD é "acidentalmente" natural de Luanda e completa 67 anos em 3 de outubro. Tem três netos e um “filho de criação”, que também é filiado ao partido e candidato a deputado.Anália Pereira diz que a política é sua vida e nela pretende continuar “até quando puder”. Neste momento, seu principal objetivo é angariar mais votos do que os de 1992, para a obtenção de uma bancada “mais consistente”.

Para depois de 5 de setembro, o PLD pretende ter “pessoas capazes de analisar os problemas que afligem a população” e de “apresentar alternativas credíveis” para o apoio aos cidadãos, que “carecem de ajuda substantiva”.

Justificando o apelido de "Mamã Coragem", Anália Pereira se sobressai por suas intervenções críticas no Parlamento e garante que vai “manter a postura de mulher atenta e sem medo”.

Fonte: Lusa