Luanda - A liderança política de José Eduardo dos Santos (JES) entrou numa “linha de enfraquecimento” que meios com apurada capacidade de análise consideram “irreversível” – ilação com base na qual passaram a ser admitidos cenários próximos de evolução da situação em Angola como uma retirada de JES – voluntária ou sob pressão de “acontecimentos extraordinários”.


Fonte: Africamonitor.net

 

A “principal evidência” do enfraquecimento de JES é o estado de “isolamento” em que se encontra no próprio regime do MPLA – em especial no aparelho do partido. Entre dirigentes partidários e figuras de primeiro plano do regime são correntes desabafos e tomadas de posição de sentido crítico ou pelo menos neutro em relação a JES. O respeito que JES antes infundia entre eles erodiu; supostamente, a lealdade também se está a esbater.

 

 Os dirigentes políticos que ainda se solidarizam publicamente com JES são escassos e nenhum tem prestígio político ou notoriedade positiva – o que também o desfavorece. Como “consequência natural” do isolamento político de JES conjectura-se que a sua autoridade para garantir a coesão do regime estará diminuída. As clivagens no establishment têm prolongamentos em instituições como as FA. Na Polícia há tensões geradas por uma subliminar entrada na corporação de indivíduos provindos do Sinse (ex-Sinfo), que na mesma têm um papel considerado de “vigilância”.

 

Entre os factores enunciados para ilustrar a “irreversibilidade” do processo de enfraquecimento de JES entrou, avulta o clima de contestação social e política à sua liderança e à sua pessoa que se considera estar a alastrar, apesar de medidas de dissuasão e coacção para o sufocar.

 

Estima-se que esta realidade, a que não são estranhos aspectos da actual política internacional, tenda também a começar a influenciar a posição de países parceiros de Angola.